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Entrevista ao Jornal Portugal Columbófilo - II 09-02-2010

 

PORTUGAL COLUMBÓFILO

QUESTIONÁRIO SOBRE PROCESSO ELEITORAL

1 – É voz corrente que, a columbofilia portuguesa atravessa um período de grave crise, resultante de politicas menos conseguidas por parte da actual estrutura dirigente. Aliás, tal facto, é notório com o aparecimento de múltiplas candidaturas ao cargo de Presidente federativo, sinal de que as coisas estarão menos bem. Esta sua candidatura é resultante deste tipo de preocupação, ou terá outros justificativos?

A minha candidatura resulta da insatisfação generalizada e porque sinto que eu e a minha futura equipa tem capacidade para ir ao encontro das necessidades apregoadas pela grande maioria dos insatisfeitos, sendo focada, principalmente, na defesa intransigente das leis e regulamentos e na defesa do pombo-correio, nomeadamente nas condições das soltas e na qualidade do transporte. Este facto tem sido, ao longo dos anos, referenciado por mim em diversas reuniões na FPC, nunca foi alterado o que quer que seja. Acidentes sempre existiram e, porventura, continuarão a existir. Acidentes negligentes não podem acontecer! Pretendo responsabilidade, transparência, inovação e dedicação em todas as áreas.

2 - No caso de vir a ser eleito para o cargo de Presidente da Federação, quais serão as primeiras medidas que adoptará nos campos administrativo, financeiro e desportivo, para dar um sinal forte e inequívoco de mudança?

Muito sucintamente o que deveria ser feito:

No campo administrativo: Fazer com tudo funcione sem depender de pessoas imprescindíveis. As organizações devem ser “vivas” e não depender de ninguém. Elas são superiores às pessoas. Tornar as exposições nacionais em actos cheios de simbolismo, organizados pela FPC e sempre no mesmo local. Certificar coordenadores e delegados de solta. Abrir a porta aos privados, mediante determinadas condições. (ver programa eleitoral).

No campo financeiro: dar maior clarividência às receitas e às despesas, acabar com os arranjos contabilísticos de gabinetes que não existem e torná-las públicas no site da FPC.

No campo desportivo: Regulamentar as condições de transporte e soltas de pombos-correio; criar um campeonato nacional de colubódromos; alterar o RDN de modo a ser mais justo na quantidade de envio de pombos a competir em campeonatos da FPC e fomentar a criação de equipas, por distrito, para assistirem a soltas, encestamentos, vacinações etc.. Penso que o programa eleitoral poderá especificar mais em alguns pontos em particular.

3 – O Actual titular do cargo da presidência federativa, afirmou publicamente que se candidata face á necessidade de assegurar uma transição do quadro legal que nos rege, sem o sobressalto que poderá resultar na eventualidade de um novo titular do cargo sem experiência que a mudança recomenda, concluindo que com ele não há lugar ao salto para o escuro. Que comentário lhe merece estas afirmações?

O actual presidente da FPC, com esta afirmação, passou um certificado de incompetência aos restantes candidatos. Mas a vida é o que é e cada um vale o que vale. Penso que, acima de tudo, qualquer dos candidatos quer o melhor para a columbofilia nacional e que ganhe quem ganhar terá uma tarefa bastante árdua pela frente pois a insatisfação, gerada nos últimos anos, atingiu o valor máximo e as expectativas por novas mudanças levam a um grande trabalho e dedicação à causa columbófila. Os candidatos devem pensar e transmitir união dos columbófilos e associações e não consensos assentes em interesses locais. O interesse columbófilo nacional está acima de tudo isto. Deixemo-nos de defender interesses pessoais, comerciais ou dos seus apoiantes e defenda-se o pombo e o columbófilo porque estes são a essência da columbofilia. Contrariamente à afirmação do actual presidente, se eu ganhar, posso garantir a todos os columbófilos, que o salto não será para o escuro mas sim para a Luz.

4 – Existem defensores da profissionalização total ou parcial do cargo de Presidente federativo, justificando esta posição com a necessidade de um acompanhamento mais eficaz da gestão federativa. Outros, como o actual Presidente discordam de tal modelo, justificando-o com o contexto económico que se vive, e os custos que tal medida acarretaria para o erário federativo. Qual a sua opinião sobre esta matéria?

Penso que, nesta altura, esta situação não se pode colocar deste modo. Porque se se colocar na balança as despesas de representação e outras, por ventura, inseridas em gabinetes fantasmas e Mira não sei para que lado a balança penderia. A clareza é importante. Vá o dinheiro para onde vá, os valores devem ser descriminados ao cêntimo, por rubrica, e o congresso que seja juiz na análise da gestão. Face ao exposto penso que estas guerras sobre profissionalismo ou amadorismo são conversas acessórias. O que faz toda a gente falar é a falta de “conhecimento exacto” sobre os dinheiros que entram e saem da FPC. Só tem dúvidas quem desconhece a matéria sobre o qual se fala.

5 – Resultante dos números apurados pela organização do processo eleitoral em curso, constata-se que os números reais da columbofilia são bem mais inferiores em termos de praticantes e clubes, que os números normalmente propalados pelos representantes federativos nos seus discursos oficiais. Que comentário lhe merece tal constatação e quais as medidas que julga possíveis para inverter este cenário?

Finalmente a verdade nua e crua. Aquilo que todos desconfiavam e que a FPC negava tornou-se numa desastrosa realidade. Só se pode manter ou recuperar columbófilos se existir um real conhecimento das causas reais dos abandonos. Não basta andar em festas e mais festas a falar em pombais nas escolas, infantários e lares. Há que arregaçar as mangas e transmitir confiança e apoio aos columbófilos. A realidade é que muitos desistem pela qualidade das soltas, por linhas de voo, por discussões nas colectividades, por falta de respostas quer das associações quer da federação, mas acima de tudo a grande maioria parte por razões económicas activadas pelos problemas descriminados anteriormente. Que se resolvam os iniciadores da “combustão” e que se tente minimizar o impacto económico na columbofilia que os abandonos param. Então sim estamos perante o cenário de iniciar uma recuperação. Ninguém pode amar “aquilo” que em guerra permanente anda.

6 – MIRA tem sido desde a sua fundação alvo de discordâncias no seio da modalidade pelos mais variados motivos. Qual a sua avaliação sobre Mira, realçando os factores positivos e negativos da organização que lhe parecem mais relevantes? Quais as modificações que em sua opinião são necessárias para isentar Mira em definitivo de polémicas?

         Penso que Mira é um marco fundamental da columbofilia portuguesa. Tornou-se num ponto de encontro de columbófilos e uma montra deste desporto. Como tal basta definir objectivos, efectuar uma contabilidade em separado e tornar Mira na base de desenvolvimento da columbofilia nacional e não, como parece, a sustentação económica da FPC.

7 – Os serviços de meteorologia têm sido assegurados nos últimos anos pelo Capitão Fernando Garrido, um dos participantes na corrida eleitoral, sendo reconhecida a qualidade do serviço prestado por todos os coordenadores de soltas nacionais afectos às Associações Distritais. Que solução aponta para a previsível saída do actual prestador do serviço, face a uma eventual derrota deste nas próximas eleições federativas?

Penso que esta pergunta, por ser parte integrante dela não se aplica, no entanto, se eu ganhar as eleições tenho um plano para apresentar às associações sobre meteorologia, transporte e soltas de pombos-correio, nunca retirando a responsabilidade pelas soltas às associações.

8 – Caso nenhum dos candidatos obtenha uma maioria absoluta na primeira volta, haverá lugar a uma segunda volta com os dois candidatos mais votados na primeira volta. Perante tal cenário e, se for um dos dois finalistas, quem gostaria de defrontar nessa ronda final e porquê?

Venha quem vier e ganhe o candidato que os columbófilos acharem mais capaz para inverter a situação a que chegou a columbofilia nacional. Trata-se do futuro de um bem comum e não de uma montra ou local para adquirir “visibilidade”. Contrariamente ao que alguns apregoam o futuro presidente deve ser um homem de trabalho e não um passeador de projectos.