A MINHA HISTÓRIA
Em 1971 vim para Portugal com os meus pais, era o regresso deles á sua Terra Natal e para mim o início de uma nova aventura, pois acabava de deixar as Terras do Tio Sam (Nova York),e chegava a uma aldeia bem no norte de Portugal chamada Santo Estêvão no Concelho de Chaves. Foi esta aldeia, hoje conhecida por Vila Medieval de Santo Estêvão implantada á volta do seu Castelo habitado outrora por D. Dinis, que me acolheu com todo carinho e á qual estou verdadeiramente grato, pois foi neste “habitat natural” que me preparei para ser o homem que sou. Não nego que sou Americano nascido, mas também sei que as minhas raízes pertençem a esta Terra que me acolheu anos atras e que passou a fazer grande parte do meu ser.
Falei em “habitat natural” e como tal nele também existem animais, e dentro desses animais está também o pombo. Tenho pombos desde 1972, embora fossem pombos normais que nós apelidamos de “galêgos”, pombos de várias cores cheguei a ter á volta de 100 pombos e adorava ver um bando grande, o problema era dar-lhes de comer, foi então que fiz um trato que me custou imenso com o meu pai que consistia em que ele tratava da comida para eles, a gente colhia milho e trigo dos terrenos, mas ele tinha direito aos borrachos pois dizia ele que faziam uma ótima sopa. Foi um trato como disse muito desagradável mas necessário e ao qual coloquei uma condição, eu podia escolher um ou outro pombo para ficar (os mais bonitos claro) e ele eliminava os restantes quando eu não estivesse em casa, e foi assim durante o tempo que tive os “pombos galegos”. Mas voltando atras em 1971 um Sr. chamado Fernando Alves um conhecido Columbófilo de Chaves, que estava a construir a nossa casa começou a falar de pombos mas de pombos correios, estes sim que são pombos dizia ele. Um dia resolveu trazer 4 pombos numa caixa (cesto) e á minha frente colocou-lhes uma marca aos 4 e soltou-os, eles subiram, subiram, deram meia dúzia de voltas e dispararam no sentido da casa dele, depois disse agora vens comigo a minha casa e vais ver, andamos sensivelmente 7 kms e quando chegamos a casa dele lá estavam os pombos, fiquei impressionado e fascinado, e ele disse-me, se um dia quiseres ser columbófilo vens ter comigo que eu arranjo-te pombos destes.
Passados uns anos, mais precisamente no final da primavera de 1978, apareceu em minha casa um pombo anilhado, estava perdido e bastante debilitado, consegui apanhá-lo, fechei-o numa gaiola, tratei dele com muito carinho e passados uns dias estava visivelmente recuperado. Que pombo que ele era, recorda-me como se fosse hoje era lindo, pedrado claro com nariz grande, muito atlético e com aquelas penas brilhantes verdes e roxas no pescoço, nunca tinha visto, estou a escrever e estou a vê-lo parecia talhado á mão, de pescoço bem levantado como se fosse muito “senhor de si mesmo” e começou a rolar, até o rolar era diferente muito mais forte mais profundo que os outros, tinha uma anilha branca na pata direita com uns números e com as letras BELG 1976 e uma anilha de borracha na pata esquerda. Resolvi colocar-lhe uma fêmea baia que andava sempre acasalada comigo, era a mais bonita que tinha. De pronto se acasalaram e passados uns dias tinham ovos. Alguém me disse para apenas soltá-lo depois de nascerem os borrachos porque se o fizesse antes o macho poderia ir embora, era então o que estava destinado fazer, mas eu não resistia mais á tentação de o ver voar e pensei que ele não ia deixar os ovos e a fêmea e soltei-o, esteve algum tempo para sair, observou bem tudo á sua volta, de repente levantou voo, subiu, subiu, deu 3/4 voltas e nunca mais o ví, entretanto não tinha outro casal com ovos e a fêmea passados ¾ dias deixou os ovos e tudo se perdeu. Foi uma desilusão e uma sensação de perda inexplicável, mas depois de refletir durante algum tempo concluí que este pombo não era meu e que ele apesar de tudo quis voltar para a sua casa, para junto do seu dono, foi a partir desse momento e apesar de triste senti uma grande alegria por ele e sabia que tinha que ter algum dia pombos que apesar de tudo, com todos os contratempos, viriam também para minha casa, para o seu dono que neste caso seria EU. Esta foi talvez a minha “ primeira lição de columbofilia “ – os pombos aparecidos têm sempre dono e mesmo sendo bons, mesmo sendo campeões têm dono, um dono que os viu nascer, que ajudou a criá-los, que os educou, treinou para voarem os seus concursos e não para ficarem prisioneiros de um pombeiro qualquer que se aproveitou de um momento de fraqueza do animal para o encarcerar provavelmente para o resto da sua vida. A estes chamo eu “os chicos espertos da pombofilia. Mas há pior e segundo alguns rumores existem selvagens que pura e simplesmente aniquilam os pombos perdidos que aparecem nos seus pombais, estes nem consigo arranjar palavras para os classificar, mas conseguia traçar-lhes o destino que teria que ser algo de similar. Não percebo como “estes seres vivos” se podem intitular de columbófilos se têm atitudes de tamanha irracionalidade, atitudes selvagens, mas enfim com o dirigismo que temos que apenas pensa em “festas e arraiais” o crime pelos vistos compensa, pois como disse o roubo e a destruição dos nossos pombos fica sempre impune e isto “revolta-me os fígados”!!
Desculpem este aparte mas não podia deixar de manifestar o meu desagrado neste assunto.
Continuando, em 1983 voltei para os Estados Unidos, regressando depois na primavera de 1990 e após alguns anos de ajustes na vida, tirei ainda o curso de Enfermagem e em 1997 inscrevi-me como Columbófilo na Sociedade Columbófila de Chaves onde tenho estado ao longo destes anos. Não tenho sido um columbófilo ganhador, também tenho uma vida profissional bastante preenchida, mas “lá vou marcando uns premiozitos quando o pessoal anda mais distraído”! Tenho feito parte dos elencos diretivos ao longo dos anos e neste momento Presido os destinos da minha Coletividade até Setembro de 2012. Não sou nenhum Campeão, pois nunca ganhei nenhum campeonato mas penso que tenho sabido evidenciar o meu saber ser e saber estar em prol de uma columbofilia melhor, mais honesta e principalmente mais saudável que penso ser esse o objetivo primordial da mesma. Neste contexto, e perdoem-me esta vaidade, penso que sou um Campeão!
Obrigado por disponibilizarem algum do vosso precioso tempo para conhecerem algo da minha pessoa, um abraço e até sempre, John Fontes.
Nota: Se gostaram minimamente do que acabaram de ler e se assim o pretenderem, podem assinar o meu livro de visitas, obrigado e até sempre. E lembrem-se:
- “O PROTAGONISTA PRINCIPAL DA COLUMBOFILIA SEMPRE FOI E SEMPRE SERÁ O POMBO CORREIO, NÓS……….BEM NÓS APENAS GOSTAMOS E TRATAMOS BEM DELES, OS COLUMBÓFILOS CLARO…………….."