Conforme prometido iniciamos uma série de informação, que esperamos seja útil ...
Em nome de todos os utilizadores o n/ agradecimento aos mui ilustres AUTORES e à Federação Brasileira pela gentileza e cordialidade...um abraço do josé a.tomaz
HIDRATAÇÃO
COLABORADORES:PROF.DOUTORES MARCIO MATTOS e MAURÍLIO OLIVEIRA
BOB ROWLAND
As idéias de Bob sobre o assunto são amplamente lidas e vocês logo saberão a razão. Ele é um talentoso columbófilo com larga experiência. Pouco tempo atrás ele ganhou a corrida clássica da Costa do Golfo com registros de entrada de mais de 3.000 e 1801 pássaros embarcados para a corrida. Aquele pombo ganhou quase $ 39.000 em prêmios. Não é de se admirar que criadores de todo o mundo encontrem uma forma através internet para fazer perguntas ao Bob. Todos recebem ajuda no grande estilo Rowland.
SISTEMA METABÓLICO
Em 18 de junho de 2002, escrevi um artigo intitulada “Resposta científica sobre vôo no calor”. Esse artigo incluía a seguinte equação: Quantidade(carga) total de calor = temperatura ambiente + temperatura do corpo + quantidade termal UV. Se você muda qualquer dessas variáveis, você altera a taxa metabólica total do pássaro, o que corresponde a alta demanda por energia e ai por maior consumo de minerais, gordura e outras vitaminas. Depois dessa breve (curta) fórmula, a seguinte resposta retornou para mim e eu gostaria de aproveitar a oportunidade para responder a isso.
A resposta foi:
A fórmula eu já conhecia. Algumas observações interessantes a respeito disso vieram de você e de outros.
Agora que estamos aqui podemos prosseguir.
O que acontecerá a pássaros:
· dentro de um transportador
· com má ventilação
· sem acesso à água
Que processo metabólico irá ocorrer e o que irá acontecer aos pássaros? Isso é o que está me deixandoperplexo e gostaria de saber mais sobre isso. Penso que se alguém pudesse descrever o processo metabólico em tal situação talvez nós pudéssemos conseguir mais para dar suporte ao esporte.
Respondi com essa afirmação:
Sempre que você submete os pombos a qualquer tipo de stress você está sobrecarregando o sistema metabólico e forçando o sistema a consumir os nutrientes requeridos. Além disso, ficando a temperatura muito alta os pássaros podem morrer devido a incapacidade deles de aliviar o stress causado pelo calor. Esta é apenas uma noção geral. Mais adiante neste artigo, apresento maiores especificações sobre essa afirmativa.
Voltando para a fórmula básica, ela mostra que um aumento em qualquer dos três itens básicos aumenta a carga de stress dramaticamente. Um exemplo disso é quando alguém deixa um bicho de estimação num veículo fechado em um dia quente e, ao retornar o encontra morto.
Todos nós temos limitações quanto ao que podemos suportar da mesma forma que seu carro precisa de um radiador para manter o sistema na temperatura adequada. Se você superaquece o carro, ele para de funcionar e um dano será produzido. O mesmo se aplica aos nossos pombos.
Em muitos casos, aqueles que não dedicam tempo para compreender osproblemas causados pelo superaquecimento estão sendo injustos comnossos pombos e estão afetando a capacidade deles de vencer competições, se compararmos com os competidores que cuidam melhor desses pombos durante o transporte dos mesmos.
Agora vejamos as diferentes partes da equação e conversemos sobre seus efeitos:
Não temos controle algum sobre a temperatura ambiental a partir do momento que os pombos são soltos mas temos um TREMENDO IMPACTO EM RELAÇÃO A ISSO ENQUANTO OS POMBOS ESTÃO SOB NOSSOS CUIDADOS.
Um exemplo de como podemos trazer um benefício é ter uma casa (abrigo) com ventilação adequada de modo que a temperatura não fique tão alta. Cada vez que a temperatura aumenta, AUMENTA TAMBÉM A NECESSIDADE DE ÁGUA .
Tenho feito vários estudos sobre isso para verificar quanta água cada pombo irá consumir e a que temperaturas.Saber quanta água seus pombos estão consumindo pode lhe beneficiar significativamente, no que diz respeito às condições dos mesmos. Pombos em boa forma vão necessitar de menos água e quando você monitora isso, você tem uma boa noção do que está acontecendo no seu pombal. Entenda que um pombo não elimina (excreta) água a não ser que haja um problema. Quando eles estão saudáveis as gotículas são poucas e, quanto a cobertura branca trata-se de cristais de ácido úrico.Eles não excretamurina. Então, quando você perceber excremento úmido, isso indica problema.
Se um pombo não está se sentindo bem e até apresenta febre, você vai rapidamente perceber que a necessidade de água aumenta. Sabendo disso, você vai também perceber que o mesmo é verdade ao inverso. Então, se pombos em ótima forma necessitam de menos água em uma determinada temperatura, por que não usar isso para ajudá-lo a determinar se eles estão em forma para ganhar competições?
Os diferentes tipos de pombos têm diferentes taxas metabólicas de forma que não há uma regra rígida para seus pombos no que diz respeito a um número ideal. Você deverá fazer seus próprios estudos e registrar (tabular) as informações relativas a sua localização, seus tipos de pombo e também como você os alimenta e qual a proporção de minerais adequados e gorduras nos seus pombos.
Quando seus pombos ficam fora do nível de estabilidade, o equilíbrio dos eletrólitos pode ser destruído (ficar em péssimo estado). Um grande erro que cometemos é permitir que nossos pombos enterrem suas cabeças na água ao chegar em casa em um dia quente. Ao fazer isso, o equilíbrio dos eletrólitos pode ser seriamente abalado (alterado) e, só para lhe dar alguns exemplos, citamos abaixo algumas possibilidades fatais:
- Ataques cardíacos e choques são possibilidades reais caso os níveis de magnésio e potássio saiam das faixas normais.
- A deficiência de zinco pode deixar infecções fora de controle, dificultando a manutenção do sistema e, se houver rápidas mudanças nos níveis de ph, as transmissões nervosas apropriadas podem ficar seriamente prejudicadas.
Estes são apenas alguns dos problemas mais sérios que podem ocorrer com a desidratação e/ou temperaturas excessivas.
Temos agora a carga termal UV a considerar:
Raios ultravioleta são microondas! Simples e rápido como o microondas cozinha nossa comida criando movimentos velozes dentro das células do item que está sendo cozido. Quanto mais alto o nível do microondas, mais rápido as moléculas se movem para frente e para trás, causando fricção. Nossas aulas mais elementares na escola nos ensinaram que a fricçãoproduz calor e eventualmente, se a tensãodo calor ficar muito alta as coisas (objetos) podem quebrar.
Agora imagine seu forno de microondas sendo ligado no nível mais baixo de calor e no limite de tempo de 1 hora. Alguns ítens vão cozinhar muito pouco uma vez que a fricção produzida nesse
nível não é maior do que o item é capaz de resistir ou esfriar.
Vejamos a mesma situação com o mesmo ítem e mesmo nível de tempo mas agora com o microondas ligado no nível mais alto. Na maioria dos casos, se o tempo é muito longo o ítem vai queimar ou até explodir já que as moléculas não puderam suportar a temperatura estabelecida.
Ambos os cenários mencionados acima acontecem no decorrer da corrida, em uma parte do mundo ou em outra.
Uma simples revisão dos níveis UV ao longo do percurso irá nos mostrar com antecedência quão difícil a corrida poderá ser naquele dia. Na realidade e até por uma questão de lógica, encontramos os raios UV maisintensos/fortes próximo ao equador. Assim, quanto mais longe do equador forem as corridas, menores os efeitos da intensidade dos raios UV.
Aqui na Flórida, consideramos o sol brutal durante o inverno mas isso não até às dezda manhã. Antes dessa hora, os efeitos do sol são mais suportáveis. Por isso, não colocamos os pombos em corridas durante o verão. Esperamos até setembro antes de começar as corridas com pássaros jovens uma vez que essa é a época em que os raios UV se tornam menos intensos.
Para meus amigos na Bélgica e Holanda isso é muito difícil de compreender já que os dias de raios UV mais fortes para eles, mesmo no calor do verão deles, nem sequer se aproximam, em termos de efeito dos raios UV, dos dias nas áreas mais próximas ao equador.
Por fim, temos os efeitos da temperatura do corpo. Nossos pássaros podem suportar um certo limite de temperatura corporal se não forem colocados muito próximo uns aos outros. Quanto mais próximos forem colocados mais rapidamente à temperatura do ambiente subiráe conseqüentemente, a temperatura do corpo dos pombos também se elevará. Amontoá-los muito perto uns aos outros pode criar o desequilíbrio metabólico do qual falamos anteriormente e, algum ou todos os riscos de saúde mencionados no inicio podem tornar-se realidade.
É nossa responsabilidade tratar todo animal ou ser humano com “humanidade” e, se acreditamos que não faz diferença como tratamos nossos pássaros então sugiro que peçamos aos que pensam dessa forma que empacotem a eles mesmos em um container sem ventilação, o coloquem ao sol
e vejam como irão sobreviver. Eu por exemplo, nunca iria me voluntariar para ser partede tal experimento. Entretanto, pedimos aos nossos amigos de penas que realizem essa proeza e esperamos que estejam na frente de nossa competição. Eu sei em que time eu apostaria para ser o primeiro a chegar da competição.
Espero que isso ajude e faça do nosso esporte um dos melhores níveis decompetição melhorando o cuidado que nós damos aospombos.
A IMPORTÂNCIA DA RE-HIDRATAÇÃO DE POMBOS
Eu tenho pensado sobre o efeito da desidratação de pombos de corrida
há um bom tempo e realizados testes e experimentos com o nosso próprio time de competição.O que devemos perguntar é qual a importância para nós como criadores e, mais importante, para as próprias aves, de re-hidratar os pombos afinal?
Lemos muito a respeito de stress em pombos de competição, especialmente aves jovens, e estou completamente convencido, após vários experimentos, que colocar aves jovens sob stress realmente causa problemas de saúde.
Mas, isto afeta igualmente as aves mais velhas. Estou convencido que a doença que afeta as aves jovens é causada por nós, criadores, ao colocarmos pombos sob muito stress sem fazer nada para aliviar tal situação.
Devemos seguir medidas básicas e possuir um plantel saudável em primeiro lugar, adquiridos de criadouros que tenham imunidade natural porque medicamentos preventivos não são utilizados.
Não me entendam mal. Se há um problema, é claro que você deve tratá-lo com o produto certo. Mas medicamentos profiláticos são uma completa loucura. Sempre compre suas aves nos melhores criadouros de sua região. Não seja tão orgulhosa e peça orientação porque ignorância não é desculpa para medicar pombos com toda gama de medicamentos charlatanescos no mercado. Todos os melhores criadores que conheço dividirão seus conhecimentos, sem nenhum custo.
Precisamos encorajar o maior número de novos criadores que seja possível e, com o conselho certo, eles se tornarão criadores para o resto da vida.
Todos os criadores bem sucedidos deveriam orientar os iniciantes, jovens e velhos, para encorajá-los, ajudá-los e guiá-los. O melhor orientador que já tive foi Frank Tasker. Obrigado, Frank. Você é um verdadeiro às.
Mesmo agora, se tenho dificuldade com um problema ou um procedimento eu posso ligar para ele a qualquer hora.
Mais uma vez, obrigado. Nunca paramos de aprender. É evidente que quando eu faloemre-hidratação, estou me referindo à importância de eletrólitos para pombos de competição e existem muitos no mercado.
Compre qualquer um que você queira. Não acho que faça muita diferença. Costumava comprar os meus de um veterinário local, que funcionava bem, até eu descobrir Hydracom 150, produzido pela Coined.
O número de perdas entre pombos jovens durante as primeiras corridas todo ano pode ser consideravelmente reduzido pelo uso de re-hidratação com eletrólitos, por exemplo.
Estes jovens pássaros bebem insuficientemente, ou quase nada, quando são transportados para suas primeiras corridas.
As atividades durante o transporte podem causar stress em pássaros jovens e isto, por sua vez, vai aumentar os movimentos intestinais resultando em perdas constantes de excremento. Eles se tornam presa fácil para todo tipo de insetos desagradáveis.
Logo após serem soltos ficam com muita sede, especialmente em dias quentes e úmidos. Eles vão começar a procurar por água e, por inexperiência, vão se perder. Não é culpa dos pombos, mas de nós criadores.
Um bom método que descobri para combater esse problema é dissolver uma colher de sopa de Hydracom 150 em um litro de água e ministrar 2 ml dessa mistura a cada jovem pássaro com uma seringa quando forem transportados para as três primeiras corridas. Após as três primeiras corridas isto pode ser interrompido porque os jovens pássaros já estarão bebendo sem problemas em seus engradados.
Tudo que é preciso é colocar 3 colheres de sopa de Hydracom 150 em 03 litros de água nos bebedouros na sexta-feira e no Sábado. Se estiver muito quente, coloque no Domingo também. Isso só fará bem.
No que diz respeito ao treinamento de pássaros jovens, se eles tiverem
um longo e difícil percurso a sua frente, dê eletrólitos durante dois dias após o treinamento. Se estiver muito quente durante o treinamento, dê
eletrólitos de duas a três vezes por semana. Lembre-se, você estará mantendo o nível de stress baixo, portanto os pássaros jovens estarão saudáveis.
Talvez devamos avaliar a forma que transportamos pombos para as corridas e fazer mudanças radicais no sistema de hidratação utilizado.
Acho que não cuidamos adequadamente dos pombos quando estão sendo transportados e tenho certeza que teríamos menos problemas em fazer com que as aves bebessem se os pombos pudessem beber em dois lados de cada cesta ou engradado, ao invés de, como no presente, somente de um lado. Talvez pudéssemos colocar eletrólitos nossistemas de hidratação de todos os transportadores, especialmente para corridas de pássaros jovens, além de, logicamente, para todas as corridas com pássaros mais velhos, que são marcadas pelas terças, quartas e quintas-feiras e que adentram o continente em clima muito quente.
Acho que vale a pena tentar, mas talvezseja muito radical para alguns.
Estou certo que, após todos osexperimentos e tentativas realizadas,a re-hidratação é imprescindível.
Se o sistema, como descrito acima, for levado a diante, haverá uma melhora significativa na saúde dos pombos, sejam jovens ou não.
Também devemos reduzir o nível de stress não superlotando nossos criadouros e, mais importante, não superlotando ou empacotando nossos transportadores somente em nome da economia. Estou certo que concordarão que o preço de eletrólitos é acessível, o que é uma grande vantagem, uma vez que alguns criadores relutam em gastar muito com qualquer coisa, especialmente em suas aves e se satisfazem
em culpar qualquer um, menos eles mesmos, quando os problemas aparecem.
Para ter uma idéia, não perdemos uma só ave nas três primeiras corridas no ano 2001.
Quer seja pelos ótimos pombos que temos ou pelo sistema que utilizamos, estou convencido que é tomando todo cuidado com nossas
aves, re-hidratando-as como descrito neste artigo. Definitivamente funciona.
ÁGUA, ÁGUA & ESPAÇO ADEQUADO (por exemplo, embarcar sem matar nossos pombos!). Pesquisando na internet encontramos um artigo no Jornal de Pombos de Corrida Australiano que pode nos ensinar muito se desejarmos aplicar nossa inteligência em corridas de pombos.
Talvez se tivéssemos estudado e aplicado esses princípios antes de nossa última corrida de 800km da Gastônia (você lembra, a corrida na qual apenas 14 pombos dos 717 embarcados retornaram após três dias?),ainda teríamos alguns excelentes pombos de corrida de longa distância em nossos criadouros.
O artigo começa afirmando que água é tão importante para um pombo quanto o ar que a ave respira e é fundamental para o sucesso de nossas aves. Água em corridas de grande distância é um problema tão grande na Austrália quanto é na Flórida. A Austrália tem vastas regiões quentes, ventos contrários e pouca água na extensão do percurso de muitas corridas. Estudiosos, autônomos e profissionais dedicados pesquisaram soluções e informações relativas a esses problemas.
Sabemos que uma ave saudável, em forma e descansada, que não esteja desidratada, não precisa parar para beber água. Além disso, um pombo parado para beber água é vulnerável a aves predadoras. Devemos considerar que cada pombo gera cerca de 02 watts de calor por hora, independentemente da temperatura dentro de um engradado. Dois mil pombos geram 4000 watts em um trailer de metal, que é um excelente condutor de calor de fontes externas. Embora o artigo não discuta isso, ele estimula a medir a temperatura exata em que nossas aves se tornam inúteis e começam a MORRER. O maior problema é a desidratação. A estrutura adequada de um trailer ou caminhão ajudaria muito pouco. O aumento do fluxo de ar causado pelo deslocamento rápido do veículo não altera a situação. Temperatura é o demônio que nossas aves precisam enfrentar.
O Dr. Owen Nichols estudou papagaios e escreveu sua tese a respeito da respiração em função da temperatura. Ele descobriu que os papagaios passavam de uma taxa normal de respiração de 20 expirações por minuto, a uma temperatura de 25° C, para 100-270 respirações por minuto, a uma temperatura de 35° C. O resultado foi cansaço constante. Embora com pombos se tenha observado taxas mais baixas, um certo Dr. Marshall descobriu que 5% de desidratação já foi observada em pombos de corrida a uma temperatura de 25° C. Ele também percebeu que ACESSO A ÁGUA reduz drasticamente a chance de desidratação. O Dr. Gorssen (na Holanda) chegou a conclusões semelhantes e durante seus experimentos sob temperatura controlada percebeu suas aves morrendo a apenas 39.5° C (sem água), mas não pôde estabelecer uma temperatura teto para as aves que tinham água o tempo todo.
Um dos irmãos Aussie, relatou que construiu um novo criadouro com paredes de concreto, mas com o teto de metal, e percebeu que seus pombos não demonstravam qualquer desconforto (nem os jovens reprodutores foram afetados) em diversas ocasiões a uma temperatura de 50° C, com água constantemente disponível.
Os Aussies perceberam que dirigir um transporte de aves durante 17 horas sem qualquer água e, após isso dar água às aves durante 21 horas permitia completa re-hidratação.
Felix Kahn (Estados Unidos, Arizona) uma vez me disse: “aves precisam de água a cada 04 horas, mas os criadores de pombos não querem ouvir isso”. Ele escreveu um bom artigo sobre regulação térmica.
Quando eu era o diretor do Comitê de Liberação, eu me certificava de que os meus dois excelentes tratadores no caminhão dessem água às aves na sexta-feira antes de meio-dia (após terem sido embarcados na quinta-feira).
O trailer só tem água suficiente para uma boa sessão de hidratação, então eles levaram uma mangueira para encher o tanque quando chegassem ao hotel no período da tarde. Isso permitiu que eles dessem água novamente às aves após a alimentação (sexta-feira à tarde) e deixassem água em frente delas até a liberação de Sábado pela manhã. Durante a temporada de 2003, eu procurei insistentemente por aquela mangueira, mas não encontrei em lugar algum, e vocês sabem do resultado.
Os irmãos Aussie observaram que o Dr. Gorssen não só se preocupava com os problemas do calor relacionados ao espaço, mas também percebeu lesões substanciais devido à superlotação nos transportadores.
Ele recomendou que as organizações holandesas mantivessem o espaço de 350cm² por ave (que demonstrou-se ser próximo ao que os Australianos acham ideal). As lesões em machos (ele as contou) eram 03 vezes mais do que em fêmeas. Na realidade, ele verificou que as aves necessitavam de um espaço de 630cm² até não sofrerem qualquer lesão.
Como vêem, a desidratação se reflete em maior desperdício de energia (as aves ficam hiperativas). A temperatura corporal aumenta (hipertermia), resultando em aumento da PERDA DE PÊSO e REDUÇÃO na retenção de água do MÚSCULO PEITORAL. Se você é veterano, lembrará que iniciei a “regra de 30 aves por transportador”, em 1998. Charlie Lorefice queria um máximo de 27 aves por transportador. Eu achava que qualquer coisa era melhor que os 35 ou coisa parecida que existia na época. Então,como nossos engradados se adequam à recomendação de 350cm²?
Vejamos .... há 2.54 cm em uma polegada. Os engradados padrão da GHC têm as dimensões de 46 x 34 x 11 polegadas. Isso equivale a 116.84 cm de comprimento x 86.36 cm de largura que é igual a 10090.3 cm² dividido por 350. Isto é igual a 28.8 aves por engradado.
Eu sempre gostei muito do Charlie. A informação acima deve nos forçar a planejar muito mais cuidadosamente durante os meses quentes. Nossas aves realmente necessitam água disponível durante mais horas. As temperaturas dentro dos trailers excedem 39,5 °C freqüentemente. Certamente, naquela temperatura, beber água somente uma vez na manhã e outra após comer à noite, não fará bem. Nosso maior entrave é convencer os responsáveis pelo concurso e os que controlam os trailers a se envolverem mais com os pombos que com política, satisfação pessoal e outros projetos que não nos dizem respeito.
Extraído do DX FLYERS NEWSLETTER, por B. C. Weaver.
Weaver, WU2J
Leo Turley
O que fez com que o nome de Leo desse a volta ao mundo foram suas inúmeras contribuições para a prosperidade do esporte. Escrevendo à sua maneira, ele espera abrir o caminho para um esporte no futuro onde os criadores continuem a apreciar seus pombos enquanto derem o reconhecimento adequado às pressões existentes em relação às corridas de pombos nesses tempos modernos.
ÁGUA, ÁGUA, EM TODO LUGAR.
Água, água, em todo lugar, mas nem uma gota para beber. Samuel Taylor Coleridge em seu famoso Poema do Velho Marinheiro escreveu pela primeira vez essas clássicas palavras em 1798. Samuel Taylor Coleridge escreveu sobre um marinheiro que ficou à deriva no mar como castigo por haver matado um Albatroz e estava morrendo de sede, com seus companheiros já mortos.
Este artigo também é sobre água, mas sob as condições do Ocidente Australiano e, como o Velho Marinheiro, nossas aves estão freqüentemente à deriva em um mar de areia, espinhos e lagos de sal secos, e nem uma gota para beber. Água é tão importante quanto o ar que respiramos e parte integrante para o sucesso de nossas aves e tenho certeza que a experiência do Ocidente Australiano que quero aqui relatar, tem aplicação em toda Austrália.
No último dia 26 de Outubro, eu li em nosso jornal diário, O Ocidente Australiano, um artigo que me saltou aos olhos como uma revelação. A ficha caiu e tudo ficou em seu lugar.
Se eu puder recuar aos anos sessenta por um momento, para uma época em que o desenvolvimento de nossos atuais cursos de vôo Norte e Nordeste foram primeiramente discutidos. Na realidade, era meu próprio clube Whatley, depois chamado Monte Lawley, que desbravou essas novas rotas, como corridas de atração, fora da linha de vôo tradicional do Leste através de Kalgoorlie, Rawlina e Forrest, no início dos anos sessenta. O retumbante sucesso desses inauspiciosos eventos abriram a rota Norte como uma corrida do ouro e incluiu uma nova Federação para aproveitar as excelentes condições de retorno. As aves chegavam em grande número e em completo e absoluto contraste com a antiga tradicional e muita selvagem rota de vôo Leste.
A resistência em manter a rota Leste, inclusive por minha parte, como um jovem tolo, jocosamente denominou a rota Norte, que na realidade é rota Noroeste em direção à costa, como o “túnel de vidro”. A continuidade da rota Norte era tamanha que era uma raridade perder pombos e eles reapareciam dias e até mesmo semanas depois, mas, em menos de 20 anos, começamos a perceber em ambas as rotas perdas crescentes de nossas aves até que atualmente quase equivalem à velha rota Leste. Nós culpamos os falcões; pensamos que pelo fato de voar continuamente pela mesma rota, conseqüentemente elevamos a população dos predadores e isto ainda poderia ser bem verdadeiro até certo ponto.
Entretanto, permitam-me mais uma vez desviar a atenção para um jovem moço chamado James Weaver, que posteriormente tornou-se um nome familiar nas corridas de pombo da Austrália Ocidental de 1903 a 1954 e escreveu a respeito da rota Noroeste na edição de Setembro de 1917 da publicação Pombos de Corrida Australasiáticos (ARP – Australasian Racing Pigeon).
O jovem Jim, na época, documentou as tentativas e adversidades no intento de voar através da rota Noroeste até Carnavon, de 1906 a 1916. As aves avançavam em etapas até a costa de trem por Geraldton até Northampton por 400 Km e então eram forçadas a fazer um salto de 400Km, como uma jornada marítima, de Fremantle até Carnavon. O melhor tempo já registrado a partir de Carnavon foi 17 horas e foi vencido em duas ocasiões por Trancred Barkers de Sydney.
Eu tive o prazer de conhecer Jim Weaver, já idoso, no final dos anos setenta, após ele ter realizado uma façanha. Nós desenvolvemos uma amizade incomum e com o tempo ele me presenteou com algumas aves da linhagem Rainha Strinsdale (Strinsdale Queen) do Bispo da Suécia e houve outros também da linhagem Bryant Grooter, importados pelo falecido Hon Jack Scaddon MLA, o primeiro a exercer a função de Primeiro-Ministro do Trabalho na Austrália Ocidental. Eu também adquiri do velho Jim cestas de vara de vime e outros equipamentos.
De qualquer modo, em 1917, Jim Weaver escreveu em termos quase prazerosos que com a abertura da linha de ferro Trans-Australiana, no mesmo ano, do Sul da Austrália através da fronteira e através das posteriormente clássicas estações de corrida da Austrália Ocidental, de Forrest, Rawlinna, Kalgoorlie e até chegar em Perth, que não haveria mais aquela terrível corrida da costa Norte, por ser francamente árdua. Como mudam as circunstâncias.
A linha Trans-Australiana tornou acessível a antiga rota Leste e os quatro clubes de Perth, de 1917 em diante, voaram por ela com êxito até 1600Km, mas ninguém deve duvidar um só minuto que esse “êxito”, além de 1000Km, não ia além de um punhado de aves retornando a qualquer tempo. Os antigos registros de resultados de corridas confiados a mim, como um Historiador da PRF, mostram aos faladores acentuada redução de velocidade para ratificar que não houve grande mudança através dos anos com essas corridas ultralongas. Era também óbvio que eles utilizavam extensivamente técnicas de retenção com muitas solturas ocorrendo às Segundas e Terças-feiras.
Voltando à nossa rota Norte de hoje, é normal completar a corrida a partir de Carnarvon (800Km) em extremo vento contrário de 20Km/h em 13 horas e não é totalmente incomum tê-los de volta no mesmo dia em menos de 10 horas em condições razoáveis. Estamos definitivamente em uma época diferente e as aves de 1906 – 1916 estavam simplesmente sendo mandadas para muito longe, não havia água, e coletivamente produziam um resultado em conformidade. De qualquer forma, como cheguei até aqui?
Tudo ficou claro quando eu li aquele artigo de jornal no último dia 26 de Outubro. O governo havia anunciado que estava adotando tecnologia utilizada na indústria petrolífera para restaurar o principal campo de poços artesianos que se estendem de Manilya até Nanga, o que é uma boa parte de nossa rota de vôo Norte, e o plano era impedir que bilhões de litros de água fossem desperdiçados para a atmosfera todo ano.
Algo em torno de 120 poços haviam sido perfurados numa região de 25.000 quilômetros quadrados, conhecida como a Bacia de Carnavon, e cerca de 80 deles, representando dois terços, não mais fluem atualmente. Os poços antigos, alguns com até 650m de profundidade, pararam de fluir porque os revestimentos haviam enferrujado sob a superfície, permitindo a água artesiana pressurizada escapar para o subsolo antes de alcançar a superfície.
Ainda assim, estima-se que algo como 15 milhões de toneladas continuem a ser desperdiçadas anualmente, com poços fluindo intermitentemente por cerca de 100Km de uma rede de escoamento aberta, distribuindo água em torno de estações rurais. Esses poços fizeram o deserto florescer e atraíram animais selvagens e ferozes igualmente, que se diz competirem por alimentação com os rebanhos de ovelhas, por exemplo.
A bacia artesiana de Carnarvon foi perfurada pela primeira vez em 1908 e a água fluiu sob pressão natural e transformou a terra árida em uma região rural produtiva. Nesse campo de poços em particular, muito do trabalho foi feito como serviço de amparo, durante a grande depressão nos anos trinta. É evidente que, uma vez que os revestimentos começaram a deteriorar, a maior parte dos poços desmoronou em um curto período de tempo e os indícios sugerem que isso começou a acontecer do início para o meio dos anos setenta e aproximadamente ao mesmo tempo em que os resultados nas linhas de vôo do Norte decaíram em regularidade.
Há grande quantidade de campos de poços por toda parte da Austrália e a maioria implica na utilização dos mesmos por nossas aves em tempos de adversidade. No caso dos trabalhos de restauração da Bacia de Carnarvon, o custo necessário para mudar para revestimentos de fibra de vidro e comportas, grades e conexões de aço inoxidável é de $ 4.5M (quatro dólares e cinqüenta por metro) e rateado na proporção de 40% para o governo federal, 40% para o governo estadual e 20% para os agropecuaristas interessados.
As novas comportas possuem válvulas de controle que podem ser abertas e fechadas quando necessário e incluem canos e cisternas de tijolo travado para substituir a rede de escoamento aberta, de forma a eliminar completamente infiltração e evaporação.
Esclareço aos leitores que seria tolice pensar que esse pequeno grupo de poços do Oeste está sendo melhorado de forma isolada. A história sugere que essa iniciativa, no norte de Perth, estaria trilhando uma seqüência de trabalhos idênticos por toda a Grande Bacia Artesiana principal, essencialmente demarcada pelo Golfo de Carpentaria e o litoral oeste da Península do Cabo York, e seguindo adiante através de Hughenden, Emerald, Theodor, Goondiwindi, Narabri, Temora, Cobar, Parachilna, Coober Pedy, Alice Springs, cruzando até Cloncurry, e então de volta ao Golfo para traçar um perfil rudimentar da área que abrange a Grande Bacia Artesiana.
Na realidade, verificando mais atentamente os recursos da Grande Bacia Artesiana, constata-se que havia 4.700 poços perfurados até uma profundidade de 1000 metros por volta de 1910 e o número agora encontra-se reduzido para algo em torno de 3.100 com uma vazão reduzida em 55%.
Entretanto, essa vazão reduzida ainda representa meio milhão de megalitros por ano dos quais 0.4 milhões de megalitros, equivalente ao volume de água aproximado do Porto de Sydney, é perdido para a atmosfera todo ano. Eu também compreendo que a tampagem desses poços está bem adiantada. É também interessante, por exemplo, perceber que o número de poços com escoamento livre em New South Wales, de 1910 a 1960, dobrou para 692, mas a vazão caiu em mais da metade quando as restrições foram impostas em 1960. Por toda a nação, a disponibilidade de água doce com escoamento livre através do sistema artesiano, apesar do desperdício maciço, tem diminuido enormemente durante os 40 últimos anos.
Retornando um pouco mais ao início, essa revelação fez com que eu começasse a prestar atenção nas reservas naturais de água, abaixo das atuais rotas de vôo do Oeste Australiano, e fiquei surpreso que haja tão poucas delas, na realidade nenhuma nas Antigas Marinerhas no interior do Oeste Australiano, no que diz respeito à disponibilidade de reservas naturais de água potável.
Praticamente, há cerca de 110 fontes de água doce nos limites da Austrália Ocidental e 80 desses locais estão situados na maior área metropolitana de Perth com mais 14 locais no sul de Perth em direção a Albany. Dos 16 locais restantes, quase metade está situada na direção norte ao longo dos 400Km de planície costeira entre Perth e Northampton, com um ponto principal (o Lago Logue – Sistema Indoon) situado a 12 Km no sudoeste de Eneabba e prolongando-se através das planícies arenosas de Geraldton até Jurion e Cervantes e ao sudoeste até o sistema do Lago Wannamal.
Os habitantes locais conseguem prontamente visualizar esse esquema em relação às rotas de vôo no Norte e Nordeste. Ao norte, há ainda o Sistema da Lagoa Hutt, novamente nas planícies arenosas de Geraldton, e mais ao norte está o Lago Nannine no distrito de Murchison. Mas, muito francamente, os pontos restantes além da planície costeira, na direção norte, podem ser contados nos dedos de uma mão.
Windich Springs, que é mais conhecida como a Estalagem de Kumarina, é o nosso local clássico da corrida de 900Km na rota nordeste; o Sistema do Lago Carnegie, leste de Wiluna, as piscinas de Durba Hills na rota de Canning Stock ao nordeste de Wiluna e o Lago Breberle, ao noroeste de Yalgoo. Avançando ao leste há o famoso Lago Ballard, 80Km ao sudoeste de Leonora, que anualmente hospeda incontáveis milhares de Narcejas Listradas migrantes como local de suas primeiras ninhadas. Há o Lago Barlee 150Km ao noroeste de Menzies e o Lago Marmion vizinho a Menzies.
Alguém poderia perguntar: e a rota leste? Infelizmente, não há recursos naturais de água doce ao longo dessa rota a não ser o Lago Cronin, que é também conhecido como o Sistema do Lago Grace, e é relativamente perto da cidade.
A busca por reservas de água doce também proporciona uma lista de fauna que utiliza essas fontes escassas e inclui Falcões em todos os locais. Foi interessante, por exemplo, que a contagem de população avícola no distante Poço 17, na famigerada Rota de Canning Stock, incluísse 06 casais dos raros Falcões Cinzentos (Falco hypoleucus) e notavelmente 04 pombos!
Outra mudança marcante por todo o estado, relativa a reservas de água doce, aconteceu no final dos anos sessenta e início dos anos setenta, quando as linhas férreas do governo estadual foram submetidas ao processo chamado de “dieselização”, a sistemática mudança de locomotivas movidas a vapor para diesel e resultou no abandono da cadeia de fontes de água artificiais a cada 50 Km, ao longo da rede de trilhos então com 6.000 KM, utilizadas para manter a operação a vapor.
Como funcionário de carreira da ferrovia Estadual eu posso lembrar claramente a mudança cultural dramática, quando mais de cem represas construídas e operadas pelo estado, juntamente com caixas d’água e fontes, foram abandonadas da noite para o dia e progressivamente se degradaram, foram soterradas e consequentemente desapareceram da paisagem. Foi tudo muito rápido, e além do desaparecimento das represas juntamente com a zona de pastagem, como parte do desenvolvimento da terra, a região interiorana subdesenvolvida voltou a um estado de aridez que não tinha sido visto há mais de 100 anos.
Como parte dessa mesma mudança global, o governo abandonou cerca de 1000Km da linha férrea norte, incluindo as linhas de Meekatharra e Yalgoo, em prol do transporte rodoviário. Hoje, uma viagem para Meekatharra, através do Monte Magnet, mostra escassa evidência de que já tenha existido ali uma linha férrea, ou as enormes represas e caixas d’água artificiais utilizadas para dar suporte à era da locomotiva a vapor.
Todas essas mudanças súbitas ocorreram no espaço de não mais de 10 anos e coincidiram com os menos que súbitos acontecimentos nas corridas de pombo, incluindo o que viemos a chamar de uma “continuidade” seca, significando a ausência de pombos retardatários.
Muito do sucesso das primeiras temporadas de corrida era devido às aves que retornavam dias e até mesmo semanas depois para serem novamente revitalizadas e reabilitadas ao time e basicamente essas aves pararam de retornar. A resposta simples, em estudo, é que havia cada vez menos pontos de apoio disponíveis no interior, devido à sistemática redução de massas d’água apropriadas, nos últimos trinta anos. O que eu quero salientar aqui é que mais do que nunca precisamos prover água para nossas aves em trânsito, suficiente para mantê-las em boa condição durante a jornada de volta.
Me chamaram à atenção, enquanto escrevia este artigo, que todos sabemos que uma ave perfeitamente saudável, em forma e descansada, que não esteja desidratada, não deveria precisar parar para beber no caminho de volta e isto é totalmente verdadeiro. Na realidade me fizeram lembrar que parar para beber atrai predadores que freqüentam as mesmas fontes de água. Na realidade, algumas aves não estão suficientemente preparadas para a tarefa, enquanto outras podem ter comprometimento de hidratação, por uma série de motivos, durante a jornada e/ou na temporada de corrida, e todas elas estarão procurando esses pontos de apoio que estão se tornando cada vez mais difíceis de encontrar.
Eu li há algum tempo atrás um artigo na Revista Ilustrada de Corrida de Pombos sobre a corrida anual de Manfredonia, localizada no topo da Bota da Itália, voltando à Malta. A região montanhosa e o excessivo tempo gasto na viagem aparentemente impunha que água estivesse disponível para as aves o tempo todo e as tinas continham encartes de espuma de borracha para facilitar essa iniciativa e evitar o derramamento em trânsito. O encarte de espuma apresenta buracos perfurados de aproximadamente 30mm de diâmetro, com espaçamento contínuo por todo seu comprimento, para permitir que as aves bebam e possui potencial evidente no cenário Australiano.
Algumas semanas atrás, obtive êxito ao escrever para a Universidade Wageningen, na Holanda, solicitando uma cópia da Tese do Dr. Jos Gorssen intitulada “Características Termoregulatórias e Comportamentais de Pombos de Corrida sob Condições de Transporte”. Que mina de ouro de informação. Anteriormente eu havia obtido resumos do estudo do Dr. Gorssen, mas agora que eu tive a oportunidade de lê-lo em sua integralidade é mais que impressionante e se torna leitura obrigatória para todas as organizações de corridas de pombo, particularmente onde o calor excessivo e a perda de fluidos em nossas aves estejam envolvidos.
De volta a 1996, a Federação de Pombos de Corrida da Austrália Ocidental conduziu uma série de testes de temperatura ambiente envolvendo aves em trânsito, sob minha Presidência, e como parte de um Comitê de Corrida e Liberação instaurado para realizar esses testes.
Tive sorte de ter ao lado um grande pensador como o Sr. Tom Bettridge e nosso Liberador Oficial Sr. Ron Wilkins, e nós começamos a realmente fazer progresso. Tom também tinha um colega, Dr. Owen Gordon Nichols, que em 1980 desenvolveu sua Tese, como parte de seu Doutorado em Fisiologia, intitulado “A Fisiologia Ambiental dos Papagaios de Pescoço Anelado Australianos do Gênero Barnadius”. Esta também mostrou-se ser uma mina de ouro de informação e introduziu o conceito de Zona Termoneutra (TNZ) para aves, nesse caso, para Port Lincoln e vinte e oito papagaios.
Dr. Nichols foi capaz de demonstrar que essas aves nativas da Austrália tinham uma taxa respiratória de cerca de 20 (vinte) exalações por minuto a 25°C e surpreendentemente a taxa respiratória acelerava para entre 100 e 270 respirações por minuto a 35°C para revelar arquejamento severo e forçado.
Meu colega, Sr. Tom Bettridge, pediu conselho a respeito de nossas próprias aves ao Dr. Nichols e ele respondeu demonstrando que a Zona Termoneutra (TNZ) para os vinte e oito papagaios e os de Port Lincoln variava entre 23°C a 32°C e a partir disso, poderíamos concluir razoavelmente que para pombos seria algo menos que isso.
Ao mesmo tempo, perguntei ao Dr. Rob Marshall se ele poderia recomendar a Zona Termoneutra (TNZ) para pombos sob as condições Australianas. Dr. Marshall nos fez um favor e respondeu com um artigo científico publicado na Revista Americana de Fisiologia intitulado “Conservação de Volume Plasmático em Pombos; Efeitos da temperatura do ar durante a desidratação”.
Com as informações, o Dr. Marshall verificou que havia 5% de desidratação a 25°C e chegou à conclusão que o acesso a água reduz a possibilidade de desidratação além de alteração hematocrítica (Hct – uma medida do volume de células vermelhas comprimidas, representada como um percentual do volume sangüíneo total). Ele acreditava que nosso objetivo, como criadores de pombos, seria assegurar que não ocorresse qualquer desidratação, se possível, e recomendou uma Zona Termoneutra (TNZ) de 10°C a 18°C, com umidade relativa do ar abaixo de 65% e água disponível em todas as corridas.
Isso se alinha enormemente com a Tese do Dr. Gorssen, sobre a qual irei expor com mais detalhes posteriormente, mas basicamente o Dr. Gorssen restringiu seus experimentos controlados de calor a 39°C, porque suas aves estavam morrendo nessa temperatura, considerando que, em contraste, ele não pôde estabelecer uma temperatura teto para as aves que tinham água disponível o tempo todo.
Eu posso amparar as descobertas do Dr. Gorssen por puro acaso. Pouco antes do verão de 2000, eu construí uma estrutura de 50m², incluindo piso e paredes de concreto e um teto de cobertura metálica sem isolamento. Era uma aspiração antiga minha construir gaiolas de reprodução isoladas, dentro dos limites de um galpão, e dedicar-me a programas especializados de reprodução o ano todo e fiz isso durante o ano 2000. Quando o auge do verão de 2000 se aproximava, entretanto, eu fiquei temeroso com o calor desconfortável no galpão provocado pela exposição do teto metálico e comecei a planejar a evacuação das aves. É preciso entender que as temperaturas atingiam seqüentemente 50°C (122°F). Em diversas ocasiões eu assistia essas aves constantemente e elas não demonstravam qualquer desconforto que fosse e nem as mais jovens eram afetadas. Era impressionante e a única coisa a que posso atribuir tal fato é que constantemente a água estava diante delas e continuamente elas se refrescavam. Desnecessário dizer que o verão de 2001 foi bastante severo também, particularmente durante o mês de março, e eu confiantemente mantive as mesmas aves no galpão, sem qualquer desconforto aparente, ou retardamento da ninhada.
Reportando novamente ao Comitê de Corrida e Liberação de 1996, o seguinte gráfico da Clássica Corrida de 1000 Km da Federação de Coral Bay foi produzido mediante a utilização de um minúsculo microchip com sensor de temperatura ajustado para registrar a temperatura a cada quatro minutos durante quatro dias (1600 leituras).
Os testes demonstraram que a temperatura ambiente simplesmente se elevava e caia a bordo do transportador na mesma linha da temperatura do dia e não era reduzida pelo deslocamento do veículo nem pelo sistema de ventilação de ar Venturi em operação, a não ser para ventilar o excesso de calor produzido pelo volume de aves a bordo. Os testes também nos fizeram compreender que a temperatura ao norte de nós era um risco em potencial, mesmo em agosto e enquanto o transporte é inevitável. Há uma grande necessidade de reconhecer que há um tênue equilíbrio entre ter que chegar aos lugares e a preservação do equilíbrio de fluido em nossas aves.
A Federação da Austrália Ocidental aprendeu muito sobre transporte e liberações nos últimos cinco anos, como parte das iniciativas para o bem estar dos animais exigidas pela nova Lei de Proteção Animal. A atual corrida de Coral Bay em 1996 teve um grande êxito com 90% dos retornos sendo corriqueiros e possuía um plano de fornecimento de água avançado para a época.
Mil e duzentas (1200) aves foram embarcadas na noite de quarta-feira e efetivamente foram submetidas de imediato a um período de 17 (dezessete) horas sem nenhuma água, até serem acampadas em Carnarvon, cerca de 950 Km na estrada na direção norte, na manhã de quinta-feira e representou o estágio 1 do plano total de viagem.
A partir de lá elas tiveram água diante delas de 11:00 da manhã de quinta-feira até 8:30 da manhã de sexta-feira, um período de 21 (vinte e uma) horas e que foi planejado para contrabalançar as primeiras 17 (dezessete) horas de privação de água nesse primeiro estágio da jornada.
O último estágio de 300Km da jornada para Coral Bay, que por acaso estava registrando temperaturas até 32°C (90°F), em bases diárias, foi completada por volta de 01:30 da tarde de sexta-feira, quando o transportador foi colocado sob a sombra e novamente foi fornecida água de 01:30 da tarde até a soltura, cerca de 17 horas mais tarde. Deve ser esclarecido que houve um atraso de aproximadamente duas horas no último estágio de transporte devido a um pneu furado. No total, 38 horas da jornada foi realizada com água disponível e adequadamente equilibrou as 22 horas sem água.
Efetivamente, as 43 horas finais da jornada, até a soltura, ocorreu com 38 horas de água disponível. De importância, dezenove horas foram registradas pelo sensor de medição de temperatura ambiente em excesso 20°C e onze horas em excesso de 25°C, com duas horas registrando temperaturas entre 30°C e 32°C! Isso nos leva a pensar que se o transportador houvesse partido de Perth na noite de quinta-feira, como não costuma acontecer, 20 horas teriam decorrido, sem água, com as 5 horas finais antes da chegada registrando em excesso de 25°C e pelo menos duas horas em temperaturas acima de 30°C, restando apenas 5 horas ideais para beber (período diurno) para fazer face à perda de fluido, com apenas 17 horas de tempo bruto disponível para recuperação de fluido até a hora da soltura. Há ampla evidência agora para demonstrar que esse último tipo de transporte mencionado consistente em embarcá-los, levá-los de carro, soltá-los e trazê-los de volta está longe de ser satisfatório e explica porque ocorrem algumas perdas que de outra forma seriam inexplicáveis.
É importante notar que o Dr. Jos Gorssen descobriu que pombos desidratados recuperam as reservas de água corporal quase completamente dentro de 30 minutos, mas reconhecendo que não se sabe a que proporção, a que grau, qual produção de calor, qual temperatura corporal e qual perda de água por evaporação afetam a fisiologia das aves, volta-se a valores mantidos por aves normalmente hidratadas e sem stress. O fator temporal entre a perda de fluido corporal (abstinência forçada de água) e o tempo necessário para restabelecer a condição normal de hidratação é deixado para ser avaliado a partir de experimentos leigos durante anos.
Conclui-se, em minha modesta opinião, que muitas de nossas corridas longas são perdidas no planejamento, onde há a necessidade de reconhecer que as aves precisam, no mínimo, tanto tempo de água na cesta quanto lhes foi ofertada durante o tempo de viagem, sem água, principalmente quando se espera temperaturas excederem 20°C.
Um dos principais assuntos que parece nunca ser solucionado diz respeito ao número de aves nas cestas de corrida. Como autor do Código de Prática da Austrália Ocidental em 1994, posso confidenciar que a intenção, naquele documento, era estabelecer disposições mínimas que não deveriam ser transgredidas e a disposição sobre o padrão dos engradados, em si, é um exemplo clássico.
Basicamente, a disposição sobre o limite de espaço, por ave, para corridas noturnas é de 200cm² e para corridas em que comida e água é necessário 300cm². Na realidade, isso significa que 199cm² e 299cm² respectivamente, consistiria numa infração ao Código e possivelmente acarretaria a instauração de processo. Em verdade, não muito antes, bem intencionados secretários estavam começando a calcular limitação por cesto para clubes individualmente baseados nessas fórmulas, quando de fato o número acordado para aves nos engradados tinha a tendência de ser substancialmente maior do que permitia a resolução e seria estabelecido a critério da Federação, mas certamente não seria menor que o prescrito. Na realidade, dentro da minha própria federação, nós geralmente operamos com 350cm² e esse valor surgiu de pura intuição e experiência e, coincidentemente, espelha o nível de referência do Dr. Gorssen.
O Dr. Gorssen, em sua Tese, estabeleceu uma nova dimensão nesses conceitos a realmente supera uma teoria ultrapassada de que quanto mais aves (geralmente machos) espremidos numa cesta menor a probabilidade de lutarem. De fato, o Dr. Gorssen dedica uma seção de sua Tese para esse assunto, verificando a relação entre produção de calor e espaço/densidade e ferimentos causados por combates nas cestas. Ele examinou o limite por ave recomendado pela Organização Holandesa Nacional variando de 225cm² a 300cm² por 72 horas de transporte e concluiu que não havia uma base fisiológica, ou comportamental, disponível para essas diretrizes.
Conclui-se que o mesmo pode ser dito a respeito das nossas próprias disposições no Código de Práticas e que elas simplesmente se originaram de larga experiência e, portanto, preserva sua relevância, como marcos de delimitação, que não devem ser diminuídos.
É muito interessante que em seus estudos sobre lesões de combate dentro dos engradados, desenvolvidos a partir da contagem de lesões ao redor do bico, narinas e olhos, houve redução das lesões com o aumento de espaço por ave. Ele verificou que as lutas continuavam sem redução até e além do limite de 4 dias e que aves do mesmo criadouro, em contraste com aves estranhas, não reduziram a freqüência de combates. Ele constatou que os machos estavam três vezes mais sujeitos a lesões graves do que as fêmeas e que a margem de espaço, entre 210cm² e 280cm², aumentava o risco de manter lesões graves por 8.8 e 5.2 vezes respectivamente, comparado ao seu valor de referência de 350cm² e a partir do qual ele também concluiu que seu valor de risco-neutro de 420cm² não modificou o nível de lesões mantido a 350cm², mas que ao nível de densidade de 630cm² reduziu significantemente a ocorrência de lesões graves. É preciso ser dito que a diferença determinada, entre o nível clínico e o prático, deve ser considerada e que 350cm² é um nível de densidade razoável e sustentável, baseado em nossa própria experiência, que tem o objetivo de entregar nossas aves nos locais de competição em condições ideais, considerando todas as situações que surjam.
Como um aparte, minha lembrança da existência da Tese do Dr. Gorssen foi ativada quando eu vi menção a ela em um site de proteção animal que eu estava navegando na Internet. Dessa forma é importante que estudemos suas descobertas e estejamos prontos para concordar ou descordar, conforme necessário.
Os níveis de densidade nas cestas de corrida, na Tese do Dr. Gorssen, se desenvolve paralelamente com seu objetivo de estudo original de geração de calor e conseqüente desidratação, sob condições de transporte. Mencionar as conclusões do Dr. Gorssen, nessa parte de sua Tese, nos fornece informações valiosas, como as seguintes:
“Este estudo mostrou que um aumento na margem de espaço por pombo é acompanhado de uma redução de atividade relacionada à produção de calor, e uma melhora no comportamento individual e coletivo. Comparado ao nível de tolerância máximo de espaço de 350 cm² por pombo atualmente praticado, níveis de 210 e 280cm² aumentam o risco de lesões graves em 8.8 e 5.2 vezes respectivamente.
Na temperatura experimental de 36°C, a perda de peso corporal foi baixa e não foi afetada pelo nível de espaço limitado. Isto indica que a contínua disponibilidade de água é um meio eficaz de prevenir desidratação devida à exposição ao calor, mesmo em elevados níveis de densidade. O efeito dos níveis de espaço em atividades relacionadas à produção de calor, comportamento e ocorrência de lesões foram verificadas tanto em pombos machos quanto fêmeas. Pombos machos, entretanto, tiveram uma maior atividade relacionada à produção de calor e estavam três ou mais vezes mais propícios a sofrer lesões graves.”
Como eu disse, a Tese do Dr. Gorssen é uma genuína mina de ouro de informação. É também um documento direcionado aos acadêmicos e como tal utiliza extensivamente abreviações, metodologia e bibliografia e requer uma enorme concentração para extrair suas descobertas, mas, sem dúvida, é de longe o mais significativo documento sobre transporte de pombos disponível e eu gostaria de reestudá-lo futuramente.
Por enquanto, finalizarei com as descobertas fundamentais do Dr. Gurssein, como se segue:
1. O consumo de água é um mecanismo essencial de defesa para pombos de corrida expostos a elevadas temperaturas ambientes.
2. Caso nenhuma água seja fornecida, 32°C é a temperatura limite da zona de temperatura ideal. Ultrapassar essa temperatura limite resulta em desidratação. A desidratação se faz refletir em maior desperdício de energia, em hipertermia, aumento da perda de peso corporal e redução da retenção de água no músculo peitoral. Contínua privação de água em temperaturas acima de 32°C podem resultar em mortalidade.
3. Variações de temperatura que excedam 35°C aumentam o nível de atividade. Durante o período de privação de água isso pode resultar em mortalidade.
4. O nível de temperatura ideal é semelhante para pombos jovens (no primeiro ano de vida) e pombos velhos.
5. Pombos jovens (no primeiro ano de vida) têm maior produção de calor do que pombos velhos. A diferença não pode ser explicada por diferenças de comportamento.
6. Lesões graves na cabeça, resultantes de interações sociais agressivas, são mais prováveis de serem observadas quando a margem de nível de espaço é baixa. O aumento dos níveis de espaço está associado a uma melhora no comportamento coletivo e uma redução de atividades relacionadas à produção de calor, tanto para pombos fêmeas quantos machos.
7. Os níveis de comportamento agressivo dentro de um grupo de pombos de corrida não desaparecem com o tempo.
O Dr. Gorssen faz menção a um ponto relevante em seu resumo dentre outros:
“As informações sobre desidratação, hipertermia e lesões de cabeça apresentadas nessa Tese fornecem tanto suporte termoregulatório quanto comportamental para a hipótese que perdas por combate possam aumentar devido a condições adversas durante o transporte. Entretanto, como mostrado na Figura 1 da introdução geral, transporte é apenas um fator do ciclo dinâmico em competições de pombos de corrida. No que diz respeito à perdas durante o vôo, o papel dos fatores ambientais antes e depois do transporte, do ponto de partida e durante o vôo respectivamente, não podem ser negligenciados.”
Concluindo, eu só posso concordar com o Dr. Gorssen e acrescentar que nessa terra árida e inóspita chamada zona rural Australiana, e na qual pode valer a pena acrescentar que a Columba livia tem evoluído basicamente nesse tipo de clima, por eras, mas não obstante requer disponibilidade de água sistemática durante o transporte e mais ainda, fomentar a educação organizacional para que nossas aves compartilhem a água em todas as oportunidades, antes da soltura. Isso, se considerarmos que extrema atenção ao gerenciamento de água durante o transporte é absolutamente vital para a sobrevivência de nossas aves.
Isso tudo nos leva ao princípio que, uma vez que a comporta de soltura é aberta, nossas aves estão lá fora sobre terra, sal e espinhos e, como o Velho Marinheiro, sem nenhuma gota para beber. Cabe a nós assegurarmos que elas não estarão procurando por algo que não está disponível, a não ser em casa.
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