Como Nasceu a Linhagem Fernando Fernandes?
Comecei a ter contacto com os “pombos correio” muito cedo e desde logo se começou a traçar o meu caminho no mundo da columbofilia. Aos 7 anos de idade já tinha os meus próprios pombos. Na aldeia de Santa Vitória, perto de Beja, praticava-se este apaixonante desporto e nessa época o interesse por estas enigmáticas aves despertou uma paixão nalguns miúdos.
Hoje é possível compreender a força e a dimensão de tal paixão, bem como, a importância que têm os pombos na minha vida, na do meu primo Nelson Fernandes e por consequência na nossa família.
No ano de 1987 (quando tinha 11 anos), na sequência de uma oferta de trabalho, os meus pais decidiram rumar a São Lourenço, aldeia pacata nos arredores de Estremoz, local onde nos fixámos e onde eu e o meu irmão crescemos muito felizes. Essa mudança foi acompanhada pelos pombos que já possuía. Entretanto arranjei outros de linhas diferentes.
À medida que os anos passaram a minha consciência e visão da columbofilia foi-se modificando. A sensibilidade pelo pombo e pelas suas características é inata, embora se tenha desenvolvido, mas o entendimento da columbofilia alterou-se ao absorver mais informação e conhecimentos, fruto de vários contactos com columbófilos mais velhos que vivem e pensam a columbofilia, exemplo disso o mestre deste apaixonante desporto o meu amigo Alexandre Pedro.
Julgo ter hoje um conjunto de instrumentos que me permitem, não só, continuar a melhorar as características que procuro para os pombos da minha própria colónia, como contribuir para o engrandecimento da columbofilia associativa actual.
Posto isto, vou falar-vos da história dos pombos que possuo.
A minha colónia é essencialmente constituída, por 5 linhas base. São sangues diferentes uns dos outros, com características particulares. Pombos com grande capacidade estrutural e vencedora. O cruzamento entre si, permitiu que criasse o meu tipo de pombo, aquilo a que eu chamo a linha própria linha “Fernando Fernandes”.
Os “galinhas”, designados desta forma, porque o pai era um pombo grande, mas com uma vivacidade que jamais esquecerei. Deu filhos extraordinários, com várias fêmeas e até aos dias de hoje, têm feito a diferença nas provas mais longas e difíceis, embora marquem bem de todas as distâncias.
Quando me tornei mais maduro, percebi que queria mais no mundo da columbofilia e julgo que devo agradecer aos descendentes desse pombo ”o galinha voadora”. Classificavam-se tão bem, que me despertaram para a possibilidade de, eu conseguir melhores resultados a nível pessoal na colectividade Rainha Santa Isabel, uma colectividade fortíssima, e a maior de todo o Distrito de Évora.
Foi essa busca, que me levou ao contacto e ao conhecimento próximo, de uma enorme pessoa e a um dos grandes columbófilos do nosso país, o sr. Joaquim Fernandes da Baixa da Banheira.
Do pombal do meu amigo Joaquim Fernandes, trouxe os “Azuis”, os “Sandokans”, os “Eloys” do Zé Mendes Caselas, os “Belgas do Xico”, entre outros. Na verdade estas 4 linhas foram as que mais se destacaram no meu pombal e fazem parte do núcleo duro (grupo) dos meus reprodutores. Linhagens antigas que continuam a ser preservadas no meu pombal. E destas, tenho ainda de evidenciar os melhores dos melhores, os “Azuis”.
Já nos anos 2000, chegaram ao meu pombal uns pombos “Janssen”. Pombos muito rápidos, capazes de vencer provas até aos 600 kilometros. Extremamente bonitos, muito “inteligentes”, e com um comportamento que sobressai á vista, portadores de um sangue tão bom, que cruzam com quase todos os outros sangues. Ajudaram a homogeneizar, ainda mais, esta minha linha.
Entretanto tenho incluído uma ou outra, nova linha, que tem demonstrado qualidade a voar, no meu pombal, porque é imperativo voarem para poderem ter acesso á minha restrita reprodução.
Não me posso queixar da sorte, uma vez que, tenho o privilégio de possuir, hoje, estes pombos. Muito menos me queixo, daqueles que se cruzaram no meu caminho e foram, o fio condutor para a consciência e entendimento que tenho da columbofilia actual. Sei que estamos sempre em evolução e que aquele que não apanhar o comboio da actualidade ficará afastado de outras viagens.
Cada um de nós tem o dever de fazer mais pelo nosso apaixonante desporto. Fazer mais significa, ter uma responsabilidade social na defesa do pombo -correio e na imagem da columbofilia. Cabe, a cada um de nós, individual e colectivamente demonstrar à sociedade a beleza, o encanto e a complexidade desta arte, sim, arte, porque é isso que diferencia a columbofilia.
A Federação Portuguesa de Columbofilia, tem a obrigação de fazer muito mais do que tem feito até aqui, na promoção deste desporto, junto dos jovens, das famílias e da sociedade em geral.