Todos, algum dia começamos a nossa jornada columbofila, mas nem todos começamos da mesma forma nem tão pouco começamos todos bem.
Em muitas Sociedades Columbofilas quando “cai” ali um candidato a columbofilo os restantes sócios, cheios de boa vontade, acabam por conduzir a uma má iniciação do mesmo.
E isto porque? Porque quando se trata de alguém que vem pelo seu pé tentar instalar-se na columbofilia, os restantes concorrentes afogam-no de pombos, ainda antes de se certificarem que está capaz de os receber. Depois na posse de tantos pombos surge o incitamento a que se comece a concorrer.
Então quem começa lança-se numa aventura onde tudo corre mal. Surgem as doenças, as quais não sabe identificar e só demasiadamente tarde as descobre, começam as estrondosas percas, fruto do desconhecimento de alguns riscos e especificidade próprias desta espécie . Os resultados são mais do que desanimadores, e a centelha do sonho columbofilo esmorece e na maioria das vezes extingue-se.
E isto tinha que ser forçosamente assim? Não, não tinha.
Era tão simples se em vez de o encharcarem com pombos davam-lhe uma mão cheia de conselhos, e outra cheia de energia para auxiliar a construir um pombal a sério. Depois algum columbofilo o acolheria em sua casa. Teria um ano para ver como se alimentam, preparam os pombos, como se os joga, que cuidados a ter à sua chegada, tratamentos, vacinações, identificar os pombos em forma e os incapacitados, enfim ser um cadete de columbofilo na academia de um amigo. Certamente que esse amigo lhe ensinaria o melhor que podia, até porque teria orgulho de ver o seu “cadete” brilhar mais do que o “cadete” dos seus adversários.
Depois, e mais maduros, com um pombal e com os borrachos que o seu “tutor” e outros conhecidos lhe ofertariam estava pronto para atacar o seu primeiro ano.
Com poucos pombos. Não mais de sessenta, contando em perder nesse ano mais de metade deles.
Nesse entretanto deverá começar uma cruzada que será o pilar do seu sucesso. Estou a falar de arranjar os reprodutores, pois é neles que assenta todo o desporto columbofilo. A columbofilia não é mais que uma gesta em melhorar uma espécie animal de qualidades extraordinárias e mundialmente reconhecidas, às quais a humanidade moderna deve muito.
Nesta altura muitos estarão a pensar que quem começa não dispõe, na maioria dos casos, de dinheiro para comprar reprodutores de qualidade. É verdade. Ninguém, nem o mais abastado têm o dinheiro para pagar o preço justo de milhares de anos de evolução. O que se paga pelos pombos que se adquire é uma importância meramente simbólica do seu real valor. Mas mesmo assim alguns pombos custam mais que outros. Porém não são os mais caros que são forçosamente os melhores.
Os melhores reprodutores podem até ser dos mais baratos, basta sermos argutos o suficiente.
Como escolher então os pombos para encher o nosso pombal de reprodutores, sem gastar muito? Bom então vamos começar por onde devíamos. Ou seja vamos ver o que são as provas normais das distâncias que vamos correr. Uns voam especialidades, outros campeonatos gerais. Para qualquer deles porem o conselho é o mesmo. Elaborem um estudo estatístico de o que será um concurso típico da vossa colectividade, isto em termos de distâncias, direcção e intensidade do vento. Existiram concursos que fogem ao geral, mas como temos que apostar apostamos no que é mais provável acontecer. Depois procuramos concorrentes de sucesso que voem em condições semelhantes às nossas. Nem sempre esses concorrentes de sucesso são campeões. Basta que classifiquem semana após semana um numero de pombos muito acima da percentagem que lhes compete, ou seja em vez de classificarem os tradicionais 20% dos enviados classifiquem 40% ou mais.
A esmagadora destes concorrentes não são comerciantes, são pessoas que começaram como todos nós com a mão amiga de alguém.
Abordem-nos, digam-lhes que estão a começar, que precisavam de reprodutores, que viram que os seus pombos apresentavam qualidade, e que gostariam de poder adquirir um ou dois casais dos seus pombos. O mais provável é terem que gastar alguns euros, mas nada que com um pouco de sacrifício não se consiga juntar em pouco tempo. Depois não comprem borrachos. Isto porque quem os criou certamente acalenta fortes esperanças nos casais que realizou, e ninguém se desfaz de um sonho por meia dúzia de euros. É disso, e com isso, que vivemos. De sonhos.
Mas podem dar a volta à questão porque todos os sonhos, mesmo os bons, têm um reverso. Estamos em casa de um bom columbofilo. Certo? Então no seu pombal de voadores deverão existir uma infinidade de pombos com qualidades já demonstradas. Algum, certamente poucos, estarão no fim de carreira, em razão da idade, em função de acidentes, em resultado da pressão demográfica resultante da necessidade de arranjar espaço para os novos borrachos tirados na esperança de melhorar ainda mais.
Muitos desses pombos não têm lugar no pombal de reprodução visto não se tratar de um comerciante mas de alguém como vós que voa os pombos pelo prazer de competir e seleccionar, e o numero de reprodutores terá forçosamente que ser limitado. Esses pombos serão filhos ou irmão de outros que já se encontram na reprodução, onde todos os lugares possíveis estão já preenchidos. Esses pombos, em fim de carreira, são uma verdadeira dor de cabeça para o columbofilo. Serviram-no com tanta lealdade durante três, quatro ou mais anos, com tanto valor que não se aceita que os mesmos sejam mortos só por não terem lugar nos reprodutores.
Se vocês se mostrarem interessados nesses pombos e dispostos a compra-los certamente conquistam a amizade do columbofilo que vendo um fim risonho para os seus pupilos, até os oferece ou vende por um valor muito abaixo do seu valor real.
Se esse columbofilo for uma pessoa esperta até os oferece, pois ganha com essa oferta um amigo e uma filial onde pombos seus podem mostrar o seu valor, e onde sabe que poderá recorrer para de tempos a tempos poder refrescar as linhagens que desenvolveu.
E é interessante trabalhar desta forma, pois pode-se trocar experiências e conselhos com benefícios para ambos os lados.