Poderei escrever que o melhor momento e recordação que tenho dentro desta modalidade, foi quando tive o primeiro contacto com este desporto. Decorriam os anos 80, residia na Bairrada, em Oliveira do Bairro, e dentro do meu autocarro escolar encontrei uma fêmea azul, logo decidi ficar com ela. Construi um pequeno abrigo, lembro que a sua anilha era de cor azul, de 1980, e logo procurei obter contactos com outros columbófilos. Muito jovem ainda, o que tornou difícil a aproximação, tive a sorte de descobrir que tinha um primo columbófilo. Lá ia eu todos os fins-de-semana de bicicleta, sempre muito cedo, para ver a chegada dos pombos.
Nesses anos, mais propriamente em Sangalhos, existiam columbófilos consagrados, como o Sr. Fernando Simões, lembro que cultivava as linhas do Horta & Silva, Victor salgado, Monans, Imbrechs, e lembro também que era um columbófilo muito solicitado.
Outro Senhor dos pombos, seria o Sr. Luís “Cantoneiro”, personalidade muito conhecida na altura.
Eu passava horas a observar os pombos dele, onde havia um vão de escadas, lá estava este transformado num pombal de reprodução. Era das pessoas que mais admirava. Fazia a ração que vendia, via-o a fazer as misturas, a máquina que peneirava os grãos, a pequena farmácia que tinha na cave, momentos muito bons que passei. Aprender algo era difícil, não era muito comum a divulgação, o segredo era a "arma" principal deste desporto. Foi a este homem a quem eu aluguei o primeiro comprovador, um Soumar pintado de azul, custou 1000 escudos por o ter utilizado numa só campanha. Não posso esquecer outros excelentes columbófilos da altura como o Sr. Alberto Simões, Sr. Marcelino,Sr. Alberto Alves, Alberto Santos, Sr. Valente...
Por falar em campanha, a primeira experiência de competição foi em 1981, apesar de nada constar no histórico da Federação. As anilhas eram vermelhas, o meu pombal, diria melhor, o meu abrigo era feito de madeira, um caixote que serviu de transporte de material que tinha vindo de Angola. Transformei num pequeno pombal, tinha um pormenor excelente, ficava num ponto elevado, e as chegadas apesar de tardias eram fantásticas. Até hoje nunca tive o privilégio de repetir tal encanto.
Estes momentos marcaram a minha passagem pela columbófilia, foram muito especiais, porque agora, mais importante que a própria competição, é poder continuar a lidar, a trabalhar esta excelente ave, que é o pombo-correio.
Depois desta bela fase houve um longo interregno, um afastamento total, e ao voltar sinto uma diferença brutal, a revolução/evolução do desporto columbófilo é enorme.
Actualmente criei as condições que acho necessárias e apropriadas para continuar a entreter-me com os pombos. Não tenho a disponibilidade necessária para competição, a minha actividade profissional não me permite, sou Ecónomo, saio de casa normalmente de noite para o meu trabalho e entro em casa também de noite. Só quando a hora muda (hora de verão), é que tudo volta ao normal. Mas, apesar de tudo ainda tenho aquele tempo necessário (???) para o chamado “hobbie”.
Fiz um bom investimento em pombos (reprodutores), e nas condições (pombais) para os albergar, sinto-me muito bem assim. Não posso ambicionar muito mais, além do tempo disponível.
A algum tempo atrás senti-me bastante mal, o diagnostico dado foi de uma alveolite extrínseca alérgica, os médicos muito objectivamente disseram que a causa principal era dos pombos.
Parei, quando melhorei recomecei, parei mais uma vez, e isto repetiu-se por diversas vezes, mas agora com estas condições sanitárias que criei, e o uso diário de uma mascara apropriada, e um cuidado muito especial nas limpezas, poderei continuar (temporariamente?) a ter aquilo que gosto.
Espero que assim continue por bastante tempo, e com saúde, é o meu desejo.