REGRAS PARA RELEMBRAR |
15-11-2009 |
REGRAS PARA RELEMBRAR As 10 regras dos campeões e os 10 erros de todos os outros
Por vezes perguntam-me por regras importantes que devem estar sempre presentes. Por vezes perguntam-me sobre as diferenças entre os columbófilos campeões e os não campeões. Por vezes perguntam-me tantas coisas. O meu modo de vida é praticar a columbofilia e escrever sobre ela, conheço pessoalmente, por isso, quase todos os campeões belgas e holandeses, assim como os seus pombos, os seus pombais e os seus métodos. Fruto da minha experiência compilei uma série de regras que colocam os columbófilos num espaço muito limitado… o topo das classificações. Ter bons pombos não é suficiente para marcar bem, também é necessário que se sintam bem no pombal e… que sejam tratados em conformidade. Marcar bem parece tão fácil para os campeões, no entanto os não campeões pensam muitas vezes que a columbofilia está cheia de ciladas. Foi por esta razão que decidi realizar um resumo dos factores que podem fazer toda a diferença entre vencer e perder… algumas regras para seguir e relembrar. Não foram escritas para os campeões, penso que não encontrarão nada que ainda não saibam, mas constituem uma leitura preciosa para todos aqueles que tentam chegar à fama.
Regra Um: O factor mais importante para se ter sucesso em columbofilia é cultivar bons pombos. Parece simples, mas acreditem que muitos columbófilos não se preocupam muito com isso. Estes pensam que os sucessos estão escondidos no interior de uma frasco mágico, acreditam em segredos que muitas vezes não existem e suspeitam até que os campeões têm segredos que não querem revelar ou partilhar. No entanto, se os campeões têm um segredo, este é o valor dos seus pombos!
Regra Dois: Os bons pombos não estão apenas nos pombais dos nomes sonantes, bem pelo contrário. A maioria destes devem a sua fama a pombos que adquiriram a columbófilos praticamente desconhecidos. Um pombo não é obrigatoriamente bom se tiver o pedigree dos Janssen, Van Loon, Toye ou qualquer outro columbófilo famoso. O que a maioria dos praticantes não quer saber é que até os melhores columbófilos do mundo criam mais pombos maus do que bons. Acredito que alguns vendedores enganem os compradores, mas o simples facto de um pombo que tenham comprado a um campeão não tenha dado os resultados esperados, não quer dizer necessariamente que tenham sido enganados.
Regra Três: Esqueçam todas as teorias relacionadas com os olhos. Os belgas e holandeses riem-se dessas conversas e vocês devem fazer o mesmo. O facto de não existir uma palavra em holandês para definir eye sign (teoria do olho) é esclarecedor. Os cientistas belgas dizem com frequência que a teoria dos olhos é uma treta, e essa deve ser a vossa opinião sobre aqueles que afirmam que um pombo é bom ou mau reprodutor/voador apenas pela observação do seu olho. O que costumo dizer é… “se querem comprar bons pombos não olhem para os olhos dos pombos, mas sim para os do columbófilo”. Será honesto? Será que procura vender qualidade?
Regra Quatro: Se me dessem a escolher entre encestar um bom pombo fora de forma e um pombo médio em forma, escolheria este último. É verdade que os bons pombos alcançam a forma com mais facilidade que todos os outros. Por isso, a saúde natural é também uma qualidade! Eliminem os pombos da vossa colónia que andem sempre adoentados. É claro que os pombos têm que se sentir bem no pombal. Como querem que os atletas atinjam a forma se os colocarem em instalações com problemas de temperatura, correntes de ar ou humidade?
Regra Cinco: Os campeões sabem como conduzir os bons pombos à forma, um factor decisivo para vencer, uma vez que, como já dissemos, ter bons pombos não chega. No entanto, não pensem que a forma vem empacotada dentro de uma embalagem. Procurem dar o mínimo possível de medicamentos. Estes são desenvolvidos para curar humanos e animais que se encontrem doentes. Não foram desenvolvidos para transformar pombos médios em craques. A “garrafa mágica” que faz campeões não existe. Porque será que alguns veterinários columbófilos não marcam nada? E porque razão os campeões gastam dinheiro em pombos de qualidade se sabem como tornar maus pombos em vencedores?
Regra Seis: O pedigree é importante, mas não passa de uma folha de papel. Muitos columbófilos atribuem-lhe demasiada importância, um facto que os belgas e holandeses não percebem muito bem. Se os pedigrees pudessem voar… Um pombo de boa origem oferece mais garantias. Os columbófilos que dão muito valor aos pedigrees só estão a pedir para serem enganados. Temos que partir do princípio que nem todos os exportadores e importadores de pombos são homens sérios. É um facto que um bom pombo passa a valer muito mais se no seu pedigree aparecerem nomes sonantes. Os únicos responsáveis são os columbófilos que valorizam em demasia os pedigrees. Se os pedigrees fossem feitos antes dos borrachos serem anilhados, antes de ganharem um concurso, muitos deles seriam diferentes do que são.
Regra Sete: Há treinos e treinos… pombos que voam sempre à volta do pombal não estão a ser bem treinados. Quando chega a hora de abrir a janela, todos os pombos devem estar já em alerta, prontos para sair do pombal provocando um barulho enorme. Sinais positivos é quando o pombal parece que está a vomitar pombos e estes voam logo para longe em linha recta e a toda a velocidade. Quando o columbófilo olha para o horizonte já não os deve ver. Se estes desaparecerem durante um longo período e começarem a aparecer em pequenos grupos, com aspecto cansado e asas pendentes, podem dormir descansados que o próximo concurso será como um sonho… um bom sonho. Torna-se pois evidente porque razão sou contra o uso de bandeira para os obrigar a manterem-se no ar. Se necessitarem dela, é porque existe algum problema. Ao forçarmos pombos doentes a voar, só estamos a piorar a situação.
Regra Oito: Em relação a bons pombos, o que conta são os resultados e não a propaganda. Mas os resultados têm que ser correctamente analisados… a) em primeiro lugar quantos pombos encesta a cada concurso o columbófilo em questão? Marcar dez prémios parece bom. Mas se o columbófilo encestou 100, nesse caso o número de prémios não é lá grande coisa. Um outro columbófilo será muito melhor se marcou três prémios de três encestados. b) A qualidade dos columbófilos em competição também é de extrema importância. Um primeiro prémio ou uma boa série de marcações não me dizem nada. Quero saber mais. “Diga-me o nome dos seus adversários, e eu dir-lhe-ei se os seus pombos são bons ou não”.
Regra Nove: Alguns pombos têm tantos pontos fracos que facilmente podemos dizer que nunca será um bom voador, no entanto o contrário nem sempre é fácil de detectar. Ninguém, mas mesmo ninguém, poderá dizer com 100% de segurança que este ou aquele pombo é bom voador. Esta é a razão pela qual os columbófilos espertos nunca dizem que “este é um bom pombo”, dizem sempre “este é um pombo bonito”, o que não quer dizer a mesma coisa! Ser “bonito” não quer dizer que seja “bom”, a este respeito podemos dizer que pombos e mulheres não diferem muito.
Regra Dez: Infelizmente, a chamada “doença dos borrachos” (adeno-coli) tornou-se num problema mundial. Reduzirão significativamente as hipóteses do aparecimento desta enfermidade entre os borrachos se utilizarem sempre o mesmo lote de ração. Os borrachos ficarão muito mais vulneráveis se mudarem constantemente o lote de ração, aliás como procedem muitos columbófilos. Dar dieta no início da semana e depois ração mais pesada, é muito arriscado porque temos esta nova doença. Parece que a mudança do tipo de ração é demasiado pesado para os intestinos dos borrachos.
10 ERROS COMETIDOS PELOS NÃO CAMPEÕES Muitos campeões trocam ideias e experiências e os não campeões fazem o mesmo. A razão pela qual nunca chegarão a ser campeões é que estes cometem erros (todos o fazemos), mas o factor decisivo é que como não sabem que os estão a cometer, continuam a proceder sempre da mesma forma.
Erro Um: Nunca será demais lembrar que é um grande erro atribuir demasiada importância aos pedigrees, aos nomes sonantes e à raça. Esta importância já provocou muitas desilusões.
Erro Dois: Os não campeões costumam fazer coisas nos momentos errados. Utilizam medicamentos demasiado cedo, ou demasiado tarde. Utilizam medicamentos quando os pombos começam a voar mal, mas esquecem-se que não estar em forma não quer dizer que estejam doentes. Tratar pombos contra doenças que não existem só resulta num enfraquecimento do seu estado físico, ou então só usam medicamentos quando os pombos já estão praticamente mortos.
Erro Três: Os não campeões não têm confiança. Mudam de métodos uma e outra vez. Existem alguns bons sistemas e alguns maus sistemas. Mas o pior de todos eles é andar a mudar constantemente.
Erro Quatro: Principalmente para o jogo com pombos novos é de extrema importância ter um bom relacionamento com os atletas. Quando um não campeão entra no seu pombal, os pombos parece que viram um fantasma, voam como malucos a tentar fugir, sinal que não confiam no seu tratador. Quando um campeão está no pombal, os pombos não se preocupam, agem como se estivessem sozinhos, no entanto, embora não parecendo, o campeão tem a colónia perfeitamente controlada. Ele é o general, os pombos são os soldados, e os bons soldados são disciplinados. Os campeões brincam com os seus pombos, enquanto que os pombos brincam com os não campeões.
Erro Cinco: Os não campeões procuram os melhores produtos para curar os seus pombos. Os campeões tentam evitar que os seus pombos fiquem doentes e preocupam-se em ter um pombal confortável para os pombos. Nos bebedouros dos campeões a água é quase sempre incolor, enquanto na dos não campeões é quase sempre colorida. Os não campeões não eliminam um pombo doente com facilidade, conservam-no demasiado tempo. Pelo contrário, os campeões não perdem muito tempo com compaixões - têm mãos de ferro em luvas de seda.
Erro Seis: É errado, principalmente com pombos novos, alimentar com ração muito grossa, ou seja, muita proteína (ervilhas). As ervilhas são boas para os borrachos de ninho que ainda têm muito que crescer. Para pombos de ano são autêntico veneno.
Erro Sete: A maioria dos não campeões são ingénuos. Quando acasalam os pombos não se apercebem da importância da sorte no procedimento. Pensam que se acasalarem um bom macho com uma boa fêmea, ou a sua irmã, nascerão automaticamente super voadores. No entanto, isto não é assim tão simples.
Erro Oito: Os não campeões deixam-se influenciar pela propaganda e pela imprensa. Os campeões são mais realistas.
Erro Nove: No pombal de reprodutores dos não campeões encontramos reprodutores já velhos que nunca deram bons filhos. Pergunto-me sempre o que fazem lá esses pombos.
Erro Dez: O pombo moderno tem tendência a ser cada vez mais pequeno. Alguns pensam que pombos grandes são mais fortes, o que é errado. São precisamente os mais pequenos que melhor enfrentam as más condições atmosféricas e as maiores distâncias.
COMO CONCLUSÃO É um prazer enorme ter bons pombos. É aliás esta a principal razão que leva alguns columbófilos a pagarem bom dinheiro por eles. Devo dizer que os meus pombos já ganharam tudo o que havia para ganhar. Este facto levou-me a criar uma regra que nunca violei, ou seja não faço apostas em dinheiro, uma vez que os meus adversários pensam que não teriam hipótese de ganhar. Os meus resultados são a garantia da credibilidade que os meus artigos alcançaram em todo o mundo columbófilo.
© Ad Schaerlaeckens
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