O Segredo dos Campeões |
18/08/2007 |
O SEGREDO DOS CAMPEÕES Quando os nossos pombos não conseguem bons resultados, é importante não demorar muito em encontrar o verdadeiro motivo dessa situação. Há duas possibilidades… ou os pombos não são de boa qualidade ou não estão em boas condições físicas ou de forma. Raramente essas duas causas aparecem em simultâneo, porque, nos dias de hoje, os pombos de boa qualidade estão largamente espalhados por todo o lado, e acredito firmemente que haverá poucos columbófilos que apenas possuem pombos de fraca qualidade. Na Holanda e Bélgica, normalmente a competição faz-se na razão de um prémio para cada quatro encestados. Isto quer dizer que em 1000 pombos numa prova haverá 250 prémios. Quando um columbófilo encesta 16 pombos pelo menos espera ganhar quatro prémios. Não é bom nem mau. Quando ganha oito prémios (50% dos encestados) isso é considerado como bom. Os (verdadeiros campeões?!), contudo, não ficam satisfeitos com este tipo de performances. 50% ainda não é bom para eles. Temos a seguinte situação: Se um campeão encesta 16 pombos para um concurso e se ganha oito prémios não é bom para ele! Se um fraco concorrente encesta também 16 pombos e se ganha oito prémios, é uma grande proeza, já que quatro prémios já seria bom para ele! Se um outro encesta também 16 pombos e não ganha nenhum prémio nos primeiros 25% do encestamento total, onde estará o mal? Parece mesmo um contra-senso. Haverá ainda quem tenha tão maus pombos? Acho que a falta de qualidade não poderá ser a razão. Esse columbófilo deve ter um problema e deve visitar um veterinário. Os seus pombos devem estar doentes e não será pouco.
A grande falha Fraca qualidade ou saúde deficiente? É este o grande dilema de muitos columbófilos que não conseguem triunfar na columbofilia. No que diz respeito à qualidade dos pombos, já por diversas vezes escrevi e disse que ninguém no mundo pode ter certezas quanto à boa qualidade de um pombo! Não se pode ver isso nos olhos e nem mesmo os mais valiosos sangues e melhores raças fazem, necessariamente, de um pombo, uma ave de qualidade. Não podemos também explicar o contrário. Se não podemos dizer que determinado pombo é ou será bom, também não podemos dizer se determinado pombo é ou será mau. Alguns, no entanto, podem ter tão má plumagem, ou uma tal estrutura óssea que, definitivamente, não podem ser bons. Se um columbófilo consegue ver se um pombo está mal, isso já é alguma coisa. Não será “apenas” alguma coisa! Penso que isso será a chave do êxito de muitos columbófilos. Sabem quais são os pombos que têm de ser eliminados! “Uma boa selecção”!, dizem muitos campeões, “é o meu segredo”. Toda a gente comete erros quando começa a seleccionar pombos, mas uma quarta parte dos campeões, digamos, comete menos erros do que os outros. No que diz respeito a uma única coisa - a saúde - nunca cometem erros. É quando a saúde, a saúde natural, é a base do critério da sua selecção. O columbófilo que se liberta das aves que não estão em boa condição durante os 365 dias do ano, raramente cometerá desses erros. Quando um columbófilo possui, digamos, 40 pombos e 38 gozam de boa saúde, não há razão para que os outros dois estejam doentes. Libertem-se deles! Certamente que não quererão tratar os 40 pombos para curar os outros dois. Quando dois estudantes duma determinada turma têm uma dor de cabeça, certamente que o professor não dará uma aspirina a todos os estudantes!
O segredo No desporto columbófilo muitos caminhos podem levar-nos ao êxito. Mas existe uma coisa que os campeões têm em comum. Não têm pena das aves que não se mantêm em permanente boa saúde ou que, constantemente, necessitam de medicamentos para se manterem em boa forma física. Aqueles que exageram na aplicação de medicamentos, concerteza não possuem pombos doentes, mas simplesmente insistem nessa área talvez para conseguir dessas aves a “super forma”! A sua saúde não é natural, é artificial. Isto também é importante quando decidimos introduzir pombos na nossa colónia. Fujam dos columbófilos que utilizam muitas drogas nos seus pombos. Será melhor comprar pombos a columbófilos que não conheçam, nem utilizem muitos medicamentos. Nessas colónias encontraremos aves fortes com muito mais resistência natural às viroses, às bactérias e aos perigos que os esperam fora do pombal, por exemplo, nas caixas de transporte a caminho do local da solta para um concurso. Muitos columbófilos perguntam: “Que posso dar aos pombos para os tornar mais saudáveis?”. É uma falsa questão. A pergunta deveria ser: “Que posso fazer para obter pombos resistentes, fortes por natureza, pombos com uma boa imunidade que não necessitem permanentemente de medicamentos?”. A resposta é: a selecção. Devemos ser bons e pacientes para com os pombos, mas severos ao mesmo tempo! “Uma mão de ferro numa luva de veludo”. Para além disso, a selecção não pode começar muito tarde. Efectivamente, a selecção deve começar a fazer-se quando o pombo ainda está no ovo!
Erros No que concerne à selecção, cometem-se os seguintes erros: Há muita gente que começa a pensar desde muito cedo que determinado pombo será muito bom. O mesmo pombo, para um campeão, poderá ser considerado apenas como um pombo de média qualidade, e pode seguir para o pombal dos reprodutores se estiver na colónia de um columbófilo de média categoria. Outros conservam pombos como reprodutores, onde não deveriam ter lugar. Por exemplo, pombos com a idade de quatro anos que nunca reproduziram um bom voador. Esse tipo de pombos está lá devido à sua origem ou porque o seu preço foi elevado. No que respeita aos pombos de competição, é a mesma história. Um pombo de dois anos raramente faz melhor o seu trabalho quando se vai tornando mais velho. É por isso que à idade de dois anos, o pombo deve mostrar todas as suas qualidades, caso contrário terá de analisar-se a situação e dar-lhe o caminho mais conveniente. É por essa razão que os maiores campeões da Europa viajam com tantos pombos de ano.
Pombos jovens A competição era muito diferente há algumas décadas atrás. Se analisarmos as folhas das classificações da Bélgica e Holanda e as compararmos com as destes últimos anos, verificamos as diferenças de idade dos vencedores e primeiros lugares dos concursos. Agora aparecem com mais frequência no topo das classificações, pombos de um ou dois anos de idade. Só para concursos com dois dias de viagem, por exemplo Pau e Barcelona, será diferente. No passado, um pombo que estivesse doente, perdia-se. Simplesmente, não havia medicamentos adequados e, normalmente, pouco se utilizavam. Depois começaram a utilizar-se os tratamentos para tudo e podemos dizer que, uma quarta parte dos columbófilos, já tem problemas de todas as espécies no seu pombal. A medicação contínua durante anos torna os pombos mais fracos. Muitos columbófilos ainda não compreenderam que a medicina desenvolveu-se muito na questão da cura das doenças. Procuravam refúgio na medicina quando os resultados eram fracos porque suspeitavam que os campeões para serem bons teriam de estar medicados. É um conceito errado. Os medicamentos não fazem boas colónias. Uma dura selecção baseada nos resultados, na saúde natural e na imunidade, fazem realmente uma boa e duradoura colónia.
Pombos mais novos No passado, muitos campeões da Europa separavam os filhotes dos pais quando tinham quatro semanas de idade. Nos dias de hoje, já o fazem com três semanas de idade. Fazem-no por várias razões: Alimentar os filhotes deve cansar demasiado os pais, especialmente quando já têm uma idade avançada. Separá-los dos pais mais cedo torna-os mais dóceis. Poucos pombos ficam marcados por esse modo de actuar e, quando ficam, é o columbófilo o responsável por não ter bons contactos com as aves. Agarra-as com muita impetuosidade: Mãos na cabeça, suave aproximação da ave e, repentinamente, agarrámo-la com força. Não esperam que tais pombos percam toda a confiança no tratador? Como se pode esperar que tais pombos entrem rápido no regresso dum concurso quando vêm quem os trata dessa maneira? Acreditem ou não, tais aves só entram se o tratador se esconder. Há também o columbófilo que faz as coisas de maneira diferente: Os pombos entram mais rápido quando vêm o seu amigo, o tratador. Fazem as coisas como deve ser. É outra boa razão para separar os filhotes dos pais mais cedo e tem a ver com a selecção. O columbófilo começa a conhecer mais cedo quais são os borrachos mais fracos.
Pombos sem futuro Quanto mais cedo se possa seleccionar os borrachos, melhor. Na verdade, a selecção pode começar quando os borrachos ainda não saíram do ovo. Alguns conselhos sobre a selecção: 1) Não acreditem em ovos com uma casca muito rugosa e dura. Se o borracho não morrer dentro do ovo, raramente será um borracho vital, mesmo se é filho dos melhores pombos da colónia. A casca do ovo deve ser brilhante, polida, tal como os pombos saudáveis. Deitem fora os ovos com casca rugosa e dura. 2) Quando estiverem a anilhar os borrachos (oito a dez dias de idade), verifiquem se algum deles tem as pernas mais finas do que outros borrachos da mesma idade. Tais pombos podem nunca mais vir a ser fortes, vitais e saudáveis. Podem também eliminar esse borracho. É um pombo que não tem futuro. 3) Atenção aos borrachos que estão sempre a piar na tigela. Pode ter como origem a tricomoníase e a medicação específica dará uma ajuda. Mas tal coisa nunca acontecerá a um bom columbófilo. Está sempre alerta em relação à tricomoníase e age preventivamente. Geralmente fala-se sobre borrachos que piam muito na tigela como sendo borrachos sem grande futuro. 4) Devemos também dar atenção aos borrachos que aparecem molhados na tigela. E aparecem molhados porque os pais bebem muito e a papa que dão aos filhos contém muita água. Pombos que bebem muito não se encontram em muito boas condições. Na maior parte das vezes são os órgãos digestivos que não estão a funcionar bem. O começo de vida com estes borrachos não é o melhor. Também é possível que os borrachos se deitem em cima das suas próprias fezes. E porquê? Porque não têm força para lançar as fezes para fora da tigela. Não são suficientemente fortes. Libertem-se destes borrachos. 5) Às vezes verifica-se que o crescimento das penas de cobertura na zona das escapulares está atrasado. Se compararmos com outros borrachos da mesma idade a plumagem está mais avançada, mais completa. Acompanhar com cuidado esses borrachos com a plumagem atrasada, porque esse facto demonstra falta de vitalidade e isso significa futuro incerto. 6) Após a separação dos pais, pode acontecer que os borrachos demorem a começar a comer. Pedem até a outros borrachos que lhes dêem de comer. Mais uma vez: borrachos fracos não devem permanecer no pombal. 7) É um bom hábito abrir o bico dos borrachos pelo menos uma vez. Pode acontecer que o bico esteja fraco e frágil. Esta anomalia demonstra uma fraca ossatura e um corpo fraco. Fora! O mesmo deve acontecer com os borrachos que têm uma grande abertura da garganta. 8) Já manuseei muitos dos melhores pombos da Holanda e Bélgica. Muito poucos desses pombos eram do tipo grande. E os grandes só brilham nas provas de velocidade. A hipótese dos pombos grandes serem bons nas longas distâncias é quase zero. Não gosto de pombos de ano que estejam quase sempre no chão porque estão muito gordos e grandes demais para voar para os poleiros mais altos, enquanto que pombos da mesma idade estão sempre a querer voar. Columbófilos com pouca experiência pensam que os pombos grandes são os mais fortes para voar. Estão enganados. O pombo de competição moderno é, sem dúvida, mais pequeno.
Outro erro É importante aprender com os próprios erros. Aconteceu-me há tempos ficar com um borracho que estava doente. A única razão: os pais eram realmente especiais. Nunca me tinha acontecido e esse pombo doente também não deu qualquer coisa de bom. Agora não hesito, a selecção para ser efectiva não deve ter excepções. Boa saúde é o principal atributo que um borracho e mesmo um adulto deve possuir. Se o borracho não está de boa saúde, primeiro elimina-se e depois verifica-se pela anilha quem são os pais. Se primeiro se vê quem são os pais, talvez os nossos olhos de juiz sejam influenciados e sejamos persuadidos a deixá-lo viver.
Positivo Do que gosto mais nos pombos de ano, para além da sua saúde natural, é o seu apego ao seu próprio território, apesar da sua tenra idade. Pombos que gosto de apanhar no escuro e que sei estarem sempre no mesmo poleiro, são normalmente bons pombos. Não gosto dos pombos que estejam pousados em lugares diferentes. Os pombos que não se sintam atraídos pelo seu próprio território e o defendam, raramente são bons atletas.
Conclusão Pombos com um corpo perfeito, olhos bonitos, plumagem impecável e mesmo com um perfeito pedigrée, podem ser aves sem valor, não ganham nenhum prémio. Este facto faz com que uma boa selecção seja tão problemática. O que é mais importante, o que faz com que um pombo seja bom, é o seu carácter, poder de orientação, inteligência, vitalidade, o apego ao seu território. Por isso, alguns erros podem ser cometidos quando se faz a classificação e selecção. Um columbófilo que classifica e selecciona com base nos parâmetros da saúde nunca eliminará bons pombos. E, felizmente, não será assim muito difícil ver se um pombo está doente ou não. Não pensem que os medicamentos fazem vencedores. Columbófilos célebres como Klak, Engels e muitos outros têm tido imenso êxito procedendo assim. Não são doutores, químicos, pelo contrário, pouco conhecem de medicamentos ou doenças. O que têm em comum é que eles compreendem o quanto é importante a selecção!
© Ad Schaerlaeckens
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