EQUÍVOCOS “Já sei” ou “não sei” é o que muita gente diz quando conversam com amigos. Realmente, mesmo as coisas que sempre pensamos ser verdadeiras, podem dar origem a incompreensões, a equívocos, também no nosso desporto. É por essa razão que os columbófilos devem estar sempre a interrogar-se sobre as mais diversas questões. Quando julgamos que já chegamos à altura de que não temos nada para aprender, pode ser o princípio do fim. A maior parte daquilo que sabemos é baseado na nossa própria experiência ou naquilo que já lemos e estudamos, mas os conhecimentos obtidos através da própria experiência são os mais valiosos e duradouros. Para além disso, praticamos um desporto que está sempre em evolução. Aparecem novos medicamentos, novas doenças, novos métodos, novos campeões, etc.. Tudo isto obriga-nos a pensar e a reconsiderar o nosso modo de actuar.
E. COLI Na Europa Ocidental é uma doença que também é conhecida por “doença dos pombos novos” (nos média, na imprensa escrita está referida como adeno/coli) e tem sido uma autêntica praga há mais de uma década. Há três anos atrás apareceram boas notícias, ou melhor pareciam boas notícias. Escreveu-se que a doença deixava de ser um grande problema, até eu mesmo disse isso, os columbófilos estavam felizes porque o pesadelo já tinha passado à história. Infelizmente, estávamos todos enganados. Na Primavera deste ano (2004), a adeno/coli atacou novamente muitas colónias, algumas de forma bastante grave e séria. Agora, os columbófilos estão preocupados e perguntam se há qualquer coisa que possam fazer para evitar um surto dessa doença. Infelizmente, a resposta é negativa. Não há nada que possa proteger os pombos com segurança. A boa notícia, é que há caminhos que podem reduzir as hipóteses dos pombos ficarem doentes. Há tempos atrás tinha compilado uma série de medidas a tomar que devem ser consideradas como um conselho.
Como reduzir os riscos a) Se os pombos estiverem infestados de tricomonas durante todo um ano pode transformar-se numa perigosa infecção, fica assim aberta uma porta a toda a espécie de doenças, especialmente… E. coli. b) Vacinar os pombos novos contra a paramixovirose o mais cedo possível. No passado disse-se que esta vacina só deveria ser aplicada nos pombos adultos, mas os cientistas mudaram de ideias. Deve ser aplicada aos borrachos com a idade de quatro semanas e, realmente, os borrachos vacinados nessa idade ficam menos vulneráveis. c) Parece um conselho estranho, mas não é conveniente ter cuidados de higiene muito frequentes (quando há indícios de existência de E. coli). Pombos que vivem num pombal que é limpo e desinfectado frequentemente são afectados com mais facilidade pela E. coli. É um facto que foi provado por experiências e testes efectuados na Alemanha. d) Ter cuidado com o uso de vitaminas. E. coli ataca o fígado e aos pombos que se administram muitas vitaminas, o seu fígado também pode ser afectado. Podem perguntar porque razão o E. coli já é um grande problema na Europa Ocidental e não o é em alguns países e regiões como a África do Sul, Escócia, etc. Muito provavelmente é pelo abuso de antibióticos de todas as espécies. Nos países onde os medicamentos se usam pouco ou nada, não se conhecem determinadas doenças. O uso de cortisona, em particular, parece diminuir as resistências naturais. e) Evite o stresse e ainda mais o excesso de pombos por pombal. No passado muitos veterinários assumiam que o vinagre na água de bebida dado como preventivo, como ácido, impedia o desenvolvimento das bactérias. O vinagre tornou-se popular mas… é agora considerado como ineficaz.
VENCEDORES Quando um pombo ganha um concurso, naturalmente os columbófilos perguntam quantos pombos foram encestados. É uma pergunta normal, mas a assunção de que um vencedor dum concurso em que participaram por exemplo 10000 pombos é melhor que um outro que venceu a 500 pombos, é errada. Para vencer há dois factores que desempenham um papel importante. a) As condições atmosféricas. b) A dureza da competição. Devido às circunstâncias do tempo, há muitos pombos que não têm grandes hipóteses de vencer como já expliquei num dos meus artigos anteriores. Se um concurso é efectuado sob forte vento de oeste, é uma missão impossível para os pombos que vivam a oeste. Conheço um clube onde um columbófilo encesta 150 ou mais pombos em cada prova, um outro colega do clube encesta mais de 100 e há um outro em circunstâncias parecidas. Assim, pode acontecer que num concurso com 700 pombos, possam pertencer a sete ou 10 columbófilos, no máximo. Esses columbófilos encestam tudo quanto possa voar. Não se importam se os pombos estão em boas condições físicas ou não, ou se têm qualidade ou não. Nalgumas regiões é tudo completamente ao contrário deste exemplo. Há columbófilos que apenas encestam os seus melhores pombos e em óptimo estado de saúde. Pode acontecer que participem 200 colónias com a totalidade de 700 pombos. Naturalmente, há nestes dois exemplos uma história completamente diferente. A competição entre oito columbófilos com 700 pombos, não é a mesma coisa que 200 columbófilos com a mesma quantidade de pombos.
Pombos Ás E que dizer dos Pombos Ás em termos nacionais? Será o Pombo Ás Nacional da Holanda o melhor pombo da Holanda? Pode não ser o caso por diversas razões. Mais uma vez, será mais fácil obter grandes resultados em áreas onde a competição é mais fraca e mesmo em muitas áreas da Holanda e Bélgica onde os columbófilos não têm hipótese nenhuma de ter um Pombo Ás Nacional, simplesmente pelo facto de nessas áreas não existirem pombos suficientes nos concursos. Por vezes acontece o mesmo onde a competição é forte e onde os columbófilos encestam os seus melhores pombos. Em 2001, o belga Boeckx tinha um pombo que ganhou sete primeiros e, naturalmente, um pombo não pode fazer melhor do que vencer os seus competidores. “Este pombo deveria ser um Pombo Ás”, penso, já que era um pombo vencedor. Boeckx, no entanto, tinha as suas dúvidas, não lhe era possível ir a concursos com muitos participantes e ele estava certo. E o pombo classificou-se em 4º. O facto é que um pombo que se classifica em 5º lugar contra 2100 pombos tem melhor coeficiente que outro que ganhe um primeiro entre 400 pombos. Para além disso há outro importante ponto a considerar: Para ganhar um título desses na Holanda ou na Bélgica, os columbófilos têm que tomar a iniciativa de enviar os resultados, mas… nem todos fazem isso. Alguns columbófilos já são idosos, outros não lêem uma revista ou um jornal columbófilo, não conhecem os regulamentos ou… simplesmente não estão interessados.
Campeões Nacionais Para os Campeonatos Nacionais (resultados por columbófilo) é a mesma história. Onde a competição é fraca, é mais fácil distinguir-se e (mais uma vez) muitos columbófilos não enviam os seus resultados para as Federações. Na Holanda o computador faz todo o trabalho, pode ser analisado e demonstrado todos os resultados das diversas formas de competição (associações, blocos, etc.). No norte da Holanda há concursos em que participam 35000 ou mais pombos, mas no sul 1000 pombos participantes já é um bom número. Um columbófilo que ganhe o 1º, 2º e 3º faz pior coeficiente do que um outro que ganhe o 13º, 24º e 29º contra 15000 pombos. O primeiro pode não ter hipóteses de não competir com mais pombos, nem pode conseguir melhores resultados. Na Bélgica há qualquer coisa diferente: De forma a dar hipóteses aos “pequenos columbófilos” que possuem poucos pombos, só os primeiros dois designados contam. Mas o que é que os columbófilos que possuem grandes colónias fazem? Encestam os seus pombos em diferentes colectividades, semana a semana. Nestas circunstâncias, um columbófilo que tenha poucos pombos também pode fazer bons resultados.
Verdade ou não? Nomeadamente os columbófilos novos pensam que cruzar um bom pombo de fundo com um pombo de velocidade dá automaticamente um bom pombo de meio-fundo. Pensam também que pode conseguir-se pombos de fundo mais rápidos, cruzando-os com bons pombos de velocidade. Estão enganados em ambos os casos. Os pombos de fundo devem ser acasalados com pombos de fundo e pombos de velocidade com pombos de velocidade. É verdade que há casos de sucesso. O “Patrick” do Vanhée era um meio Janssen… é um exemplo e há mais, mas… são excepções.
Uma Especialidade Na Europa Ocidental os campeões especializam-se na Velocidade, no Meio-Fundo ou no Fundo. Fazem uma opção, porque sabem que é a única maneira consistente de conseguir o sucesso. Aqueles que desejam ser campeões em todas as distâncias acabam por falhar, numa e noutra distância, tal como acontece noutros desportos. Entretanto, o fundo vai tornando-se cada vez mais popular, mas o maior número de praticantes continua a ser de velocidade e meio-fundo. Diz-se que 80% dos belgas nunca vão mais longe do que ±100 kms. É mau para eles porque a longa distância chama mais a atenção dos meios de comunicação social. É por isso que é errado pensar que os nomes que aparecem nos jornais e na Internet são nomes de campeões.
Fama e qualidade O que pretendo dizer é que muitos campeões não conseguem a publicidade que merecem por não encestarem nos nacionais (longa distância), o que nos leva à conclusão de que, no nosso desporto, a fama não quererá dizer que é bom. Por vezes, mostro resultados de concursos realizados no estrangeiro, não para menosprezar alguns nomes célebres, mas para que abram os olhos. Os seus olhos não só se abrem, mas também vêem mais longe em face da verdade. O seu problema é que para serem conhecidos dependem dos média, da imprensa escrita e em muitos casos os jornalistas não são neutrais ou objectivos, na Holanda, Bélgica ou noutros países. Alguns jornalistas são conhecidos por “comissionistas”. Se fazem alguma reportagem sobre determinada colónia, recebem uma comissão sobre os pombos vendidos. Finalmente, também há muitos campeões que rejeitam qualquer publicidade. O motivo é que esses não desejam ser visitados pelos columbófilos e também não estão interessados em dinheiro. Mas, é precisamente nessas colónias, na maior parte das vezes, que se encontram os melhores pombos e onde se podem comprar alguns craques a preço muito baixo. Como encontrar esses columbófilos e obter alguns desses pombos? Naturalmente, os que moram por perto sabem bem onde encontrá-los.
Depois de lerem esta crónica talvez fique mais claro porque nem sempre há êxito quando se compram pombos. Não há informação válida e segue-se o pior caminho.
© Ad Schaerlaeckens
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