Reportagens

Complemento a historia dos Fialhos 30-05-2011

Deixado np meu livro de visitas

A HISTÓRIA DOS FIALHOS 20-02-2010

HÁ NOTÍCIAS QUE SE COMPLEMENTAM



Depois de ter lido na página da Web de Pedro Lopes/reportagens o historial da vida de um grande columbófilo que foi Albino Fialho, veio-me á memória de ter lido qualquer coisa relacionado com esta história.

Folheando os meus arquivos, encontrei na revista VIDA RURAL, nº. 728 de 29 de Abril de 1967 e na página de columbofilia uma reportagem relacionada com o GRUPO “ALBINO FIALHO” que a certa altura se pode ler o seguinte:-

«Ninguém até hoje contribuiu tanto e com tão bom critério para o progresso da columbofilia em Portugal” – escreveu o Engº. Vaz Guedes do seu grande companheiro de desporto que foi Albino Fialho.

Albino Fialho – uma figura. Alentejano. De Reguengos de Monsaraz, onde nasceu em 20 de Maio de 1881. Formado pela Escola Superior de Farmácia.

Sua profissão exerceu-a no Pará, para onde emigrou e onde possuiu um grande laboratório . Em 1932 fixou-se em Lisboa. Um ano depois, o saudoso coronel Óscar Mota e Leopoldo Cardeira honraram-se de trazer Albino Fialho para a columbofilia.

Homem muito culto e educado, Albino Fialho cultivou entre as suas amizades a de columbófilos estrangeiros. Introduziu em Portugal os pombos de Paul Sion e do Dr. Bricoux, e os ingleses de origem Putman, Loyan e Osman.

Grande entre os maiores do seu tempo, Albino Fialho, alentejano e romeiro do mundo, finou-se em Alcobaça aos 2 de Agosto de 1946. A sua colónia, vendida pelas maiores ofertas, rendeu 32 contos e o produto reverteu para a filha órfã de um seu íntimo amigo.

Albino Fialho – do seu nome e do seu prestígio tem a responsabilidade o clube da sua terra.»

E agora acrescentamos nós, que o Clube da sua terra tem sabido honrar o nome do seu fundador, pelo que á distância temos acompanhado.

Dos pombos de Albino Fialho vendidos em Alcobaça, vieram alguns para Valado dos Frades, comprados pelo Snr. Tito Lívio Garcia Calixto que era um militar na reserva,comandante regional da Legião Portuguesa, morava na Rua Professor Arlindo Varela,nº. 87 junto á praça principal.

Tive o privilégio de ter um pombo dessa linha, a que o Senhor Tito Calixto chamava de “Fialhos” mas que ele sabia distinguir os “BRICOUXS” e os “SIONS”.

Os “BRICOUXS” eram vermelhos ou lilazes e os “SIONS” eram de um azul listado escuro. O Snr. Tito Calixto era um colecionador de moedas e aves exóticas e tinha também esses pombos comprados em Alcobaça, mas por uma questão de princípio não vendia nem dava.La de casa os animais só saiam quando morriam de velhos.

Isto passava-se nos fins dos anos cinquenta, em que a columbofilia se estava a começar a desenvolver no Distrito de Leiria e especialmente nesta zona do concelho da Nazaré. Alguns columbófilos souberam da existência desses pombos-correio em casa do Snr. Tito Calixto e houve algumas diligências no sentido de comprar borrachos ou ovos o que se tornava difícil naquele tempo, por várias razões.

Primeiro pelas dificuldades económicas da altura e por outro lado era difícil entaboleirar uma conversa com um militar.

Então há que pensar outra estratégia. O Snr. Tito tinha um empregado, o Snr. António, que tinha por alcunha o “Bailarico” que tinha a seu cargo o tratamento e manutenção de todos os animais. Abordado o “bailarico” no sentido de arranjar uns ovos, ele recusou terminantemente até porque o Snr. Tito Calixto tinha mesmo voz de militar e não era para brincadeiras.

Os tempos de lazer do “bailarico” eram passados na taberna do José Bento Varela. Alguns rapazes, sabendo disso começaram a abeirar-se do “bailarico” e de vez em quando pagavam-lhe uma “ciganinha” que era uma garrafinha das gasosas de 0,25L cheia de vinho e a que ele chamava uma “ciganinha”.

Retomaram a conversa dos ovos mas ele mostrava-se intransigente, não viesse o Titinho como ele chamava ao patrão, a saber. Mas o Vicente que não era parvo, sugeriu trazer dois ovos dos seus pombos para trocar pelos “Fialhos”. Dizia-lhe o “bailarico” . Ó Vicente, nem penses nisso. Os borrachos nasciam diferentes dos “Fialhos” e depois o que era feito de mim ? Ó ti António, não se preocupe que a gente chocalha os ovos e eles nunca nascem e o Snr. Tito nunca vem a saber. Deste modo lá conseguiu convencer o “bailarico” a muito custo é certo e assim o Vicente arranjou alguns cracks.

O certo é que a partir de dada altura os “Fialhos” não enchiam todos os ovos e o Snr. Tito dizia ao “bailarico” que possivelmente era por estarem a ficar velhos o que ambos concordavam.

Nessa altura o Vicente concorria na Nazaré, que dista cerca de 5 Kms. da sua casa e na colectividade autorizavam-lhe o percurso de bicicleta e davam-lhe só cinco minutos para o percurso, mesmo assim o Vicente ganhou alguns primeiros prémios, tal era a categoria dos seus pombos e dele como ciclista.

E foi assim pelo processo da “ciganinha” que eu consegui o meu “pirata” que era um macho lilaz que ganhou o primeiro prémio da minha vida como columbófilo de uma solta de Faro.

Nessa altura eu era ainda um rapaz solteiro e tive alguma dificuldade em instalar o pombal no quintal lá de casa, pois a minha saudosa mãe não queria lá os pombos, dizia que “casa de pombos é casa de tombos”.

No dia em que lhe comuniquei que o “pirata” tinha ganho o primeiro prémio de Faro, ela mostrou interesse em saber qual deles era e pediu-me para o agarrar. Com muito carinho, beijou o pombo e até aos seus últimos dias foi a minha maior aliada.