Andar por fora... |
31-10-2009 |
Michel de Montaigne dizia acerca de viajar: «Costumo responder, normalmente, a quem me pergunta a razão das minhas viagens, que sei muito bem daquilo que fujo, e não aquilo que procuro». Miguel de Unamuno dizia que viajamos não para chegar ao destino mas para fugir do lugar de onde partimos...
Esta fuga, esta alienação da viagem foi muito bem apontada pelo nosso grande Eça. Dizia ele: «Por isso, nós, os Portugueses, pessoas infinitamente filosóficas, chamamos ao viajar: andar por fora. Expressão perfeita e profunda. Andar por fora, que melancolia, que desconsolação, quando estar por dentro é que é o interessante!».
Acho que é exactamente isso: a viagem, este «andar por fora», só faz sentido se houver um regresso; caso contrário não é viagem: é uma irreparável desaparição! E o Eça tem razão: andar por fora só faz sentido se servir para nos ajudar a estar por dentro, a voltar para dentro.
Eu explico-me: quantas vezes necessitamos afastar-nos para conseguir uma melhor percepção de dada realidade? Afinal de contas, afastamo-nos para entrar melhor, para perceber melhor essa realidade... E nada, mas mesmo nada, substitui a leitura que se faz de fora para dentro! É isso; a viagem é importante à medida que nos ajudar a continuar a «estar por dentro».
Apercebido desta dialéctica, tento sempre fazer este esforço, este exercício, em cada viagem que faço: o esforço de tornar a olhar, de fora para dentro, para o meu país e para a minha columbofilia. Fazendo isto, percebe-se melhor as nossas idiossincrasias, as nossas grandezas, a nossa pequenez, os nossos vícios e virtudes...
E quando regresso de uma viagem, regresso sempre a um país novo, a uma nova realidade que entretanto nasceu em mim enquanto eu andava por fora!
Nesta minha leitura cheguei a conclusão que apoiar o Eng. Rui Emídio era a melhor forma de chegar ao meu ideal de columbofilia.
Não a columbofilia romântica mas sim a columbofilia de Alta Competição...
Mas sobretudo uma columbofilia onde os pombos e os columbófilos contam....e onde as pessoas podem ter uma palavra a dizer e que possam ser ouvidas.
E sobretudo uma columbofilia em que o pombo Português ganha valor e é defendido.
Prova disso é a prova de Dax em conjunto com a Andaluzia, é a defesa dos inter-regionais e a tentativa de se definirem provas Nacionais (por zonas) no curto prazo.
Na columbofilia que sonhei para Portugal nunca em caso algum pensei que se podia contornar os regulamentos de forma a se conseguir melhores coeficientes para as Olímpicas. Sendo o numero de enviados igual da 1ª a ultima prova…enquanto uns seguiam o que o regulamento estipulava nas suas associações outros violaram essas regras e ninguém interveio a reprimir ou corrigir essa situação. Não posso por isso ficar calado naquilo que eu considero de muito grave.
Nunca percebi muito bem qual o critério de homologação de aparelhos electrónicos e dos respectivos chips. Se são baseados na base da amizade ou do rigoroso controle das normas internacionais.
São assuntos que para muitos não dizem nada, mas aqueles que se preocupam com a legalidade e segurança tem em consideração.
A columbofilia moderna vai fazer com que as colectividades passem a ter escrita organizada. Não podemos andar por muito mais tempo ilegais.
As vendas de pombos devem passar a ser regulamentadas e os impostos devidamente pagos. Seguindo o exemplo Belga 3 % da verba dessas vendas reverte a favor da columbofilia jovem e promoção.
Desenvolver esforços mediante a administração fiscal para que os pombos sejam sujeitos a uma taxa de IVA de 5 % e não de 20 %. Tal como acontece com outras espécies.
É fundamental aproximar a columbofilia da população em geral. A publicação de notícias em jornais desportivos e a participação em programas generalistas é de elevada importância. Compete a um gabinete de imprensa essa função.
A divulgação da columbofilia junto das escolas ( com aulas sobre columbofilia, soltas de pombos no recreio, etc) torna-se essencial para que as gerações vindouras respeitem o pombo correio. Muitos reformados columbófilos podiam participar nessas aulas estando eles também motivados por ajudarem os mais jovens.
Criar um programa Nacional de Divulgação do Pombo Correio.
Definir um local central para a realização da Exposição Nacional. Local esse que seja bom para os pombos, columbófilos e empresas. Chega de andarmos de um lado para o outro.
Fundamental formar delegados de solta. Muitos dos desastres que acontecessem derivam da má ou insuficiente informação desses delegados.
Ainda no Sábado, estive a jantar com o Sr. Manuel Ideia e o mesmo me esteve a explicar que muitos dos desastres que outros distritos têm tido prendem-se com erros de gestão de soltas (horários errados de alimentação e fornecimento de água aos nossos pombos, má ventilação dos carros e sobretudo falta de tempo útil para deixar os pombos descansar antes da solta…). Estas pequenas coisas podem fazer toda a diferença. Não basta colocar pombos na rua é preciso saber como…
Isto tudo devia estar regulamentado e devia ser seguido a risca, só assim minimizávamos os milhares de pombos mortos ou desaparecidos em combate.
Muito de Bom já foi feito mas precisamos de muito mais.
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