ANA RISCA & MIGUEL RISCA - CAMPEÕES DISTRITAIS ACD PORTO 2010 |
26/04/2011 |
Ana Risca & Miguel Risca
Campeões Distritais Fundo ACD Porto 2010
Campeões do Geral SC Norte Portugal
“Podemos considerar o título de Campeões Distritais de Fundo como um objectivo alcançado, pois lutamos muito por isso. Ao longo dos anos condicionamos muitas opções de gestão da colónia no sentido de criarmos as condições para ser possível acontecer”, disseram-nos Ana e Miguel Risca, uma equipa de columbófilos que em 2010 conquistou dois dos títulos mais apetecíveis da columbofilia portuguesa… o Geral da SC Norte de Portugal e o Distrital de Fundo da ACD Porto.
Ana e Miguel Risca começaram a acreditar que era possível há 3 ou 4 anos atrás, mas para isso sabiam que era preciso apostar os melhores pombos na longa distância e não hesitaram… “há anos que apostamos tudo desde o primeiro concurso de fundo, incluindo os melhores pombos cá de dentro. Só para concursos de 700 kms é que temos mais calma. Encestamos os melhores pombos porque não jogamos os borrachos no seu primeiro ano, constituindo assim uma segurança para a competição do ano seguinte”.
Para atingir este patamar competitivo não é suficiente ter bons pombos, é necessário trabalhá-los, apurar os melhores e a estes dar-lhes condições para serem encestados na melhor forma possível. Foi com o objectivo de sabermos como tudo aconteceu que Mundo Columbófilo se deslocou a Vilar do Paraíso, onde sentiu um verdadeiro espírito de alta competição, uma forma intensa de viver a columbofilia que Ana e Miguel Risca conseguem transmitir aos seus pombos através de pequenos acções que no seu todo fazem uma grande diferença. A que mais nos surpreendeu foram os parâmetros que esta dupla escolheu para seleccionar os seus voadores. Acreditem se quiserem, mas da equipa que em 2010 se sagrou Campeã Distrital de Fundo e do Geral na Norte de Portugal, apenas transitaram para 2011, 7 machos, 8 fêmeas e 4 ou 5 da equipa secundária, ou seja, estes columbófilos consideram que para aumentar a qualidade da sua colónia, só podem ficar com os melhores entre os melhores, sacrificando todos os restantes. Reconhecemos que é mais fácil dizer do que fazer… quantos de vós teriam coragem para praticar uma selecção deste nível? Intrigados? Também nós ficamos, foi por isso que pedimos a Miguel Risca para nos dar mais pormenores.
Utilizam a competição interna, a ordem de chegada dos pombos da sua colónia. No que diz respeito aos borrachos fêmeas, que só fazem treinos no seu primeiro ano, transitam para o ano seguinte quase todas, as de que não gostam são encestadas a alguns concursos de fim de Campanha para tirarem as dúvidas. Os borrachos machos só passam para a equipa principal os que chegarem em primeiro, e só esses, nos treinos realizados. De salientar que se forem dos melhores casais não são eliminados, mas introduzidos na reprodução para aí serem testados.
Quanto aos adultos, a partir do segundo ano, machos e fêmeas, só são mantidos aqueles que regressarem duas vezes nos primeiros cinco do pombal e isto em concursos regulares, pois não têm em conta as provas em que a colónia marca mal na colectividade.
Desde quando praticam esta selecção? -"Desde que nos tornamos bons columbófilos e só o somos desde que a começamos a praticar". Disse-nos Miguel Risca e acrescentou... "Há pessoas que são rigorosas na selecção, mas não têm regras. A nossa baseia-se em estudos. A Ana fornece-me os dados todos - classificações, que são a base do meu trabalho, analiso-as, comparo-as e tomo as minhas decisões. Só não trabalho melhor porque não sei mais".
A manhã estava quente e Miguel Risca convidou-nos para nos refugiarmos na sombra do pombal dos reprodutores, onde a conversa derivou para as linhas cultivadas, entre as quais se destacam os "Trombudos", pombos rústicos, corpulentos, de cabeça grande, mas "potentes", como nos disse o Miguel.
A origem desta linha leva-nos até ao seu regresso à columbófilia, o qual teve uma grande influência da Ana. Nessa altura, fizeram uma grande amizade com o Fernando Maia, columbófilo que na altura tinha reprodutores de grande classe. Este ofereceu-lhe filhos e netos dos seus melhores e ainda um ovo. Esse ovo era fruto de um cruzamento da linha do "49" do Salvador Gama com a "200". Desse ovo nasceu uma fêmea, da qual tirou 7 filhos que se revelaram 7 craques, sendo que 6 dos quais transitaram para a reprodução, iniciando um processo de fixação das suas melhores características, cruzando meios primos, falsos primos, etc... Um pormenor que se acentuou foi a cabeça grande, daí terem sido baptizados de "Trombudos". 70% da sua actual colónia deriva da "Trombuda" x um macho Van Loon adquirido ao Paulo Rodrigues, da Maceira. Os Riscas aproveitaram ao máximo esta linha, mas chegaram a uma altura em que sentiram necessidade de "abrir" o sangue e decidiram então introduzir linhas novas que se destacam em Velocidade, como foi o caso de dois exemplares Heremans Ceusters, via Mundo Columbófilo.
Miguel Risca adora a reprodução, gosta de dar continuidade às boas linhas de pombos que vai conseguindo obter. É um conservador e com essa forma de trabalhar tem obtido bons resultados... "não gosto de perder as boas linhas que tenho, mas dentro destas procuro esticá-las cruzando com pombos de columbófilos que se estão a evidenciar, não de colónias que já são boas há muitos anos, mas sim daquelas que começam a sobressair, um sinal de que o "sangue" ainda está a fervilhar, ainda tem muito para dar".
Ainda sobre linhas de pombos, Miguel Risca desabafou... "nunca vi o Mundo Columbófilo e outras casas com crédito andarem a apropriar-se dos méritos dos outros. Refiro-me a certas pessoas que nos seus sites afirmam ter pombos da minha raça, aproveitando-se dos meus resultados, mentindo às pessoas, para ganharem dinheiro. O meu problema não é eles fazerem isso, o meu problema é que mintam às pessoas, vendendo pombos de linhas que não correspondem à verdade e ainda por cima quem vai ficar com mau nome somos nós".
A preparação para a Campanha 2010, nomeadamente a grande muda, decorreu de uma forma distinta dos demais anos, foi mais acompanhada e isto porque decidiram efectuar obras no pombal, as quais demoraram todo o Verão, pelo facto passaram muito mais tempo com os pombos. Os amigos até diziam por brincadeira... "fui à drogaria comprar parafusos e estavam esgotados. Acho que há aí uma obra muito grande...".
O que é certo é que, ao contrário do habitual, foi uma muda muito rigorosa, tratados sempre a horas certas.
De salientar que, à excepção dos borrachos, os pombos fazem a muda presos, isto por uma questão de facilitismo. Reconhecem que haveria vantagem em soltá-los uma vez por semana, para não ficarem com as asas presas e não engordarem em demasia... "não fazemos isso porque implicava três soltas que nos obrigavam a perder muito tempo. A nossa filosofia é que terminada a Campanha, entramos em férias dos pombos e isto porque estamos exaustos".
Em Novembro começam a soltar lentamente os adultos e acasalam-nos no início de Dezembro. Gostam de fazer os casais, pois como enviam a concurso ambos os elementos do casal, acasalam pombos "certeiros" entre si numa tentativa de levar o casal o mais longe possível na Campanha. Os pombos que considerem ser de risco de se perder são então acasalados entre si.
Antes do primeiro treino da colectividade submetem-nos a dois treinos do EuroParque e outros dois da Mealhada. Nessa altura voam 60 minutos diários, da parte da manhã.
A colónia de voadores encontra-se instalada num pombal dividido em três secções principais... machos em poleiros (32 ninhos), fêmeas em poleiros (32) e fêmeas em poleiros da segunda equipa + fundo (32 ninhos).
As fêmeas do pombal da segunda equipa + fundo são tratadas de uma forma mais aberta, tanto em termos alimentares como de voo, razão pela qual terminam a Campanha em melhor forma.
Utilizam 4 tipos de ração, 3 de lote próprio - Avipombo, sendo um de depurativa, um lyght, um sport e a Gerry Plus - Versele Laga, esta última apenas utilizada no pombal das fêmeas da segunda equipa, em substituição da depurativa.
Regra geral o esquema é o seguinte... machos, colher e meia de ração, fêmeas, 1 colher, fêmeas da 2ª equipa, colher e meia.
Dia de chegada - depurativa;
2ª e 3ª feira - lyght;
4ª feira - de manhã, para 32 fêmeas, 30 colheres de lyght e 10 de sport. De tarde, o contrário;
5ª feira - de manhã, 40 colheres de sport para 32 fêmeas. De tarde, 40 colheres de sport e 10 de lyght;
6ª feira - de manhã, 40 colheres de sport. De tarde, sport à descrição;
Sábado (dia de encestamento, muito cedo) - para Velocidade, comem à descrição, sem encherem demasiado o papo.
Para Meio-Fundo, 1 colher por pombo de lyght.
Este é o único dia em que os machos comem o que querem, atestam o papo... "só conheço um columbófilo que faz o que eu faço, estou a falar do Herbots. Quano pego neles para os encestar, por volta das 14 horas, rejeito todo aquele que ainda tem comida no papo, pois é um indicador de falta de forma".
Em termos de voos diários, os Riscas gostam de preparar os voadores para Velocidade e Meio-Fundo com voos bi-diários de 20 minutos à 2ª feira e 40 a 45 minutos nos restantes dias, incluindo o de encestamento.
Para a longa distância, os períodos são de 60 minutos, duas vezes por dia, incluindo a manhã do encestamento.
Como encestam semanalmente os melhores pombos, sem os descansar, consideram importante fazê-los sentir que na semana do fundo algo vai mudar e fazem-no aumentando a quantidade de ração distribuída e os tempos de voo, acções suficientes para os pombos sentirem que algo está diferente.
Miguel Risca disse-nos que para o Fundo gosta de "encher" os pombos, mas ao encestar já estão numa fase em que começam a esvaziar a pressão, daí o voo de 60 minutos na manhã do encestamento. A equipa de Fundo é seleccionada pelo conhecimento das origens cultivadas, ou seja, alguns voadores estão logo de início destinados a fazer o Fundo e depois, encesta todos os voadores que se destacam em Velocidade e Meio-Fundo, ou seja, apostam forte... "são uns desgraçados, temos meia-dúzia de pombos que em 2010 fizeram 16/17 provas". A lição a reter é que, para marcar bem no Fundo, tem que se encestar o melhor do pombal e, como atràs se disse, estes columbófilos fazem-no porque sabem que caso corra mal, têm a reserva do pombal de borrachos que não são utilizados na Campanha a decorrer.
Perda de Columbófilos
-"È inevitável face ao momento actual do nosso país. Reconhecemos que as coisas que se poderiam fazer estão fora do alcance da Associação. Não há meios. Isto não quer dizer que não preferíssemos lá ver outras pessoas, com outras ideias e o distrito tem dessas pessoas. A divulgação da modalidade é muito mais da competência da Federação, pois esta tem meios, humanos e financeiros. Todos os anos se fala nisso, mas nada se faz. Tem de deixar de ser apenas um objectivo e passar a ser aplicado. Não sei o que se fizer dará resultados, mas só depois de se por em prática e analisar os resultados é que se tem um ponto de partida".
Título na "Norte"
-"Já viajamos na Norte há vários anos, mas por muito que se goste da SC Vilar do Paraíso, a que consideramos a nossa colectividade, donde nos sentimos em casa, reconhecemos que a mística do Porto, só depois de a viver é que se lhe pode dar valor. É diferente, os columbófilos têm os horizontes mais alargados, não complicam tanto as coisas. Por outro lado, a Norte tem mais visibilidade, muitas pessoas de todo o Portugal e estrangeiro seguem atentamente o desenrolar da Campanha".
Soltas 2011
-"Não concordamos com as soltas camião a camião. São soltas a mais o que as torna difíceis de gerir. Por outro lado, consideramos que por muito que se faça, que se divida, no final, os melhores columbófilos ganham sempre. Salientamos ainda que a grande vantagem do distrito do Porto era a quantidade de pombos que soltava e quando se verificavam cruzamentos nas linhas de voo com bandos de Aveiro, Braga ou Viana do Castelo, o bando maior não se deixava arrastar. Com a nova situação, perdemos essa vantagem. O objectivo que pretendiam alcançar com este tipo de soltas ainda não foi alcançado, nem nunca será".
O futuro da colónia
-"2011 não se está a revelar um bom ano, os pombos estão com problemas e ainda não temos o fim à vista, mas para o futuro, o nosso objectivo é tentar repetir os títulos de 2010 e se possível ganhar ainda mais e pombos temos nós, a nossa velha linha, casais novos que já estão a apontar e que nos dão indicadores que iremos atacar nas próximas campanhas".
Palmarés 2010
Iniciaram a Campanha 2010 com 90 voadores, mais os borrachos que só fizeram treinos. Encestaram uma equipa na SC São Félix da Marinha e a principal na SC Vilar do Paraíso, da qual fizeram doublagem para a SC Azevedo e SC Invicta.
Os títulos 2010 foram...
SC São Félix da Marinha (18 concorrentes) : 1º Geral, 1º Velocidade, 1º Meio-Fundo, 1º Fundo, Melhor Pombo de Velocidade, Melhor Pombo de Meio-Fundo, 1º e 2º Melhor Pombo de Fundo
SC Invicta (24 concorrentes) : 1º Geral, 1º Velocidade, 2º Meio-Fundo, 1º Fundo, Melhor Pombo Geral
SC Azevedo (12 concorrentes) : 1º Geral, 1º Velocidade, 2º Meio-Fundo, 1º Fundo, Melhor Pombos Geral, 2º Melhor Pombo Fundo
SC Norte Portugal (42 concorrentes) : 1º Geral, 2º Velocidade, 3º Meio-Fundo, 1º Fundo, Melhor Pombo Geral
SC Vilar do Paraíso (36 concorrentes) : 2º Geral, 2º Velocidade, 2º Meio-Fundo, 1º Fundo
ACD Porto (Bloco 1 - 187 concorrentes) : 1º Geral, 2º Velocidade, 1º Meio-Fundo, 1º Fundo
ACD Porto (1481 concorrentes) : Campeã de Fundo, 8º Melhor Pombo Fundo
MARCAÇÕES NO DISTRITAL DE FUNDO (2 primeiros pombos)
Granada I (604 Kms), 03 Abril 2010 ... 26717 pombos ... 3º, 144º
Granada II (604 Kms), 17 Abril 2010 ... 24173 pombos ... 45º, 122º
La Gineta I (610 Kms), 01 Maio 2010 ... 22117 pombos ... 79º, 82º
La Gineta II (610 Kms), 15 Maio 2010 ... 19921 pombos ... 82º, 157º
Almansa (688 Kms), 29 Maio 2010 ... 16910 pombos ... 47º, 203º
Alcoy (749 Kms), 12 Junho 2010 ... 14101 pombos ... 9º, 26º
|