MG SAD - BI-CAMPEÃ GERAL SC SANTIAGO DE LOBÃO |
12/04/2010 |
MG SAD - Lobão
Bi-Campeã Geral da SC Santiago de Lobão
"A MG Sad foi criada com o objectivo principal de ganhar, desportivamente e de forma correcta". Esta é a filosofia desta equipa de columbófilos que participa numa das mais competitivas colectividades portuguesas, a Sociedade Columbófila de Santiago de Lobão, onde cerca de 50 columbófilos encestam uma média de 1500 pombos a velocidade e meio-fundo e 900 a fundo, isto apenas pelas equipas principais de cada columbófilo.
A MG Sad foi formada em 2002, em 2006 sagraram-se vice-campeões do Geral e em 2008 não deixaram escapar o título máximo da SC Santiago de Lobão… "foi uma surpresa para os demais columbófilos, ninguém acreditava no Marílio, mas o título de 2008 veio tirar as dúvidas e agora já metemos respeito", disse-nos Alexandre Giro.
História da Sad
A MG Sad é formada por dois columbófilos...
Marílio Freitas - Columbófilo desde 1962, interrompeu a prática da modalidade apenas durante quatro anos, período de tempo em que esteve a trabalhar na Venezuela. É o Marílio que acompanha os pombos diariamente.
Alexandre Giro - Columbófilo desde 1987, voou até 1999, com uma interrupção de três anos. O Alexandre Giro acompanha os encestamentos e as chegadas, ajuda na gestão da colónia e selecção de pombos.
O Giro tinha deixado de voar em 1999, os pombos estavam em casa dos pais, o "bicinho" voltou e em 2002 pediu ao Marílio para levar os pombos para sua casa. Aceitou. A Sad estava formada. Começaram a acasalar os pombos com o objectivo de voltar a viajar em Lobão e assim aconteceu. Em 2004 e 2005 já encestaram uma equipa em Lobão e uma outra em Lourosa. A partir de 2006 optaram por encestar apenas em Lobão por uma questão de facilidade e economia de tempo... "não viajamos noutras colectividades e até gostaríamos porque temos muitos amigos que o solicitam, mas não o fazemos por uma questão de disponibilidade de tempo".
Um dos pontos mais marcantes da história da MG Sad foi em 2005 quando decidiram adquirir um terreno para a construção de um pombal. Mal o compraram, instalaram lá 70 borrachos num pombal provisório e trataram de iniciar o processo de licenciamento das instalações a construir. A luz verde demorou mais de um ano. Em Agosto de 2006 o pombal já estava no local e foi povoado com 46 pombos adultos, os restantes foram eliminados. Procederam a um acasalamento para encurtarem o tempo de adaptação dos pombos ao pombal
2007 foi um ano de transição, os pombos e os columbófilos não conheciam bem as novas instalações, tanto assim é que os voadores adultos iam muitas vezes ao pombal antigo antes de se dirigirem ao novo. Por outro lado, aperceberam-se que o pombal era frio e por essa razão decidiram colocar telhas de vidro para permitirem a entrada dos raios solares no interior do pombal.
Linhas cultivadas
O Alexandre Giro trouxe a linha de pombos que cultivava, na sua maioria Espilros do seu tio Zé Quim Giro de Santa Maria da Feira, mas a mais-valia da colónia são sem dúvida os vermelhos Freitas cultivados pelo Marílio Freitas que constituem a linha base, à qual introduziram com sucesso os "Romários" do Acílio, a "Pocahontas" de Van Winkel e os Bert Braspenning de Carlos Aguiar Costa ("Felle" e "Van Moorsel").
Anualmente tiram 150 borrachos dos reprodutores a partir do fim de Abril até Outubro, de forma a que depois de separados dos pais possam usufruir de liberdade, um procedimento que consideram fundamental para o seu correcto desenvolvimento como atletas. Fazem-no, mesmo arriscando as baixas provocadas pelas aves de rapina... "o que nos safa é que existe uma comunidade de corvos nas redondezas e estes não atacam os pombos, mas lutam com as aves de rapina e afastam-nas", disse-nos o Marílio.
Dos voadores aproveitam duas posturas de 5 ou 6 casais... no final da Campanha, o Marílio gosta de juntar os melhores voadores com as melhores voadoras para os testar como reprodutores, desde que não sejam de sangue muito chegado.
Fim de Campanha
Terminada a Campanha acasalam a totalidade dos voadores, deixando-os alimentar os borrachos. Como já foi referenciado aproveitam alguns borrachos dos melhores voadores, mas estes não os deixam alimentar, passam os ovos para outros casais. É então que efectuam a selecção dos pombos que irão transitar para a Campanha seguinte, ou seja, os machos que irão ocupar os 47 ninhos e as fêmeas que irão para a secção dos poleiros. Passam a muda separados e na posição com que irão fazer a Campanha. Soltam-nos uma vez por semana, dia em que usufruem de banho livre.
Pré-Campanha
Começam a voar os pombos com regularidade a partir do momento em que a última remige já se encontra bem crescida, efectuam uma desparasitação e tratam contra as salmonelas (Parastop). Acasalam a 24/25 de Dezembro e quando estão no choco administram uma cura contra as tricomonas com dimetridazole durante 7 dias, seguindo-se a coccidiose (Baycox) e restituem a flora intestinal com probióticos (Prodigest).
Enquanto estão acasalados só voam uma vez por dia.
Os adultos não são submetidos a nenhum treino em linha, entram directamente nos treinos da colectividade que tem início no primeiro fim-de-semana de Janeiro. Os pombos novos voam 3/4 treinos particulares antes de entrarem nos da colectividade.
Campanha
Do princípio até ao fim da Campanha, os pombos voam dois períodos diários de 60 minutos, machos e fêmeas, de 3ª a 6ª feira, sendo que à 2ª feira saem apenas por breves minutos (+- 20). Os pombos de ano voam só ao final do dia durante o período de tempo que sobrar do voo dos adultos.
Com este nível de treino, a alimentação tem mesmo que ser reforçada. Assim, nesta colónia utilizam apenas um lote de ração - o sport. A medida é uma colher de sopa por cabeça, aumentando progressivamente a partir de 4ª feira, mas como nos disse o Marílio... "se acho que precisam mais, dou-lhes. É o columbófilo que terá de ter essa percepção. Por vezes, dou mais quantidade e este ou àquele pombo".
Para o fundo, acrescentam à ração milho e dari.
Encestam semanalmente (Velocidade e Meio-Fundo) 90 pombos, sendo 3 equipas de 30 pombos com apenas 1 recenseamento. A Fundo encestam apenas uma equipa de 30, os restantes voam o treino da colectividade.
Sobre a Longa-Distância, disse-nos Alexandre Giro... "gostava de ter uma equipa de fêmeas fundistas em separado dos restantes voadores, é uma luta que tenho tido com o meu sócio".
O Marílio respondeu... "consigo tirar mais rendimento assim, ficam todos treinados de forma igual. O trabalho extra que teria com uma equipa de fêmeas conduzida de forma distinta não compensa o que poderia ganhar em relação ao método que praticamos. Ainda não conquistamos qualquer título de Fundo, mas já ficámos em 2º e 3º. Para além do mais os pombos de ataque na Velocidade e Meio-Fundo não participam nos concursos de Longa-Distância".
A partir do momento em que se iniciam os concursos de Longa-Distância, os fundistas voam apenas essa especialidade, sendo submetidos, na semana de intervalo, a um voo-treino em linha de 4 a 5 kms com solta na zona de Castelo de Paiva.
A equipa principal é constituída por pombos que já provaram o seu valor e por irmãos e primos destes... "em 2009 chegamos a encestar oito pombos irmãos e todos eles foram ao mapa". A equipa principal é constituída por pombos fixos, mas semanalmente introduzem 2 ou 3 voadores das equipas secundárias e, por vezes, até um pombo de ano que esteja a sobressair. No que diz respeito aos borrachos, não seleccionam no primeiro ano, ou seja, dão sempre a hipótese de uma segunda Campanha, independentemente das suas performances no primeiro ano.
SC Santiago Lobão
Na opinião de Alexandre Giro... "é uma colectividade forte sendo sempre difícil vencer o Campeonato Geral e a prova disso é que, exceptuando a MG Sad, nos últimos anos o Geral tem sido ganho por columbófilos diferentes. Por outro lado, o Campeão Geral raramente ganha todas as especialidades, mais uma prova da grande competitividade da SC Santiago Lobão".
O tempo ia passando, os pombos do treino de Leiria (03 Abril) iam chegando espaçados, fruto das condições atmosféricas não muito favoráveis, fazendo antever que a prova de Granada (1ª prova de Fundo da Campanha) não iria ser fácil. A conversa derivou para o novo sistema de classificação do Campeonato Geral e o Marílio mostrou-se radical... "não concordo com este novo método, pois prejudica, não tantos os columbófilos, mas mais os pombos. Por exemplo, posso ter 20 pombos à frente do determinado columbófilo e essa marcação não se reflectir no Geral. Se para o ano não mudar, não tenho interesse em participar na Campanha".
Alexandre Giro, completou... "O actual sistema de pontuação transformou o Geral num Campeonato de Regularidade, mas ainda não está bem definida, há coisas que têm de ser aperfeiçoadas. Levanto uma questão, os columbófilos com possibilidade de serem campeões podem pedir a terceiros para influenciarem a classificação Geral. Explico-me melhor, determinado columbófilo vai em 2º do Geral e quer destronar o 1º, pode meter os seus 30 pombos e não ter hipótese de o ultrapassar porque este pode estar feito com os adversários para não meterem pombos e a pontuação não chegar para nada porque só ganhará um ou dois pontos em função da sua classificação da especialidade.
Outra questão que levanto refere-se ao apuramento do Pombo Geral, constata-se que o regulamento não especifica se o pombo tem de pontuar em todas as especialidades, logo aí os pombos que vão a Fundo estão a ser prejudicados porque vão ter menos pontos dos que vão a Velocidade e Meio-Fundo (número de pombos encestados). É pois urgente a FPC realizar uma adenda ao regulamento dizendo que os pombos do Geral deverão marcar nas três especialidades.
Há columbófilos que marcam o 1º e 2º em determinado concurso e vão ver o Geral e ainda desceram... na prática um bom concurso não se reflecte no Geral.
No meu ponto de vista, os melhores columbófilos vão continuar a aparecer no topo das classificações, não vai haver grandes diferenças. Este novo sistema beneficia o columbófilo e prejudica o pombo e ao prejudicar o pombo está-se a prejudicar a columbófilia.
Os columbófilos mais antigos não percebem muito bem este novo método e estão a ficar desanimados o que poderá provocar mais desistências, esta não é a minha opinião sobre o novo método de pontuação do Geral, mas aquela que sinto junto da comunidade columbófila.
Urgente será a FPC definir o método de apuramento do melhor pombo do Geral e ainda encontrar uma fórmula para todos os columbófilos aparecerem na Classificação Geral, pelo menos aqueles que encestam pombos às três especialidades".
A finalizar...
Alexandre Giro... "A finalizar faço um pedido ao meu sócio para não se deixar desanimar com este novo método de classificação do Geral. A MG Sad é para continuar e não para desistrir. Aproveito ainda a oportunidade para aconselhar todos os columbófilos, principalmente os iniciados, a lerem o livro editado pelo Mundo Columbófilo de nome "Nascido para Vencer", considero que terão muito a ganhar com a sua leitura".
O Marílio Freitas, assinante do Mundo Columbófilo há 20 anos, felicitou o jornal pelo contributo que tem dado à divulgação da columbófilia portuguesa.
Em jeito de despedida, aproveito para agradecer a forma como fomos recebidos pela MG Sad, tanto na festa de comemoração do título 2008, como aquando da realização desta reportagem. Aconselhamos ainda ao Marílio e a todos os columbófilos portugueses que pensam como ele que se afastem da ideia do abandono da modalidade, sigam antes o caminho de manifestarem o seu descontentamento junto da sua colectividade, associação e federação.
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