"Renovação de Gerações " |
14/02/2015 |
A Columbofilia quer se queira ou não, vive neste momento uma grave crise existencial ou se quisermos melhor de praticantes. Dos dezassete ou dezoito mil de há uns anos atrás devemos hoje ter talvez cinquenta por cento desses números .
Esta perda de columbófilos não é, na minha opinião, culpa de dirigentes quer, das Associações ou, da Federação. Ela é inerente a este desporto, a esta prática e acima de tudo, é um resultado que já se adivinhava há tempos atrás e que teve reflexos maiores nos últimos dez anos a esta parte.
Das diversas vezes em que abordei , no jornal Mundo Columbófilo esta temática sempre disse que como pessoa simples ou nuns casos até, como dirigente, não via , nem tinha, nenhuma varinha de condão para inverter aquilo para onde caminhavamos.
Era já na altura um processo irreverssível , é certo que todos poderemos ter culpas porque não criámos mecanismos de defesa mas estes quais seriam ?
Também é certo não criámos mecanismos de adaptação. Não foram os dirigentes de clubes/ associativos e federativos ou até, os columbofilos que tinham muitos pombos os culpados do que nos aconteceu - Perda da columbofilos em número elevado.
Ultimamente oiço falar e leio que a limitação no número de pombos é um factor para correcção e, para tornar igual o que é desigual. Tenho imensas dúvidas e reservas. Em qualquer desporto o limitar é retroceder. O limitar é condicionar. O limitar é não deixar evoluir. O limitar é não deixar que cada um tenha os pombos que quiser e pague por eles o que bem entender. Neste caso o limitar não é equilibrar. Neste caso foi e é o de criar problemas às Associações .
Os limites poderiam e deveriam ter sido utilizados numa fase expansionista da columbofilia, que vivemos no anos 90 , nunca na fase em que estamos que denomino de retração. Ou seja foi uma medida que diversas vezes já tinha sido abordada em congressos e que nunca conseguiu ver a luz do dia mas, agora desfasada do tempo e do modo, vai aplicar-se. Limitar sim mas, nos designados e isto já estava feito.
Vivemos e vamos continuar a viver no nosso país numa crise socio-económica. Aquilo que nos diziam em 2008 /09 e, que tinha começado com a bolha imobiliária na America, trouxe para nós portugueses este estado de miséria / dificuldades, em que muitos estão a viver. Esta crise financeira e que depois passou a económica , teve efeitos nefasto e na pior altura para a columbofilia. Por muito que os dirigentes politicos nos digam que estamos a melhorar, constatamos que o indìce de pobreza está a aumentar, o desemprego atinge números elevadissimos é apenas tapado porque, não dizem os milhares de jovens que saíram do país e, isto falsifica as estatiticas . Em suma tudo isto teve tambem repercussões contribuindo para o afastar de muitos praticantes que não poderiam continuar a manter os seus pombos.
A Columbofilia era e é um desporto de "ricos " praticados na sua grande maioria por pobres. È bom não esquecer que este conceito de pobreza é diferente em Portugal , do que na Bélgica , Holanda ou na Alemanha.
Se por outro lado ,nós ,já no início deste século, estávamos em columbofilia " envelhecidos" juntando todas estas consequências da crise económica temos aqui um "cocktail" onde não encontramos soluções para atenuar esta quebra, nem arranjar soluções para inverter toda esta panorâmica.
Não tivemos aquilo que em termos demográficos se chama de Renovação de Gerações. Esta tinha acontecido nos finais da década de sessenta/setenta, mais tarde pelos anos noventa aconteceu de novo mas, agora faltam praticantes da geração seguinte e é este vazio que nos coloca diversos problemas aliado á situação económica do país.
A columbofilia não capta e já não captava jovens praticantes . É certo que nos anos noventa estamos em plena fase expansionista, temos muito praticantes, temos muitos pombos a voar e a treinar, temos estruturas enormes para dar resposta a esta procura mas..... e há sempre muitos mas... Faltou-nos uma sequência geracional de columbófilos que deveriam ter hoje 30/40 anos e estes são de certeza em reduzido número ( é certo que mais jovens devemos estar ainda pior). Estamos portanto em "envelhecimento" irredutível e de enormes e negativas consequências.
Será que alguma Associação já fez algum estudo para projectar as consequências dessas limitações ?
As Associações estão agora numa fase que vai começar a ser dificil, os camions já não andam cheios, aumento de columbófilos e de pombos a voar também já passou, estão com estruturas pesadas e com elevados custos de manutenção, algumas já com carros parados, ou seja há uma necessidade premente de modificar algo porque o raciocinio de há anos atrás não tem hoje espaço nem cabimento. É preciso encetar politicas de alteração nos transportes, nas recolhas , no carregamento das caixas , temos em muitas colectividades "velhos"com pouco poder fisíco para essas tarefas, em suma em diversos aspectos há necessidade imperiosa de mudar algo. Olhar e assobiar para o lado agora e hoje, nada resolve. Aumentar preços, ou diminuir o número de pombos por caixas que é a mesma coisa também , nos traz pouca coisa de substantivo.
Há necessidade de repensar, mas acima de tudo de encetar mecanismos de defesa porque corremos sérios riscos de cair em crise profunda.
Já há vários anos que o afirmo, mais importante e premente do que captar jovens praticantes ( não temos poder de atracção ) é necessário criar mecanismos para que os que cá estão se mantenham. Há ainda outro grupo onde poderemos também insistir, que é o repescar alguns que foram praticantes e que ficaram pelo caminho . Isto tem de ser encetado em cada colectividade, em cada clube, em cada Associação porque são as entidades que conhecem a realidade onde se inserem .
Há necessidade imperiosa de mantermos os que estão!
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