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" O Papel das colectividades " 07/12/2018

O Papel das coletividades

 

José F. Coxo

 

 

Todos sabemos que a situação que temos de coletividades / clubes / sociedades é quase único no mundo . Este modo de estruturação é diferente no nosso país em comparação com outras áreas de países ditos desenvolvidos em columbofilia.

Nos anos 50/60/70 estas coletividades foram  o suporte do desporto  que praticamos. Elas serviram para a sua implementação , o desenvolvimento da columbofilia e, o seu enraizamento.

As coletividades  tinham um papel social digno de registo numa sociedade onde imperava a ruralidade num país, pobre em quase todos os seus aspetos. Eram ponto de encontro de gerações, de conversas entre columbófilos , de troca de opiniões acerca da prestação dos pombos e, todos ajudávamos na elaboração das classificações.

O respeito pela sociedade como instituição e, pelos mais velhos eram apanágio de uma coletividade com este papel social

Pelos anos de 90 e 2000 com as alterações motivadas pelo chegar á columbofilia das inovações informáticas, grande parte destas condições perde-se ou dilui-se num mundo que é completamente diferente do de há 30 anos atrás. Portugal moderniza-se e, aqueles espaços das coletividades vão sofrer alterações no seu modo de estar e de funcionar.

É certo que neste período de tempo foi com o 25 de Abril e, com o poder local que se conseguiram apoios para que se fizessem de norte a sul do país milhares de coletividades.

Umas , as que conseguiram com determinadas  estruturas físicas  e, mais adaptadas aos meios locais, com  bares, salões para festas ou algo semelhante deram passos significativos na criação de mais valias que são hoje imprescindíveis nos tempos que vivemos. Desempenham ainda mais a sua  função social mas, com outra ou outras vertentes.

Acerca do artigo que escrevi no Mundo columbófilo sobre a diminuição de praticantes em Évora, recebi 3/4 telefonemas de columbófilos de diversas áreas que me contavam a sua realidade e todos eles me apontavam que era com estas sedes e com a sua exploração e, mais algum esforço dos corpos diretivos, que conseguiam  ter campanhas sem pagar pombos e como tal não estavam a perder columbófilos . Estas coletividades estavam e estão abertas à comunidade. Assim sendo  são  as mais valias canalizadas, para o bem estar dos columbófilos , que eu aceito e concordo perfeitamente.

Por outro lado houve outro grupo  de coletividades que tendo menores espaços físicos, ou arreigadas a outro espirito de socialização,  ficaram condicionadas no espaço e no tempo. As suas funções não se alteraram ou, melhor, estagnaram o que é ainda pior.

Este grupo de colectividades caracteriza-se por ter espaços mais diminutos, não conseguir nenhum rendimento da sua sede e, ir abrindo alguns dias à noite para não se dizer que está fechada.  São normalmente dois a três columbófilos que a vão abrir tal, como faziam nos anos de 60 e 70 mas, ninguém as frequenta, nem, as condições que desempenhavam nesses anos agora o voltam a fazer. O mundo á volta alterou-se e os columbófilos na sua grande maioria não sai de casa para ir a estas sociedades.

Se analisarmos friamente quanto custa essa abertura ao serão sempre com gastos de luz, ar condicionado e sport TV talvez que a quotização dos sócios não chegue para pagar as despesas anuais.

Estas coletividades são apenas e só, por muito, que isto nos custe, armazéns para encestamento de pombos e, depois a leitura das pranchas . Não desencadeiam mais valias que possam ter repercussão no desporto que praticamos e dificilmente se podem de futuro modernizar. Apesar dos apoios de Câmaras e Juntas de freguesia.

 

 

Foi apenas e só uma perspetiva sociológica do papel das nossas coletividades e, em especial nos  objetivos  que as mesmas possam ou não ajudar a  atingir. Temos aqui duas posturas completamente diferentes  e com dinâmicas socias que atingem outros objectivos. As primeiras desempenham um papel de âmbito social e estão enquadradas no meio local. As segundas  que por vicissitudes várias estão consignadas ao encestamento dos pombos e, perderam toda a inserção no meio local ( algumas nem a chegaram a ter ). Nos dias de hoje vejo com alguma dificuldade as Câmaras e Juntas de freguesia a terem dificuldade em atribuir subsídios a estas últimas porque, elas de social nada têm e, nalguns casos a expressão dos seus associados é diminuta.

 

( publicado no jornal Mundo Columbófilo de 7/ 12/ 2018 )