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Como " Fiz" os borrachos de standard 08/02/2015

   O gosto pelas exposições começou logo nos finais dos anos sessenta, principio de setenta, na mesma época que me inicio a praticar a columbofilia.

   Em Arraiolos era normal, todos os anos , realizar-se uma exposição que servia como divulgação desta modalidade  e na mesma realização, eram englobados o galardoar dos vencedores da campanha anterior , respectiva entrega de prémios e, normalmente oferecia-se um almoço/ lanche aos presentes. Era em suma uma oportunidade para se falar de pombos e conviver um pouco. È certo ,que para este lanche eram os columbófilos que ofertavam sempre qualquer coisa que depois a boa vontade de alguns tornava  apetitosa e agradável.

   Como esta prática se enraizou, germinou e frutificou até por volta dos finais dos anos noventa , assentando assim em base sólidas ( realizava-se todos os anos), comecei a gostar destes certames e fui tentando aprender com os mais velhos e, com alguns Juízes Classificadores, a mexer em pombos de exposição e neste caso a ,distinguir dos voadores, alguns, que tinha determinadas e certas caracteristicas e, serviam para na época participar de um modo positivo nestes certames. Era a retirar dos voadores os melhores em mãos e mais bonitos.

  A nossa participação é apenas a nível local porque, durante muitos anos o participar na distrital era apenas um prémio de consolação e uma miragem.

  Pelos anos setenta/ oitenta já tenho diversos pombos voadores , que tinham algumas qualidades  de standard. Na época era fácil porque tentávamos com empréstimos juntar pombos que pudesem dar filhos a voar e com caracteristicas de exposição. O Ti Manolo que era um vencedor crónico e um admirador assíduo destes certames,  esteve várias vezes nesta cedência  de pombos para eu ,conseguir, reunir alguns que me permitissem chegar mais longe.

  Mas, é com um cruzamento com o Académico do Xico Espanhol com uma femea que aminha memória perdeu..., que sai um azul que além de bom voador conseguia reunir condições de standard. Na época já ganha a nível distrital e consegue fazer um 10º nos Olimpicos no Porto, o que era para a colectividade de Arraiolos feito único até esses dias. É bom não esquecer que nestes anos tinhamos dois columbófilos muito bons em pombos de exposição, os Pombos do Dr. Chitas Martins ( Bricoux) e uns azuis de Januário Gonçalves de Estremoz. Não há aqui qualquer comparação,entre estes dois columbófilos, porque os do Dr. Chitas Martins já vinham de tempos anteriores e continuaram até aos nossos dias a fazer brilhantes prestações, eram de Top a nível nacional. Na minha opinião só vencidos pelas "aldrabices " que se fizeram com os clubes de standard e com outras do mesmo género.

  É talvez, pelos anos oitenta que começo a ter alguns borrachos que marcam  já muito bem a nível de standard mas no âmbito local / regional. Cruzamento de um macho dos Romenos, vindo do amigo , José Luis do Vimieiro, com uma das femeas azuis que tinha descendente e irmã do 427430/79.

  A grande viragem aconteceu, na Exposição Nacional de Torres Vedras onde, contacto pela primeira vez e directamente com, o Eng Inocêncio Mendes, este tinha acabado de "cilindrar "  a concorrência, em todas as classes nesta nacional e conversa puxa conversa o engenheiro promete-me a oferta de um borracho de exposição. Ele, tinha pela primeira vez aparecido com pombos lilases e vermelhos e brancos , muito bonitos e bons, e tinha ainda alguns pedrados . Foi destes que eu lhe disse para me oferecer . foi uma situação engraçada  porque , ao longo de todo o tempo em que tive pombos de exposição, nunca, parti de um casal já firmado ou de um pombo que tivesse vencido uma classe ou até classificado.

  Já que falamos em exposição convém referir que o Eng. Inocêncio quer, se queira ou não, foi de longe, o melhor criador e tratador destes pombos. As nossas vitórias internacionias foram obtidas graças a ele e tendo por base o seu esforço e inteligência. Tivemos ,há anos atrás ,algumas vezes em desacordo, a nível das marcações classificativas desses pombos e passámos essa troca de opiniões no jornal Mundo Columbófilo ( foi na época das melhores leituras deste jornal), mas sempre o fizemos, com elegância, com respeito pelas pessoas e pelo jornal, e acima de tudo falámos de pombos e nunca criticámos posturas/comportamentos  de pessoas.  Com isso criámos uma amizade que se tem mantido ao longo dos anos e em 2013, quando devido à doença nos meus pombos o engenheiro,  imediatamente pôs á minha disposição , oferecidos ,quatro casais de pombos reprodutores  para eu não desistir e voltar a tirar borrachos. Foi uma atitude de pessoa com elevados sentimentos e de uma amizade extrema, e, que nos dias de hoje vão desaparecendo deste nosso desporto.

  Mas, voltando ás exposições o borracho pedrado femea, oferecido pelo engenheiro Inocencio Mendes vem para Évora e começa aqui o nascer de algo que para mim foi marcante. Eu sempre soube que das classes de exposição a única em que se enquadrava com a minha maneira de ser eram os borrachos porque "batotas" não havia. Os livres eram " um passeio" e uma dúvida constante,  os Olimpicos eram algo de nebuloso e onde eu não queria estar presente ... . Vidé os casos posteriores e os abandonos forçados de vencedores crónicos......

Mas este facto não era apenas português porque , ainda hoje os vencedores olimpicos (polacos ) nada voam , nem separados nem em conjunto mas, a columbofilia deve ser o único desporto onde numas Opimpíadas não se consegue arranjar métodos de deixar de fora quem não cumpre os regulamentos. Também não defendo que por, os outros, fazer nós, tambèm o devemos fazer. Pelo contrário já temos duas pessoas na F. C. I. como é possivel ,ser esta uma  prática que se intitula desportiva e, não se conseguir cumprir o que está legislado contribuindo para descredibilização deste fenómeno. Bastava que alguém da F.C.I fiscalizasse / assistisse a uma chegadas destes pombos duma prova que, até podia ser escolhida por esses vencedores ,e com uma distância pequena para se verificar que nada voavam. Os vencedores são normalmente sempre os mesmos e isto era fácil e barato levar a efeito......

   Na mesma época ,outro grande, amigo e um columbófilo que eu já defeni  na notícia anterior o Luis Pepe ,oferece-me também ,um ou dois borrachos, de uns azuis que tinha da linha do Vitor Botas , este columbófilo foi outro de Top do standard mas, tenho pena que tivesse recorrido aos romenos e aos clubes ditos de standard porque isso levou ao seu desaparecimento.... Na Nacional de Aveiro compro um macho vermelho, que se tinha esbarrado e tinha ficado com o pescoço com falta de penas, ao Eng Inocêncio e é apartir destes pombos que faço os casais que me vão dar filhos, netos, bisnetos que vão vencer as próximas exposições nacionais.

Por volta do ano de 2000 consigo por intermédio de outro amigo, o Sr. Gustavo Moura, do Mundo Columbófilo, um macho pedrado escuro dos ingleses de exposição mas, da classe de pombos não voados. Este pombo é inferior aos que eu já tinha em quase todos os parametros de standard mas, cruzado com uma femea filha de um vermelho que venceu em Évora, e com uma lilás que fez terceiro na Nacional de Setubal dá alguns filhos muitos bons e diferentes dos que até aí eu tinha. Este cruzamento permite-me durar mais uns anos é certo perdendo a pouco e pouco o fulgor porque, os pombos talvez devido á consanguinidade começaram a não enxer muitos ovos. Tive anos em que em 60 ovos conseguia 8 borrachos. Em condições normais tirava sempre cerca de vinte borrachos e depois escolhia os 8/10 melhores para as distritais e nacionais.

Todos sabemos que ter um pombo de standard e aparecer nos lugares cimeiros de uma Nacional pode acontecer até a quem muitas vezes não o espera. Mas, ter estes pombos e durar com eles no top vários anos não é nem pode ser obra do acaso ou da sorte. Exige um conjunto de vicissitudes, que vão desde o modo como se fazem os casais, os filhos que tiram,  a própria criação, a seleção dos borrachos, as condições de pombal, a muda da pena de modo a não aparecerem defeitos penalizadores , e outros procedimentos que me obrigavam a 365 dias do ano a mexer , a ver e a dedicar-me a estes pombos . Foi isso que fiz durante todos estes anos.

    Lembro apenas alguns resultados :

            - De 1994, Nacional em Beja,  até á Nacional de Elvas em 2008 ( foi a última em que participei com pombos em condições) , há portanto um espaço de quinze anos. Neste periodo e só a nível de borrachos venci 15 primeiros e catorze segundos nas Exposições Nacionais. ( umas vezes em machos , outros anos em femeas e nuns casos na duas categorias).

           - Em treze anos fui sempre vencedor de uma qualquer destas classes. Só em Santarém , 2004 e Porto 2005 , não obtive nenhum primeiro porque fiz dois segundos lugares.

           - Na Nacional de Évora , ganhei nas duas categorias e nos machos fiz do primeiro até ao quarto lugar. Mais tarde em St Maria da Feira volto a vencer nas duas categorias

          - Nas Caldas da Rainha e Porto (96 e 97), em borrachos machos venci sempre do primeiro ao terceiro. No ano seguinte em Setubal fiz o mesmo resultado mas , nas femeas .

         - Em Tavira , em janeiro de 2001, em machos foi o 1º, 2º, 3º, e o 5º. Em femeas 2º, 3º, 6º e 7º.

        - Em Estremoz , janeiro de 2006, machos, 2º, 3º, 5º. em femeas 1º, 3º e 5º.

        - Em Elvas ( para fechar) borrachos machos 1º e2º. Borrachos femeas 3º.

Em 2013, devido á doença nos pombos ,estes de exposição, que na muda estavam junto aos outros, apanham por tabela e quando tudo é eliminado o sonho que era já e só, um sonho ténue,  passa a realidade e estes pombos desaparecem.  

 Estes pombos eram óptimos em mãos . Foram sendo criados de modo a tornarem-se fechadinhos ( linguagem de juiz) , caíam bem em mãos, eram leves, tinham costas e rabadilhas muito boas. Nos últimos anos e devido aos ingleses começaram a perder "folego" nas penas , nas quatro últimas e principalmente na nona.

 Foram criados apenas para exposição.

Nunca nenhum deles voou. Quando os experimentei eram um desastre , mesmo andandado desde pequenos junto aos de voo. Não voavam, não aguentavam os outros a voar á volta dos pombais  e perdiam - se facilmente mesmo em distãncias curtas. Eram na minha óptica pombos, para estarem em classe de não voados.  Mas ......