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Contributo á " Arraiolense " ( segunda parte) 29/01/2015

   (continuação)

 Estamos nos últimos anos da década de sessenta . As dificuldades na Arraiolense são enormes para columbófilos e para os próprios dirigentes . O arranjar de verbas é deveras difícil, tenta-se a introdução de sócios auxiliares para dar alguma ajuda a nível da cotização mas, tudo é pouco. A sociedade portuguesa desta época vive extremas dificuldades, como tal os columbófilos não são excepção a esta regra.

   Aparecem os primeiros " Soumares" , é a corrida ás zonas para levar as anilhas. Desta geração de corredores vão aparecer nos próximos anos mais um conjunto de praticantes. A nível dos pombos começam a aparecer e ficam, na memória alguns pombos famosos pelas suas prestações . Do Helder Pequito o Académico, o Flash,o Gaiato, o Alentejo ( estes dois últimos irmãos mas, o Alentejo é um pombo mitíco nascido de uns ovos vindos de Reguengos e de certeza, um dos pombos que faz parte da "galeria de notáveis" voadores na Arraiolense ). Do Luis Mota uma geração de bons pombos, as Marias, a Quaresma ( oferecida ao Leonardo), O Carnaval ( oferecido ao Helder), a Arisca (oferecida ao Rebocho), e mais dois ou três significativos. Do Xico Franco ( o Mamede era o tratador) o Mata Borrachos , uma femea de fundo, o Benfica e o Sporting.

   Entramos numa fase que denomino de amadurecimento. Há uma geração em actividade e aparece outro conjunto de jovens ( e não só) que ajudam a cimentar a columbofilia nesta terra. O Toíca,O Vitor Amaral, O Luis Filipe ( com o célebre branco oferecido pelo Percheiro de Évora ), eu próprio, o M. João , o Alexandre, o Zé Bernardino, O ti Espanhol ( com os filhos), o pai do J. dos Lóios, o irmão do Helder, o António Pequito, o Borda, os manos, Quima, Mamede e J. Luis, o Julio,o irmão do Pequito Pereira ( mais tarde este segue-lhe o exemplo), o Zé Julio,o Charneca que algumas vezes em duplas (nomeadamente com o Borda atinjem boas ferformances) ou sózinho , o "Upa" ,o Zé Maria ( irmão do Dé, que aparece depois ), o Manolo e um pouco por arrastamento o seu pai ( o saudoso Ti Manolo), o Direitinho, o Ezequiel,o  Prates, o J. Pereira (esta ordenação de nomes não tem qualquer significado e,  é natural que um ou outro columbófilo me falhe na memória dos tempos mas por esse facto resta-me apenas pedir desculpa....) . É o aparecimento deste desporto na Ilhas e, em boa hora isso aconteceu , porque vieram daqui,  anos mais tarde, os melhores columbófilos desta colectividade ( na terceira parte deste testemunho darei conta disso). Grande parte destes nomes ainda hoje estão nos pombos. É o periodo em que os campeões saiem do trio,  Helder Pequito,  Luis Mota e  Coelho ( este último já praticava a viuvez clássica dos machos ).

  Referi e ele apareceu no iníco da década de setenta, o meu amigo e saudoso Ti Manolo. Talvez tenha vindo para os pombos por "arrastamento" do filho que já nos finais de sessenta tinha alguns pombos  num quintal da parte de baixo . O Ti Manolo merece-me , uma referência especial porque veio na época " revolucionar " a columbofilia na Arraiolense. Além de ser uma pessoa afável, amigo de todos,  inteligente, dedicada, trabalhadora, ele tinha uma força de vontade e querer que é dificil encontrar. Reuniu-se de pombos em número muito elevado para a época e de diversos pontos do país ( Logo aqui já estamos a ver que era diferente ). O período do "amadorismo" puro e duro tinha chegado ao fim , o tempo de ter poucos pombos e muitas vezes mal alimentados e em "capoeiros" termina. Para fazer frente ao Ti Manolo tem que se arranjar  mais e melhores pombos, temos de nos dedicar mais a cuidar dos mesmos , temos de os treinar mais, em suma tudo principios dos dias de hoje mas estamos a falar de há quarenta anos atrás... Até nas exposições ele passa a ser simplesmente o melhor. Cito alguns pombos que nos marcaram, o Beatle, o Joli, o Carioca, a Primavera, o Napoleão, o Flecha o Manolete ....Pela primeira vez em  Arraiolos temos,  um campeão distrital é,  ele mesmo!

   Estamos já também na época em que o caminho de ferro desaparece ,e a própria comissão tem  um camion para o transporte dos pombos.

  A nível das prestações desportivas importa também referir o dominío do Xico  Espanhol que aparece com um lote de pombos muito bons e em menor número do que outros na época. Vários pombos top, uns de Arraiolos e outros trazidos pelo irmão " Bacalhau" de Lisboa. A Antena, a Desconhecida, o do Mota, o Académico, uma pomba pedrada de Évora, o Lisboa  e outos, marcam também uma época. O Aparicio columbófilo do Estrela tem aqui um papel importante .

  É também de Lisboa que chegam outro conjunto de pombos fora de série, à mão do meu compadre e saudoso amigo, Julio Mendonça. Por intermédio de um columbófilo famoso ( na época) da Damaia, o Sampaio. Este senhor traz diversos casais para o Julio que vão marcar os próximos anos como vencedor . O casal do Perna seca, a geração da 422, o 618, o 611 e os pintados . Estes ultimos são extraordinários nas provas de fundo, o 551 é de longe o melhor mas  há uma femea e um macho pintados que são excepcionais  . O macho, um pombo muito bonito pedrado e branco de 77,  era fabuloso e a irmã conseguiu na época duas classificações de Barcelona (estou a referir Barcelona e não Igualada , porque não é bem a mesma coisa...).

   Nesta época,temos dois anos terriveis com duas provas de fundo ( Lérida e Saragoça )  em que recebemos apenas um pombo em cada prova no mesmo dia ,o  tempo estava e esteve todo o dia péssimo, nas duas provas. De Lérida o pintado do Julio consegue chegar "pela casa das 21 horas" e penso que no ano seguinte é o Jacinto que com um pombo do Gri o único a receber de Saragoça ( este meu amigo teve na época outro pombo notável o chamado do Mota ). Já nesta época o Luis Mota aparece a fazer boas prestações nesta especialidade e com vários pombos que apareciam sempre e bem em provas,com  mais dificuldades e nomeadamente no segundo dia.

   Estamos no final da década de setenta  e inicio dos anos oitenta é o reaparecimento deste desporto nas ilhas mas agora através de um conjunto de jovens nos quais uns ficaram pelo caminho, outros ficaram e marcaram de um modo positivo a columbofilia e outros foram na minha óptica ( anos mais tarde e em dupla ) os melhores columbófilos até aos dias de hoje na nossa colectividade.

 Temos o Espingardeiro, o Luis Caralinda, o Zé "Pulga" ( mais tarde os seus dois irmãos e de entre eles o António J. Borralho Paulo),o Quitó, o Mariano, o Rui, o Martins , anos mais tarde o Parrá... . Em Arraiolos aparece-nos o Vitor,o Cabo Carvalho, o Dé , o Varela, o Pontinha , o Russo e mais tarde o Zé Mariano.

   Anos oitenta. A sociedade portuguesa apresenta enormes mudanças estruturais e como tal há repercussões neste desporto. O poder local estabelecido e implememtado pelo 25 de Abril apoia todas a agremiações desportivas nesta vila e arredores e como tal a sociedade columbófila não fica á margem. Compra-se a sede onde era dantes o colégio e consegue-se pagar em quatro anos ( é já uma época em que se deixam de contar os tostões na colectividade). É certo que fizemos com a ajuda de diversos columbófilos , nomeadamente de Lisboa ,trazidos pelo irmão do Xico 2 ou 3 leilões que na época e no meio são bons. Para dar uma nota deste crescimento, na ração que a colectividade vendia ( íamos buscá-la no camion da Câmara  á Malveira á do Galrão) aos sócios chegamos a vender mensalmente 40/50 sacos de ração de cinquenta kilos . 

  Os vencedores desta década são o Julio,o Quima,  o Vitor, o Dé e eu próprio nos anos de 87 e 88 ( a distribuição dos nomes é aleatória).Penso ser deste período outro marco da columbofilia arraiolense que nos  aparece a nível distrital ( penso que em fundo ) com três columbófilos nos dez primeiros, o Julio, O Xico e o Luis Mota, qual o ano em que isto aconteceu já desapareceu na minha memória....