Reconhecimento a António Prates - Vendas Novas |
28/03/2017 |
Estas palavras foram escritas num Verão de 2007 ou de 2008. Tinha-as guardadas num dossier e um dia destes lembrei-me delas e acima de tudo do que elas representavam . Eram, e são, um reconhecimento a um columbófilo do meu distrito que é de certeza a nível do país dos maiores criadores de pombos correios.
Era um Verão abrasador , final de Julho e num daqueles dias que só o Alentejo tem . Eu e o meu amigo Gil Duarte saímos de Évora para ir falar um pouco de pombos com o A. Prates a Vendas Novas.
António Prates é um entendido neste desporto, tem uma experiência de criador de pombos a nível elevado, tem uma enorme capacidade de memorização/ visualização que lhe permite relembrar os nomes, as linhas, os feitos dos pombos de topo da columbofilia belga dos últimos 60/70 anos. É aquilo que denomino de " enciclopédia columbófila " e dá um enorme gosto escutar referências a pombos que marcaram a columbofilia internacional e dos quais , alguns deles , chegaram ao nosso país.
É um praticante da columbofilia de há 50 anos . Primeiro o início em Reguengos de Monsaraz com o amigo Elídio Pina e depois mais tarde em 1976, na formação do Clube Columbófilo de Vendas Novas sendo o sócio número um e fundador juntamente com o sargento Cruz Dias, o Sr. Geraldo, o Rui Cavaco, o Francisco Figueiredo e o sargento Candeias. Anos antes já enviavam pombos a provas encestando pela Sociedade Columbófila de Pegões que pertencia á Associação Columbófila de Setubal.
Quando questionei o Prates das razões que não têm permitido aumentar o número de praticantes numa cidade ,com poder económico e, com condições urbanísticas favoráveis, ele respondeu-me que é dificíl porque as distâncias das provas ( devido á localização a oeste do distrito) são sempre enormes e por outro lado a partir do momento em que o camião distrital deixou de recolher aqui os pombos e passaram a fazer transbordos em Montemor ou Arraiolos , foi motivo para afastamentos.
Deixei depois falar o Prates que fez um exercício de memorização que nos deixou, a mim e ao Gil Duarte , admirados pela enorme capacidade demonstrada. Prates defeniu-se essencialmente como um criador de pombos que teve sempre em mente ter não, os bons mas, sim os excelentes. Toda a vida se pautou por este princípio !
Assim :
O iniciar deste desporto dá-se em Reguengos com o amigo Elídio Pina com pombos do saudoso António Murteira e Julio Jarego da Fonseca,os Sells, os Bricoux Sells de Albino Fialho. As linhagens eram os Vanparis, os pretos do Américo Esteves, os pirilampos e os pombos do Álvaro Silva ( Gorans, Fabrys, e Sells, referência especial ao casal Grosso com a Butterfly).
Quando vem para Vendas Novas traz estes pombos que já eram de topo. É bom lembrar que António Murteira e Julio Jarego da Fonseca tinham, já na época , das melhores linhagens que existiam na Bélgica.
Jé em Vendas Novas e por intermédio de um seu conhecido que trabalhava na Bélgica, Ant. Prates adquire exemplares filhos dos melhores pombos belgas. Estes pombos estiveram e estão na base dos melhores columbófilos que hoje concursam na Bélgica e Holanda e basta ver os seus sites para encontrarmos facilmente pombos irmãos dos que Prates adquiriu.
Nas primeiras introduções temos pombos de Hector Prince, os Josef de Troyer e diversos Fabrys. Logo de seguida os Jan Arden, um filho do Dolle com a filha do 131 que na época era o melhor casal Jan Arden ( o Dolle foi considerado o melhor reprodutor de fundo de todos os tempos da Holanda). Com o desfazer da sociedade do Reino dos Pombos ( Alexandre Mendes Gordo e Horta e Silva ) o Prates faz a aquisição do casal Vanbruane de 72 ( Barcelona e a fêmea que era meia irmã do Eletrick). É também o periodo da chegada dos primeiros Cattrysses ( linhas do Riveur, Block, Barcelona e Draier ), alguns Vinois. Juntamente com estes chegam alguns Van der Espt e os Clerebaut que cruzados com os Jan Ardens deram filhos fabulosos.
Ainda no início dos anos oitenta mais oito Vanbruanes , linha do Barcelona II , do Diplomat, do Mistral e do Laureat de barcelona, acompanhados de mais seis Vinois e 5/6 roosens entre eles um filho do Balduino que tinha acabado de vencer a taça do rei na Bélgica e que era filho do Beaujoulais com a Jeune Mamã ( em casa de Dehanchuters) um filho do Pousseguin e do Foreu com a Mamã e os Adnets.
António Prates tinha já nos seus pombais , nesta época, dos melhores pombos de fundo de todos os tempos. Decide virar-se para pombos para distâncias mais pequenas e com tal, recorre aos mitícos irmãos Janssens. Repare-se nos pombos adquiridos :
De Arendonk, chegam um filho do 019 . O 019 foi um Janssen que os irmãos nunca venderam por mais propostas fabulosas que lhe fizeram. Ganhou só simplesmente 18 primeiros prémios. Chega também um filho de um meio irmão do 019, um filho do Vosk, um filho do Olho Amarelo ( este foi comprado por Jules Wouters e venceu 15 primeiros prémios dando uma descendência fora de série ). Da mesma raça alguns Borgmans e do Klak (todos janssens).
É também nesta época que se juntam a estes pombos alguns Grondelaers entre eles um filho do Good Yearling que depois esteve emprestado ao Alexandre Mendes Gordo.
O fundo continua a seduzir o Prates e adquire mais alguns Jan Ardens, Cobuts, um filho do Montauban com a Barcelona, um filho do Cahors com a Lourdes e um filho do Paul Narbonne.
Em 1986 numa visita á Bélgica , prates fica maravilhado com pombos Stichelbaut ( Frans Labeew) e traz seis filhos dos seus melhores casais. Assim : do Fijnem, do Athlet, do Witpen, do President, do Favorito e do Zwuart. Se pensarmos e analisarmos estes nomes vamos encontrá-los na base das colónias que hoje dominam o Fundo Internacional.
Prates quer ainda mais e junta a tudo isto pombos do Florizoone, do HofKens, do Imbrecht, directos e via Julio jarego da linha do Fou, do Espoir, Naessens, St. Vincent e Vanderlinden. Nos últimos anos ( já neste século) os romários e outros através do Mundo Columbófilo. Os directos Engels, Van Hove Uytterhoven, VanLoon, Sangers, Arien Verreckt e um casal de Emil Denys, um filho do Adónis e uma filha da Madrid ( 3 prémios de Barcelona) , os Roger Vereeck, filhos dos casais importados pelo seu colega e amigo , já falecido Alexandre Mendes Gordo, Yong Felix.
É sem sombra de duvidas digno de registo um pombal onde se conseguem , ainda hoje encontrar, descendentes destes pombos míticos. Prates conseguiu com o sistema de consanguinidade ir mantendo toda esta linhagem. Hoje verificamos a distribuição por vários pombais de modo a manter apenas e só as mesmas linhas de pombos. Assim um pombal com cerca de 40/50 janssens ( vários descendentes do 019), noutro pombal Vanbruanes e Cattrysses, um outro só com linhagens de fundo , Jan Arden, Stichelbaut, e alguns Cobuts. Noutro espaço espaço só com Van loons, Grondelaers e Engels. Os Fabrys merecem um pombal especial e as linhas de José Maria / Alvaro Silva, estão muito bem representadas.
Durante diversos anos Prates não teve disponibilidade para se dedicar á competição primeiro o bancário em actividade e depois mais tarde o agente imobiliário tornavam impossível a prática competitiva. Além de que para ele só o dedicar-se á manutenção, criação destas linhagens já era de sobre humano. O Prates foi e será sempre um criador nato com uma visão extraordinária para conhecer os pombos e um conhecedor profundo dos melhores pombos que existiram e existem na Bélgica e na Holanda . Foi e é toda uma postura que o dignificou e dignifica este distrito onde ele se engloba e entendo eu também a dignificação da columbofilia Nacional.
Na época o Prates indicou-me alguns nomes que com pombos dele tem obtido boas prestações .
Cito: César Timóteo, Dr. Chitas Martins , Ameixa de Beja ( com um Janssen negro), Marujo, paulo Franco, António Rebelo, Artur Gomes e os seus primos Rodrigues o joão Trincão Ferreira dos Riachos e outros .... ( alguns nunca nada disseram como é apanágio nos nossos praticantes. O segredo é muitas vezes " a alma do negócio " )
Ao Prates quero apenas desejar que se mantenha com o mesmo espirito neste desporto, agradeço-lhe as aprendizagens que com ele sempre obtenho e continue a contribuir para a dignificação do seu clube e do nosso distrito.
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