Contributo à " Arraiolense" ( primeira parte ) |
23/01/2015 |
De modo algum pretendo escrever a " história " da Arraiolense. As ideias e o transformar das mesmas em palavras são sempre algo de subjectivo e querem acima de tudo traduzir a expressão daquele que as apresenta.Nunca me passou pela mente elaborar a história do que quer que fosse até porque sei que tenho diversas limitações e só o termo " história " assusta qualquer dos mortais. Prefiro os termos denominar ou recordar de alguns aspectos interessantes no percurso desta colectividade.
A história , por toda a subjectividade que a mesma possa ter, ela terá de ter sempre pontos de partida/ encontros, que são sempre objectivos. A pesquisa é sempre fundamental quando nos reportamos a qualquer acontecimento. Aqui e neste caso isto não se verifica na exaustão ou em plenitude porque ela está inerente na minha mente , num conjunto de notas ou apontamentos e num enquadramento de vicissitudes várias, que se foram acumulando desde meados dos anos sessenta do século passado até aos dias de hoje.
Nestas palavras quero apenas dar um pequeno contributo á sociedade, á instituição onde fiz as aprendizagens columbófilas e onde acima de tudo "cresci" como pessoa e como responsável por posturas que me foram sendo transmitidas pelos mais velhos , pela tradição / costumes , respeito factores essencias nas vivências columbófilas e que nos preparavam, mesmo sem darmos por isso, para a vida no contexto social.
Para este recordar ou esta visão tenho de organizar todo o conjunto de recordações em " balizas" pois estas serão fundamentais para nos enquadrarmos no tempo, na dinamica social e acima de tudo nas vivências de um meio rural pobre e fechado.Assim abordarei esta temática do seguinte modo:
- O arranque e implementação
- As décadas de setenta e oitenta
- Os finais do sec. XX e o início do sec. XXI
As actas que nos aparecem dos primeiros tempos indicam o dia 1 de Novembro do ano de 1961 como o da fundação desta colectividade.
Tenho , hoje , algumas reservas nesta datação. O dia um de Novembro já era em 1961 feriado nacional ( dia de todos os santos ). Nenhuma instituição em termos formais ou estatutários se poderia concretizar numa data deste tipo. Talvez a situação de feriado poderia ,ter sido propício na época ,para que as pessoas que estiveram na génese desta colectividade se tenham reunido para elaborar, decidir, implementar algumas decisões fundamentais de concretização. Mas , tudo isto é apenas e só a minha suposição.
Vários nomes nos aparecem ligados a esta primeira fase, Manuel Godinho, Manuel A. Rocha ( já neste século e na última vez que falámos da sociedade me disse que tinha sido ele a tratar dos primeiros documentos tendo por base estatutos da Sociedade Eborense, e porque era de todos eles o que tinha mais disponibilidade de tratar qualquer assunto ), o Santos , o Xico Franco ( avó do Paulo Franco), o Cláudio, o Arnaldo o Luis Chinelo e outros.
O início é como sempre muito difícil. Viviamos numa sociedade pobre, fechada, onde as inovações são sempre de dificuldade extrema e num meio rural onde tudo ainda se trona mais complicado. existiam apenas duas colectividades em Arraiolos a denominada sociedade dos "pobres " e a chamada sociedade dos "ricos ". Pelos anos de 1964 aparece a primeira campanha ( se asim lhe poderemos chamar ), com apenas a disputa de cinco provas. Não há ainda relógios constatadores e os encestamento eram feitos numa casa cedida pela Sociedade Filarmónica Arraiolense ( sociedade dos pobres) junto aos WC públicos dos dias de hoje.
Nos anos seguintes dá-se o aparecimento de uma nova geração de praticantes nos quais alguns ainda se mantem nos dias de hoje e outros que ficaram pelo caminho. São os casos do Jacinto dos Lóios, Helder Pequito, Luis Mota, o Coelho, Leonardo, Eduardo, Zé Américo, Valente, Manuel da Luiza, e um pouco mais tarde Jó Mira e A. Diogo e o Zé Torcato.
É esta geração que suporta, digamos o arranque e na minha opinião contribue para a germinação e frutificação deste desporto em Arraiolos. A sede era numa casa velha do Zé Maria , um espaço limitado, com uma secretária velha, um ou dois mapas antigos do nosso país e dois bancos de madeira compridos. Já neste período nos aparecem os primeiros relógios constatadores.
Mais tarde , já pelos anos de 67/68 a sede muda para a Rua Melo Mexia junto á casa do Eng Cabrita e há já um conjunto de melhores condições e até dá para se levar aí a efeito a primeira exposição com juìzes classificadores de Évora ( Carreiras e penso que Faustino Caeiro).
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