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A Península ditou as suas leis ! Valência , 20 de Junho 25/07/2015

Valência , 20 de Junho

(A Península ditou as suas leis !)

 

José F. Coxo – Arraiolos

 

                A Península Ibérica apesar de ser um “ pequeno” espaço territorial tem a nível atmosférico mecanismos quer físicos, quer dinâmicos ,  que são sui  generis desta área ibérica. Normalmente quando se fazem sentir nos seus extremos e temos provas desportivas  “ levamos” por tabela. Ou seja esta península comporta-se, como um “mini-continente” e desencadeia  mecanismos de “micro-clima” completamente diferentes de umas áreas para outras mesmo com relativa proximidade.

Este  ano , por azar nosso, tivemos um mês de Maio já com temperaturas elevadas ( atenção que o parâmetro a nível do globo para áreas quentes é de 20 graus  em termos médios anuais) e o Junho foi um pouco pior. Segundo informações do instituto do mar e atmosfera foi o mês mais quente dos últimos sete anos.

Todos sabemos, mas não o queremos ver, que a nível da temperatura o globo tem registado nos últimos anos uma subida gradual no seu  aquecimento. Podemos referir dois exemplos nossos conhecidos dos tempos de escola. Um o pico mais alto do continente africano, o Kilimanjaro, que durante 11.000  anos  esteve coberto com um enorme “ lençol” de gelo e neste momento apenas algumas áreas residuais ainda resistem. Por outro lado temos 2/3 glaciares, no Alasca e o mais  preocupante  na  Antártida ( o Larsem B) que durante os últimos dez mil  anos se mantiveram e agora estão em desaparecimento  em “ morte” lenta. A própria Gronelândia perdeu nos últimos anos 97% do seu gelo.

A península encontra-se numa área perigosa porque ,fica a norte das áreas desérticas do Saara e no aumentar  desta desertificação  ( que se tem verificado )  tem para nós consequências extremas, com aumentos e picos muito elevados de temperatura e muita secura.

Valência, 20 de Junho

A previsão meteorológica feita pelo cap. Garrido era elucidativa e feita com 2/3 dias de antecedência foi infalível. O quadro que é sempre apresentado e que muitos não lemos ( ele deve ser lido na globalidade e não só saber se chove ou não ) tinha lá tudo escrito. As temperaturas aparentes e verdadeiras desde o local da solta até ás diversas sedes de distrito, os ventos com a sua intensidade e direcção, a ausência de chuva, e a percentagem de humidade do ar( factor extremamente importante para esta época do ano) .

As previsões não falham , nós às vezes é que não as lemos .O cap. Garrido é uma pessoa de enorme competência, saber, e com uma dedicação aos pombos e á causa columbófila, além, de ser ( e eu sei …) um defensor dos pombos. O que vem a seguir, o poder decisório,  já não é com ele…

 

 

Valência  no  seu quadro meteorológico  tinha lá tudo escrito. Temperatura no local de solta na casa  dos 17/18º. Na tarde anterior esta área tinha registado  27/ 28 graus, estamos numa zona de influência marítima onde as brisas do mar se fazem sentir. Mas para o percurso estavam presente duas  situações  diferentes . Assim  tínhamos :

                - para a parte norte do país ( Aveiro, Porto, Braga), e toda a área a norte de Madrid com indicações de temperatura na casa dos 27/28/29 graus e com uma previsão de humidade na casa dos 36% a 37% para a parte final do percurso.

                - para o sul tudo era diferente. As áreas de Albacete ,  Ciudad Real,  toda a serra Morena, Évora e Beja tinham previsões de temperatura de 37 a 38 graus e com uma humidade relativa na parte final de 18%, 19%. Isto é um “coktail”  quente  e muito seco que cria enormes dificuldades aos pombos e leva muitos, facilmente  a entrarem em desidratação.

Os resultados verificados são demonstrativos de todo este conjunto de condições . Assim:

- o norte do país regista chegadas com melhores médias, com quantidades e ritmos de constatação normais para  esta prova, e com quantidades significativas de pombos.Muitas  colectividades fecham facilmente as classificações.

- o sul, pelo contrário aparece com médias mais baixas, o ritmo de constatação dos pombos é mais alargado e grande parte das colectividades não consegue fechar a classificação no dia da solta. Em Évora apenas quatro sociedades fecham as pranchetas  ( Mora, Mt. Trigo, Portel e Redondo). Em Beja das que li na Net nenhuma tinha fechado. Setubal, Lisboa e Faro estavam em pior situação porque tinham menos pombos e muito mais compassados nas chegadas. Faro então era um desastre no primeiro dia.

É certo que as médias dos primeiros pombos, tanto a norte como a sul , têm de considerar-se boas. O problema no sul foi a chegados dos outros .

Não culpo qualquer dirigente. A pessoa responsável que lá esteve e que conheço é o Dr. Barros Madeira que é um entendido nos pombos, é um conhecedor de tudo o que se passa na columbofilia Mundial, é uma pessoa dedicada, é um defensor dos pombos e é um Homem de “H” grande.

Apenas, as condições da natureza, muitas vezes  se sobrepõem a nós simples humanos.

Temos dos melhores pombos do Mundo. Estes pombos que ganharam as diversas zonas são bons em todo o lado e nada devem a pombos belgas, holandeses ou alemães. No mesmo dia penso, que havia a solta internacional de Pau mas, vi as temperaturas em toda a França e, em nenhum local elas chegavam a máximos de 20 graus.

Talvez mereça a pena fazer-se uma alteração nas datas ou no local da solta….

 

( Publicado no jornal Mundo Columbófilo do dia 24 junho de 2015)