NOVOS ESTATUTOS PRECISAM-SE |
13/07/2020 |
Com o reatar da época, com treinos, direi, cronometrados, implicou refazer calendários de molde a permitirem completar os campeonatos de Velocidade e Meio-Fundo e levar a efeito algumas provas só para Yearlings. (pombos com anilha de 2019). O Algarve ainda conseguiu encaixar umas provas de pequeno fundo a partir do Norte do País e refez as inscrições. Muitos aficionados deixaram de enviar os seus pombos a provas e outros aproveitaram para rodar e selecionar os jovens de 2019 e outra Associações deram a época por terminada. Não será este o momento oportuno para comentar friamente toda esta confusão pois ainda muito se está a trabalhar nos bastidores!
A competição perdeu muito do seu interesse com essa paragem de quase seis semanas. Estamos a disputar um Campeonato Manco, ou seja sem as provas de fundo (ou só com uma), e consequentemente sem o próprio desgaste que estas provocam, muitas vezes com consequências negativas na forma das colónias. Também o interesse de muitos columbófilos gelou, em virtude da sua idade, do medo de exposição pública, também por terem acasalado as aves, e fundamentalmente porque a grande época para voar pombos é no início de Primavera e não pelos calores e altas temperaturas a partir de meados de junho, que tantas perdas provocam. Na minha opinião, será o possível, mas nunca um verdadeiro Campeonato.
E toda esta temática, da interrupção das provas no desporto é idêntica em todas as áreas desportivas. Basta ver o que aconteceu com os Jogos Olímpicos deste ano, que envolvem milhões de euros e programados para finais de julho e que foram adiados para 2021 e a conclusão de alguns campeonatos de futebol, como o Francês.
A quase totalidade das Associações baseia o seu funcionamento nas verbas das taxas de encestamento, pagas antecipadamente. A organização interna de uma Associação funciona com receitas dessas taxas. Os leasings a pagar por renovação de frotas, os funcionários, outras rendas, energia e água, etc. serão pagos a partir destas taxas e da percentagem de venda de anilhas. As rendas dos leasings com certeza serão as mais pesadas e aqui também os compromissos não podem falhar. Com esta situação, se, por qualquer motivo, não houvesse Campanha Desportiva, obviamente não existiria financiamento para o normal funcionamento das Associações. Como se diz, sem ovos não haveria omeletas. Chegamos aqui a uma situação que convém ser analisada por todos nós. Como manter a Associação a funcionar? Será correto retirar verbas das taxas de encestamento para fazer face ao funcionamento de uma qualquer Associação? Ou são de encestamento ou não são. E aqueles columbófilos que não inscrevem pombos nesse ano não vão pagar qualquer quota? Não deveriam estes encargos ser bem explicados aos amadores que são quem pagam. Taxas engloba então o quê? Trata-se de um tema delicado que temos contornado com alguma facilidade recorrendo ao recurso das taxas de encestamento. E, se por qualquer motivo num qualquer ano não puder haver Época Desportiva? Como será? Complicado.
Uma das razões da pressão inicial (finais de Março), para que a época Desportiva arrancasse, aliás demonstrando uma falta de conhecimento, sensibilidade e união pelos columbófilos mais velhos, foi também, na minha opinião, a preocupação do financiamento das Associações. Entendemos que as despesas das Associações deverão ser suportadas pelos clubes, de acordo com os associados inscritos nesses Clubes. O modelo atual é pouco claro. Mas como sabemos, os Estatutos Federativos também estão moldados de uma forma ambígua. Ou seja a Federação comunica, interage, emana diretivas às Associações e estas remetem aos Clubes e Sócios. E as receitas? As receitas das Associações, se não fosse a Campanha Desportiva seriam constituídas apenas pelas receitas de anilhas, ou seja uma migalha. A meu ver, todo o processo de Recenseamento, criação de quota Associativa paga pelos clubes, e cota dos sócios aos Clubes, deveria passar pelas Associações. Por outro lado, a Federação tudo recebe, dá uma ridícula percentagem da venda das anilhas. Financeiramente não dá nada. Presta apoio ao extravio de pombos, trata de autorizações para soltas em Espanha, coordena o mapa das soltas, fornece a meteorologia e….Pouco mais. Recebe muito e pouco dá. Não se percebe. Também não se entende que havendo uma quebra de 75% de columbófilos relativamente há trinta anos, os colaboradores federativos sejam em maior número. Surpreendente já que tudo está informatizado, ou seja recenseamentos, extravio de pombos, gestão dos campeonatos, etc, mais funcionários na Federação, mais bem pagos para gerir menos de 7000 columbófilos. Quando eramos 25000 existiam dois, Grande diferença!
Antes do 25 de Abril, não existiam Associações, mas sim Comissões Distritais. A emancipação, apressada, parece-nos que foi simplesmente fictícia. Aliás ainda hoje, todo o poder de decisão não mora nas Associações, nem nos verdadeiros interessados, os Columbófilos. Tem sempre de haver o agrément da Federação. As Associações na minha opinião nasceram mal, sem fundos, sem estatutos que lhe dessem uma outra figura jurídica, que permitam aos columbófilos expressarem-se e financiarem-se. E já agora, justifica-se uma Associação com 2000 columbófilos ter um voto no Congresso e outra só com 100 membros ter o mesmo voto? Razão pelo qual apelo a todos os que estão verdadeiramente interessados na modernização deste desporto, se reúnam e tentem estudar e apresentar um novo Estatuto das Associações, que implique a fusão das mais pequenas, de molde a que essas novas Associações tenham, no mínimo, 500 columbófilos. Entendemos que dividir para reinar não é boa política. É obrigação das Associações, ouvidos os columbófilos, apresentarem propostas para alterações profundas aos Estatutos.
Mas nem tudo é mau. Demos uma espreitadela aos Estatutos das Associações deste País, que são praticamente semelhantes, mas não posso deixar de destacar os novos Estatutos da Associação Columbófila do Distrito de Faro, do qual me permiti copiar parte da introdução do Novo Estatuto e que transcrevemos parcialmente:
“Sendo os columbófilos os principais responsáveis pela existência do desporto columbófilo e dando seguimento aos ideais da democracia e representatividade entende-se como antidemocracia excluir os columbófilos de fazerem parte e de terem o seu direito de voto em todas os assuntos que digam respeito ao desporto columbófilo do Algarve. Apresentamos assim aos actuais delegados das colectividades e a todos os columbófilos um novo modelo de Estatutos que esperamos possa trazer um futuro melhor á columbofilia Algarvia, em que as colectividades continuam a ter os seus delegados conforme o número de associados, mas os columbófilos irão estar representados na Assembleia Geral da ACDFaro, tendo cada um direito a um voto.”
Todos, mas todos, temos o dever de lembrar aos decisores da columbofilia que esta atividade tem caraterísticas diferentes da maioria dos desportos. Aqui o columbófilo é o desportista, trata-se de um desporto individual, representado pelo próprio, e como tal é a ele que as contas devem ser prestadas, pois é ele e só ele que financia toda a organização. No que se refere aos Estatutos Associativos, como já explicámos, estão ultrapassados, por várias razões. A primeira, a verdadeira autonomia desportiva, a segunda, autonomia financeira, e a terceira, a emancipação democrática, ou seja um columbófilo um voto.
Um columbófilo um voto será a opção do futuro, poderá demorar algum tempo mas lá iremos, Esta democracia representativa nada tem valido, é só cosmética. Tem havido variados congressos e os nossos representantes, nesses congressos, não prestam contas, não sabemos se estiveram presentes, nem nos perguntaram algo tendo em vista a discussão das questões, ou seja, estão lá entregues às suas ideias, ideais e outros interesses. É um tema quente, sabemos, e muito pouco conveniente para alguns dirigentes, que estão nas cadeiras do dirigismo já há alguns anos, como se estivessem numa missão muito sacrificada. Mas, quando se apresentam alternativas ficam todos incomodados. Tudo isto me faz lembrar uma Monarquia, mas cujo rei não tem coroa. Alguns companheiros deste desporto já repararam que existe uma pseudo Oligarquia nos cargos, por exemplo da Federação? Desde a presidência de Gaspar Vila Nova temos assistido à eleição de dirigentes, que têm feito parte do elenco Diretivo ao longo dos anos. Não está em causa uma questão de competência mas sim uma questão da entrada de novos dirigentes com novas ideias, outro elan, e até mais jovens. Só assim teremos uma maior abrangência em termos de pessoas que podem contribuir para o desenvolvimento desportivo.
Não é fácil. Percebemos que a adesão à elaboração e aprovação de um novo tipo de Estatutos federativos e associativos serão passos muito pesados e com imensas dificuldades em ultrapassar. Temos de levar em conta aqueles que se acham bem com este sistema. Pois este sistema é quase uma peça de bloqueio a uma nova ordem desportiva – Um columbófilo um Voto. Os meus amigos já perceberam o que é necessário para existir um candidato a Presidente da FPC ? Para o ser terá de ser proposto por de 10% dos congressistas. O eventual candidato não pode por si próprio apresentar a candidatura à Mesa do Congresso, sob proposta de um certo número de columbófilos. Tudo dito. Sem receios e com a minha postura sempre atenta, incómoda para alguns, para outros até despropositada, mas que pessoalmente não me afeta em absoluto.
Postura fundamentalmente apontada para uma columbofilia para os columbófilos, que são pessoas simples e sem vaidades, e para a verdadeira proteção do pombo-correio, que tão por baixo tem andado, apresentEI aqui mais um punhado de sugestões.
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