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AS CARACTERISTICAS DE UM POMBO CORREIO 12/05/2011

 

      

AS CARACTERISTICAS DESPORTIVAS DO POMBO-DE COMPETIÇÃO

 

Por: Engº. Inocêncio Mendes

 

 

Ao longo dos meus mais 40 anos de columbófilo no activo tenho aproveitado todo esse tempo na criteriosa observação dos meus pombos, e também não deixando  de passar a oportunidade para “pegar” em craques por esse mundo fora. Manipulei milhares de pombos e poderei afirmar que errei em cerca de 15%, na avaliação dos melhores.

Esta percentagem estimada em erro significa que o método de avaliação não é fiável 100% face a atributos e características que são impossíveis de medir. Só com uma propensão natural, jeito e alguma prática poderemos aferir com alguma segurança as vitais características para avaliarmos um crack.

Os critérios de avaliação, que escolhi de acordo com o meu ponto de vista, de um atleta alado passam por variadas características que saliento:

1-     Selecção natural ; 2 – Primeira impressão ; 3 – Estrutura geral e equilibrio;         4 -  A Asa ; 5 – A Musculatura ; 6 – O Peso ; 7 – A Garganta ; 8 – A Vitalidade e Saúde.

 

 

1 – O POMBO-CORREIO E A NATUREZA – SELECÇÃO NATURAL

 

Quantos columbófilos questionarão o lugar que ocupa na natureza o pombo-correio?

Concerteza que muito poucos.

O pombo é um animal que actualmente vive num meio fora do seu habitat, sem que a selecção natural  ocupe o seu lugar. Vive em instalações cada vez mais sépticas que conduzem a aves com poucas resistências a certo tipo de doenças quando em contacto com elas.. Assim os mais débeis sobrevivem, enfraquecendo a colónia e obviamente baixando o sucesso desportivo. Segundo Henry Landercy depois da guerra de 1914/18 havia pombos extra em todas as colónias mas isto não quer dizer que actualmente os pombos sejam de melhor qualidade. O que acontece hoje em dia é que os pombos teem outras condições e são melhor tratados.

Assim também estamos a fomentar a existência de pombos de qualidade inferior.

É através da ciência que esta  mais tarde ou mais cedo nos convencerá a tornar os nossos pombos mais rústicos e consequentemente mais robustos. E esta qualidade não se mede, pratica-se. Actualmente estamos a optar pelos chamados produtos Naturais tendentes a aumentar as resistências às doenças do pombo correio. Um bom sinal, convenhamos.

 

2 – PRIMEIRA IMPRESSÃO

 

Quando entramos num qualquer pombal há sempre um pombo que nos chama mais a atenção. O olhar penetrante, a curiosidade e a aparente inteligência e tenacidade são atributos que não poderemos deixar de atender, pois, normalmente são estes os melhores pombos da colónia. Pegando na ave em mão o primeiro contacto é fundamental – é o parâmetro que nos permite partir para avaliarmos o peso especifico, a massa muscular, o equilibrio e a resistência do chassis ( leia-se carcassa) a plumagem. E os olhos não nos dirão nada? Julgamos que sim, apesar de   haver quem defenda que existem pombos com os mais variados olhos e que são aves de grande qualidade. È verdade. Mas esquecendo-se que a riqueza do pigmento, o rendado dos círculos de correlação e tudo o mais são tema de milhares de artigos, assentes em provas dadas. Por outro lado nunca vi um bom casal de reprodutores sem que um deles não tivesse uns olhos bem pigmentados, cores fortes, com um profundo circulo de correlação, e cuja pupila “ flutuasse” com facilidade à influencia da luz. 

 

 

 

3- ESTRUTURA GERAL E  EQUILÍBRIO

 

Equilibrio e estrutura geral do pombo completam-se. Qualquer pombo bem equilibrado quase que não necessita de ser pegado em mãos. Basta vê-lo na gaiola e a harmonia que apresenta coloca-nos perante uma ave mais ou menos equilibrada. Este atributo é muito difícil  de definir. È um atributo intuitivo que apresenta o pombo com o peito pousado na mão e com uma muito ligeira tendência a pender para a frente. A primeira impressão quando pegamos no pombo é fundamental.

A estrutura geral do pombo sente-se pela rigidez da sua carcassa,  forquilhas à frente e atrás fortes. Ossos resistentes e consequentemente fortes  não quererão dizer ossos grossos. Esterno não demasiado espesso para não pesar demais ao pombo e se possível direito. Devemos sentir vida através do corpo do pombo em mãos.

Acontece que muitas vezes nos deparamos com pombos muito nervosos, plenos de vitalidade e que é difícil pegar em mãos, mas que não deixam de ser uns verdadeiros craques.

 

4 – A ASA

 

A asa é o principal elemento do voo. É o seu instrumento, idêntico ao papel de um remo de um barco a remos.  A asa é composta pela asa passiva ou de sustentação, situada junto ao corpo, e a asa activa que é composta pelas rémiges. Deverá ser simultaneamente estável e sólida.

O braço, inserido junto à forquilha anterior, deve ser o mais curto possível, bem como o antebraço, de molde a formarem uma asa passiva curta (de sustentação) e consequentemente tornar o pombo mais veloz. Por outro lado o antebraço deve ser bem espesso ou seja, musculoso. As rémiges secundárias deverão ser curtas bem alinhadas e com uma cobertura interior muito abundante. Por outro lado gostamos sempre de ver uma certa  decalage na primeira rémige primaria, seguindo um perfeito e longo alongamento até  à sétima pena. Da oitava até `a décima rémige deverão ser finas arredondadas longas e com o comprimento aproximado. As penas de cobertura quer interiores quer exteriores deverão ser abundantes e compridas, e as escapulares inseridas no polegar  deverão ser largas e também compridas. É evidente que a asa deve ser proporcional ao corpo.

 

 

 

5 -  A MUSCULATURA

 

Sentida aquando da primeira impressão, induzimos desde logo qual e que tipo de músculos o pombo tem. Há que atender ao tamanho do pombo, à sua estrutura óssea,  e ao peso. Os músculos mais perceptíveis são os que se situam ao lado do esterno, na asa e na forquilha anterior. Só com uma grande experiência poderemos avaliar a musculatura não a confundindo com gordura. A musculatura, e a respectiva massa muscular variam de pombo para pombo, tornando-se mais volumoso nas aves com asas mais curtas e esterno mais alto e naturalmente adaptadas a um voo mais em força e consequentemente mais rápido..

Por outro lado os pombos que possuem músculos mais longos e asas mais longilineas obtêm um voo mais em souplesse menos estafante portanto mais vocacionado para provas de longas distancias ( 700 Km ou mais). Os músculos (carnes como se diz vulgarmente no nosso meio) deverão apresentar uma cor rosada, nunca branca que se confunde com a gordura, pois apresentando-se rosadas também espelham o estado de saúde. Em aves saudáveis, a musculatura, quando o pombo em mãos, dá-nos uma impressão de nervosismo sentido como vibrações, que mais não são que os seus tendões em funcionamento. Um pombo que nos cai na mão como um pedaço de qualquer coisa não pode ser um bom atleta.

Pelo que acima afirmamos poderemos inferir que o volume da  massa muscular nem sempre é sinónimo de bons músculos, mas que poderão ser um espelho da condição física do pombo que quanto melhor for mais em forma estará.

 

 

6 – O PESO

 

O peso deverá estar de acordo com o tamanho do pombo.

Pela análise do ponto anterior o peso está directamente proporcional ao estado físico do pombo e inversamente proporcional à forma. Poderá parecer um contra-senso o que afirmamos mas  quando o pombo está em forma o peso (leia-se peso ideal) é o mesmo mas o volume do pombo é maior. Ou  seja o que se alterou foi o peso especifico que como já percebemos aumenta ou diminui consoante o estado de forma de uma ave, graças ao enchimento de ar dos sacos aéreos. Qualquer ave que voe todos os dias não se encontrará forçosamente pesada. Pombos com demasiado peso ou pombos cujo peso oscile muito não é bom sinal.  Veja-se o caso dos reprodutores que se emagrecerem demasiado quando alimentam borrachos ou os voadores quando numa prova normal chegam quase sem peso, - desidratados.

O peso próprio cada ave,  só se avalia correctamente através do conhecimento perfeito dos pombos. Poderemos avaliar assim, com alguma exactidão, o peso ideal de cada um. Mesmo um pombo sujeito a poucos treinos não deverá ficar gordo, mas apresentar um peso um pouco acima do normal. Um pombo crack come o indispensável, e apresenta sensivelmente o mesmo peso.

 

 

7 – A GARGANTA

 

A garganta deverá ser vista como um dos elementos indicadores da saúde de um pombo, nomeadamente no que diz respeito ao sistema respiratório. Deverá ser de cor rosada, sem ser de forma alguma vermelha. O orifício da laringe deverá ser reduzido e manter-se calmo, assim como a língua que deverá permanecer pousada na mandíbula inferior e imóvel. Qualquer situação que não seja correspondente às características acima citadas,

configura um pombo gordo ou com problemas respiratórios. A fenda palatina deverá abrir-se facilmente aquando da abertura do bico da ave.

 

 

8 – A VITALIDADE E SAÚDE

 

Existem pombos cheios de saúde e sem vitalidade, mas os pombos com vitalidade apresentam-se sempre saudáveis.

A saúde resulta, de uma forma simplista, do bom funcionamento dos órgãos internos de um pombo correio, nomeadamente, pulmões, coração, fígado e aparelho digestivo. Assim sendo o processo de informação interna de um pombo, do qual tem preponderante importância o sistema nervoso central, faz com que as glândulas endócrinas funcionem na perfeição. Estabelece-se um equilíbrio perfeito que poderá conduzir aquilo que nós desejamos que é a FORMA. Trata-se pois da maior importância a saúde a 100% nos pombos pois é o primeiro passo para o Sucesso. O espelho da saúde é a plumagem.

A vitalidade é uma característica que não é mensurável. Todos os pombos de competição têm o seu querer, pois normalmente apresentam esse desejo quando voltam para casa. Só que uns insistem mais que outros acontecendo que alguns deles perante dificuldades desistem facilmente. Ou seja a força para conservar a vida nalguns é maior que noutros. Em termos columbófilos poderemos afirmar que vitalidade é o querer voltar a casa o mais rápido possível. Esta característica poderá ser avaliada pegando no pombo e puxando o bico para a frente. A forma como reage, mais ou menos violentamente poderá ser um indicador da sua vitalidade.

 

isoaresmendes@sapo.pt