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PROPOSTA DE REGULAMENTAÇÃO PARA SOLTAS DE POMBOS CORREIO DE CORRIDA -2008 18/09/2008

 

(PROPOSTA APRESENTADA AO PRESIDENTE DA FPC EM 2008) 

 

Preâmbulo: A proposta que se apresenta, pressupõe que os pombos criados em Portugal, devido ao seu habitat, conseguem suportar temperaturas mais elevadas que os seus congéneres dos países do centro da Europa. Realce-se que se considera que a prova começa efectivamente com o encestamento, a qualidade do transporte e não com a solta. Teve-se em conta a regulamentação da comunidade que entrou em vigor em 2007, adaptando-a ao transporte de pombos-correio, por se entender que são atletas de alta competição, pelo que, devem ter medidas mais restritivas (melhores condições no transporte). A hora da solta foi considerada como sendo 15 a 20 minutos depois do nascer do Sol. Os elementos meteorológicos, em referência, referem-se única e exclusivamente à capacidade mecânica do voo do Pombo-correio. A relação em referência à variação do campo magnético (silêncio dos pombos, sismos e tempestades magnéticas) é baseada em análises “pós acidente/desastre”. A aplicação de uma legislação sobre soltas de pombos-correio coloca Portugal numa situação pioneira.

 

 

Objectivo: Regulamentar com base nos acidentes, desastres anteriores e normas da comunidade, de modo a:

a)    Proteger o Pombo-correio;

b)    Proteger o Columbófilos;

c)    Transmitir uma imagem positiva, da columbofilia, à sociedade.

 

 

REGRAS PARA O TRANSPORTE, ABEBERAMENTO, ALIMENTAÇÃO E QUANTIDADE DE POMBOS POR CAIXA DE POMBOS-CORREIO

 

 

TRANSPORTE, VENTILAÇÃO, ABEBERAMENTO E ALIMENTAÇÃO:

TRANSPORTE: Os transportadores que efectuarem viagens de longo curso devem utilizar um sistema de navegação (GPS posicional). Os registos obtidos por este sistema de navegação devem ficar guardados durante, pelo menos, 3 anos e, se necessário, faculta-los à autoridade competente quando solicitado. (Regulamento (CE) n.º 1/2005 do Conselho, de 22 de Dezembro de 2004).

As galeras devem ser lavadas e desinfectadas antes de qualquer utilização.

 

CAIXAS: As caixas devem ter chão em papelão ou rede plástica. Devem ser limpas e desinfectadas antes de qualquer utilização.

 

VENTILAÇÃO: Os meios de transporte rodoviário devem ser equipados com sistemas de ventilação e controlo da temperatura:

Os sistemas de ventilação devem:

Ser concebidos, construídos e mantidos de forma a, em qualquer momento da viagem e com o meio de transporte em movimento ou estacionado, manter uma gama de temperatura de 5º a 30ºC dentro do meio de transporte, para todos os animais, com uma tolerância de +/- 5ºc, consoante a temperatura exterior;

Assegurar a distribuição uniforme constante com o fluxo de ar mínimo de capacidade nominal de 60m³/h/KN de carga útil;

Poder funcionar independentemente do motor do veículo durante, pelo menos 4 horas;

A regulação da temperatura (ventilação mecânica, registo da temperatura, sistema de alerta na cabina do condutor), e a possibilidade permanente de abeberamento devem estar ao dispor do condutor ou delegado de solta quando existir. (Regulamento (CE) n.º 1/2005 do Conselho, de 22 de Dezembro de 2004).

Nas galeras actuais deve ser retirada a primeira e última caixa de cada fiada sempre que a temperatura máxima seja acima de 30ºC.

 

 

ABEBEBERAMENTO: Os transportes devem estar equipados com um sistema de fornecimento de água que permita ao tratador fornecer água instantaneamente sempre que necessário durante a viagem; Os aparelhos de abeberamento devem ser bem concebidos, estar em boas condições de funcionamento e posicionados de acordo com as necessidades dos pombos; Os bebedouros devem ser concebidos de modo a poderem ser drenados, limpos e desinfectados após cada viagem e possuírem um sistema de verificação do nível da água; Os depósitos devem estar ligados a aparelhos de abeberamento e mantidos em boas condições de funcionamento e de higiene. (Regulamento (CE) n.º 1/2005 do Conselho, de 22 de Dezembro de 2004).

 

ALIMENTAÇÃO: Nas provas de Fundo e Grande Fundo, os pombos devem ser alimentados pelo menos uma vez por dia, de preferência à tarde, só sendo permitido alimentar dentro das caixas, quando aí existirem comedouros.

 

 

 

Sempre que a temperatura máxima prevista quer pelo IM de Portugal ou INM de Espanha, seja de 30ºC ou mais no percurso do transporte deve-se observar as seguintes quantidades de pombos por caixa:

Grande Fundo: 15 Pombos;         Fundo: 20 Pombos;           

Meio Fundo: 30 Pombos               Velocidade: 35 Pombos

 

Tempos de abeberamento:        Menos de 20ºC: 12 horas de tempo máximo;

                                                           Entre 21 a 25ºC: 10 horas de tempo máximo

            Entre 26ºC a 30ºC 8h de tempo máximo;

Entre 31ºC a 35ºC 6h de tempo máximo;

Acima de 35ºC. 4h de tempo máximo;

Sempre que a temperatura máxima prevista seja de 30ºC ou mais deve haver água à descrição antes da largada.

 

 

 

REGRAS PARA A SOLTA DE POMBOS-CORREIO

 

            Os delegados de solta devem fazer-se acompanhar, além de GPS (posicional) e Termómetro, de máquina de filmar e/ou fotográfica.

Todas as soltas devem ter registo de imagem, sendo este entregue com o relatório do delegado de solta.

Propõe-se a marcação de uma data para que todas as viaturas de transporte tenham câmaras ligadas à Internet com hipótese de visualização on-line do interior e exterior.

 

(Estado do Tempo no local - Meteorologia)

  1. Ausência de precipitação e trovoada no local e área envolvente;
  2. Visibilidade horizontal superior a 7 Km;
  3. Temperatura mínima (temperatura ao nascer do Sol) inferior a 23ºC;
  4. Vento inferior a 70Km/h;
  5. Ausência de inversão térmica significativa.

 

(Campo magnético)

  1. Ausência de sismo, significativo, nas últimas 12h;
  2. Os pombos, dentro das caixas, não estão deitados e/ou em silêncio.

 

 

 

 

Proposta 1 (Objectiva): REGRAS PARA A NÃO REALIZAÇÃO DE CONCURSOS, TENDO EM CONTA OS AVISOS METEOROLÓGICOS QUER DO IM (PORTUGAL) QUER DO INM (ESPANHA).

 

Alertas na linha de voo dos Pombos-correio

 

Locais onde se podem observar os avisos:

http://www.meteo.pt/pt/previsao/SAM/sam.jsp

http://www.inm.es/web/infmet/avi/pr/conavi_c.php

 

 

VENTO

Grande Fundo        Alerta Amarelo com componente contra.

Fundo                       Alerta Amarelo com componente contra.

Meio Fundo             Alerta Amarelo em dois ou mais distritos ou províncias, com componente contra. (Numa situação de alerta Amarelo com componente contra, apenas num distrito, deverão as provas ser reduzidas).

Velocidade              Alerta Laranja com componente contra. (Numa situação de alerta Amarelo com componente contra, deverão as provas ser reduzidas).

 

PRECIPITAÇÃO

Grande Fundo        Alerta Amarelo com vento com componente contra.

Fundo                       Alerta Amarelo em dois ou mais distritos ou províncias, com vento com componente contra.

Meio Fundo             Alerta Laranja. (Numa situação de alerta Amarelo com vento com componente contra, num distrito ou mais, deverão as provas ser reduzidas).

Velocidade              Alerta Laranja. (Numa situação de alerta Amarelo com vento com componente contra, num distrito ou mais, deverão as provas ser reduzidas).

 

NEVE

Grande Fundo        Alerta Amarelo.

Fundo                       Alerta Amarelo.

Meio Fundo             Alerta Amarelo.

Velocidade              Alerta Amarelo. (Em situação de Alerta Amarelo devem as provas ser reduzidas para os limites mínimos, e as soltas efectuadas o mais tarde possível).

 

TROVOADA

(por se tratar de um fenómeno que ocorre, na maioria das vezes, na Península Ibérica durante a tarde e início da noite, deve-se analisar caso a caso, no entanto, por ser uma prova de muitas horas de voo, aplica-se a regra nas provas de Grande Fundo e Fundo).

Saliente-se que movimentos verticais (Trovoadas) localizados, são de difícil previsão pelo que só no dia da solta e mediante análises de Radar e Imagens de Satélite se pode relacionar o grau e a perigosidade para o voo dos pombos-correio.

Grande Fundo        Alerta Amarelo.

Fundo                       Alerta Amarelo em dois ou mais distritos ou províncias.

Meio Fundo             *****

Velocidade              *****

 

 

TEMPERATURA

(Máxima)

(Sendo esta temperatura, normalmente, duas a três horas depois do meio dia solar, deve-se efectuar as soltas o mais cedo possível em situação de alertas).

Independentemente do legislado, sempre que seja dado o alerta de onda de calor devem ser canceladas todas as provas.

 

Grande Fundo        Alerta Amarelo, em dois ou mais distritos ou províncias, com ausência de vento favorável.

Fundo                       Alerta Amarelo em três ou mais de distritos ou províncias, com ausência de vento favorável.

Meio Fundo             Alerta Laranja. (Com alerta amarelo em três ou mais distritos ou províncias, devem as provas ser reduzidas).

Velocidade              Alerta Laranja.

 

(Mínima)

(Sendo esta, na grande maioria das vezes, ao nascer do Sol e normalmente em Portugal com céu limpo, deve-se efectuar as soltas o mais tarde possível em situação de alerta Amarelo e/ou Laranja)

Grande Fundo        Alerta Laranja.

Fundo                       Alerta Laranja.

Meio Fundo             Alerta Vermelho.

Velocidade              Alerta Vermelho.

 

 

 

 

 

Proposta 2 (Subjectiva): Semáforo

Atribuição de cores correspondentes ao grau de dificuldade prevista para a prova, por parte de uma equipa de coordenadores, cuja experiência e/ou formação seja reconhecida.

 

Caso haja “carros” no local de solta, a actualização das cores deve ter em conta a observação em rota dos diversos elementos meteorológicos, bem como a análise de imagens de satélite e radar antes da solta.

 

As cores a atribuir serão: Preto, Vermelho, Amarelo e Verde.

 

Preto: Não há condições para efectuar a solta. Há um elemento que só por si é impeditivo da realização do voo. Esta deve ser adiada/atrasada ou alterado o local de solta previsto.

 

Vermelho: Os elementos analisados individualmente parecem relevantes e a interacção entre eles é nefasta para o voo.  O conhecimento da rota, do local de solta e a comparação com situações anteriores é de extrema importância. Os pombos bem preparados superam a prova com dificuldade.

Amarelo: As circunstâncias descritas individualmente não parecem relevantes e a interacção entre elas poderá complicar o voo. Aguarda-se uma prova com algum grau de dificuldade em que todos os elementos devem ser controlados. Os pombos bem preparados superam a prova com normalidade.

Verde: As condições meteorológicas não apresentam dificuldade em termos de mecânica do voo. A aplicação da situação verde não invalida a existência de fenómenos localizados, tais como neblina ou nevoeiro. Devendo-se, nesta situação, aguardar pela melhoria da visibilidade.

Alguns exemplos da aplicação das cores

 

PRETO.

1.    Vento de “bico” igual ou superior a 60 km/h;

2.    Vento de bico igual ou superior a 50 km/h com rajadas;

3.    Temperatura máxima prevista de 38ºC ou mais;

4.    Temperatura mínima prevista de 23ºC ou mais;

5.    Onda de calor;

6.    Chuva em metade ou mais da prova, com vento com componente contra;

7.    Aguaceiros fortes e/ou chuva moderada a forte no primeiro terço da prova;

8.    Células de nuvens de desenvolvimento vertical (trovoadas) na linha de voo, cuja área seja difícil de contornar;

9.    Trovoadas na área envolvente ao local de solta;

10. Neve na área do local de solta;

11. Variação do campo magnético da Terra (sismos ou tempestades solares);

12.  Pombos silenciosos e/ou deitados.

 Estimativa de percas totais com os exemplos apresentados: Fundo 70 a 95% - Meio Fundo 50 a 75% - Velocidade 30 a 50%

 
VERMELHO

1.    Chuva em menos de um terço da prova e vento com componente contra (bico), inferior a 40Km/H;

2.    Aguaceiros e vento com componente contra (bico) inferior a 40Km/H;

3.    Chuva em metade da prova, com vento com componente favorável;

4.    Vento de “bico” superior a 50 km/h e inferior a 60 km/h;

5.    Vento de “bico” superior a 40 km/h e inferior a 50 km/h com rajadas;

6.    Vento cruzado de “rabo” superior a 70 km/h;

7.    Chuva fraca ou chuvisco num terço ou mais do percurso sem vento favorável;

8.    Temperatura máxima entre 35ºC e 38ºC sem vento favorável;

9.    Temperatura mínima entre 20 e 22ºC sem vento favorável;

Estimativa de percas totais com os exemplos apresentados: Fundo 40 a 50% - Meio Fundo 30 a 40% - Velocidade 20 a 30%.

 AMARELO

1.    Vento de “bico” entre 30 e 40 km/h;

2.    Vento de “bico” inferior a 25/30 km/h com chuva à chegada;

3.    Aguaceiros fracos;

4.    Temperatura máxima em rota entre 30 e 34ºC sem vento favorável;

5.    Mínima no local de solta entre 17 e 19ºC se vento favorável;

6.    Temperatura durante a prova inferior a 8ºC e vento com componente contra “bico”;

7.    Chuva fraca num terço ou menos da prova com vento com componente favorável “rabo”;

Estimativa de percas totais com os exemplos apresentados: Fundo 15 a 25% - Meio Fundo 10 a 20% - Velocidade 2 a 8%.

 

 VERDE

1.    Vento de “rabo” inferior a 60 km/h e sem precipitação;

2.    Vento de “bico” inferior a 30Km/h;

3.    Visibilidade superior a 10 km;

4.    Temperatura máxima inferior a 30ºC;

5.    Céu muito nublado no percurso, boa visibilidade e sem precipitação.

6.    Céu com períodos de muito nublado em rota, boa visibilidade e aguaceiros fracos.

Estimativa de percas totais com os exemplos apresentados: Fundo 0 a 10% - Meio Fundo 0 a 8% - Velocidade 0 a 5%.

 


Todas estas situações, bem como situações omissas devem ser previamente analisadas e ratificadas, pela “comissão desportiva” e expostas na página da FPC em tempo útil. Por se tratar de previsões meteorológicas, deverá funcionar como aconselhamento às associações. A ordem de solta será sempre da responsabilidade do coordenador de cada associação. No entanto, este deverá avisar sempre o(s) responsável(eis) nacional(is) de apoio às soltas (a criar?), com antecedência mínima de 15 minutos, que deu ordem para soltar.

 

Uma legislação deste tipo responsabiliza e defende simultaneamente quem tem o poder de decisão. Por este facto, seria importante criar uma escola de coordenadores e delegados de solta e atribuir um grau de qualificação para o desempenho que se pretende. Assim, nos treinos ou provas efectuadas pelos Clubes seria - Classe 3, nas provas organizadas pelas Associações até 500 km - Classe 2 e nas provas superiores a 500 km ou organizadas pela Federação - Classe 1.

 

 

 

 

Fernando Manuel Duarte Garrido

 

(Este trabalho/proposta foi baseado(a) na experiência no apoio meteorológico efectuado nos últimos cinco anos e na experiência de alguns coordenadores e antigos dirigentes associativos e federativos)

Quero agradecer a colaboração de: Dr. Chitas Martins (tempos de abeberamento).