Escola de Meteorologia

VISIBILIDADE 18/07/2012

RESTRIÇÕES À VISIBILIDADE

 

        Dados estatísticos revelam que os tectos baixos, normalmente constituídos por estratos, e a visibilidade reduzida têm contribuído para um elevado numero de percas de pombos correio. Fenómenos como a existência de estratos baixos, neblina e nevoeiro, tratados neste capitulo, são responsáveis por essa redução da visibilidade, podendo afectar seriamente a actividade columbófila e obrigando, muitas vezes, ao adiamento ou mesmo cancelamento das provas nos locais onde ocorrem.

 

Tipos de Visibilidade.

Visibilidade horizontal. Segundo a Organização Meteorológica Mundial, é a maior distancia, medida na horizontal, à qual um observador com vista normal e sem auxílio de meios ópticos consegue observar e identificar objectos de dimensões apreciáveis,

A visibilidade varia desde nula, se for inferior a l00m (em situações de nevoeiro denso), até valores máximos à qual são visíveis todos os objectos a qualquer distância, salvaguardando as restrições impostas pela perspectiva geométrica.

 

Visibilidade ao longo da Pista (Runway Visual Range - ­RVR). É a máxima distância na direcção de descolagem ou aterragem à qual a pista, ou as luzes que a delimitam, podem ser observadas de um ponto situado acima da soleira da pista, a uma altura aproximada de 5 metros.  Na prática, o alcance visual na pista não pode medir-se directamente desde o ponto especificado na definição, sendo essa medição feita por instrumentos colocados na pista (visibilimetros).

 

Visibilidade obliqua. É a maior distância a que um dado objecto pode ser visto e identificado a olho nu ao longo de uma linha inclinada em relação à vertical.

 

Fenómenos que restringem a visibilidade. São diversos os fenómenos que reduzem a visibilidade e cuja presença numa determinada área condicionam muitas vezes de modo significativo, a actividade aérea. Seguidamente faz-se uma abordagem sucinta sobre cada um destes fenómenos, referindo o modo como cada um deles pode afectar a visibilidade.

 

Nevoeiro.  Define-se nevoeiro como sendo uma nuvem em contacto com o solo, que envolve o observador e reduz a visibilidade a valores inferiores a 1000 metros. O nevoeiro é um dos mais comuns e persistentes fenómenos meteorológicos que afectam a actividade aérea na maior parte dos aeródromos. Como o nevoeiro ocorre junto à superfície, as operações de descolagem e aterragem são as mais afectadas por este fenómeno.

 

Processos físicos de formação e dissipação do nevoeiro

As condições ideais para a formação de nevoeiro são:

-   Temperatura do ar igual à do ponto de orvalho (ou muito próxima);

-    Existência de núcleos de condensação;

-   Vento fraco à superfície;

-    Existência de processos de arrefecimento do ar.

O nevoeiro pode-se formar pelo arrefecimento do ar até ao ponto de orvalho ou por aumento de humidade no ar, próximo do solo, em noites de céu limpo e com vento fraco.

Os factores que contribuem para a dissipação do nevoeiro são:

-  O aquecimento;

-  A diminuição da humidade relativa;

-   Aumento da intensidade do vento, regra geral para valores superiores a 10 Km/H.

 

Tipos de nevoeiro.

Nevoeiro de radiação. É um tipo de nevoeiro que se forma como resultado do arrefecimento radiativo do solo em noites de céu limpo e com vento fraco. O solo arrefece o ar em contacto com ele até que este atinja a temperatura do ponto de orvalho. Este tipo de nevoeiro ocorre em terra já que as superfícies líquidas não estão sujeitas a tão grandes variações de temperatura. Forma-se quase sempre durante a noite ou de madrugada e usualmente dissipa-se, algumas horas após o nascer do sol, quando se verifica um aumento da temperatura do ar,

Apesar do vento ser fraco (normalmente inferior a 10 Km/H) é no entanto suficiente para provocar alguma turbulência, que normalmente contribui para o aumento da área afectada pelo nevoeiro.

A dissipação deste tipo de nevoeiro ocorre, normalmente, quando se começa a verificar o aquecimento da superfície terrestre (aproximadamente entre as 10 e as 12 horas) com a diminuição da humidade relativa e/ou o aumento da intensidade do vento. Após a dissipação do nevoeiro é frequente formarem-se estratos ao nível do topo da camada de nevoeiro.

 

Nevoeiro de advecção. O nevoeiro de advecção forma-se, quando uma massa de ar quente e húmida se move sobre uma superfície fria. Este tipo de nevoeiro é muito comum sobre superfícies aquáticas e junto às regiões costeiras. Muitas vezes este nevoeiro é inicialmente de radiação e posteriormente é advectado devido a um aumento da intensidade do vento. Se o vento soprar moderado o nevoeiro dissipa-se restando uma camada de estratos baixos ou estratocúmulos.

 

Nevoeiro frontal. Forma-se geralmente adiante da frente quente devido à evaporação da chuva quente proveniente dos nimbostratos quando cai através do ar frio pré-frontal. Este tipo de nevoeiro produz-se no Inverno, quando as frentes quentes são muito activas e podem durar algumas horas.

 

Nevoeiro orográfico.

  Estratos baixos. Os estratos, à semelhança do nevoeiro, são compostos por gotículas de água de pequenas dimensões. Distinguem-se do nevoeiro por se tratar de nuvens que se formam alguns metros acima do solo, não reduzindo por esse motivo a visibilidade horizontal. Os estratos podem existir em conjunto com o nevoeiro mas muitas vezes são o resultado da dissipação deste.  Por serem nuvens muito baixas, afectam essencialmente a visibilidade oblíqua e em voo, pelo que a sua presença no aeródromo é de ter em conta, principalmente nas manobras de aterragem.

 

Neblina e bruma. A neblina, à semelhança do nevoeiro, é também uma nuvem em contacto com o solo mas que se distingue daquele por reduzir a visibilidade a valores superiores a 1000 metros.

A bruma ocorre essencialmente no Verão, em tardes quentes e com baixos valores de humidade relativa, sendo constituída por partículas sólidas (fumos e poeiras) ­em suspensão na atmosfera. Normalmente diferencia-se da neblina, com coloração esbranquiçada, pela sua coloração acastanhada.

 

Precipitação. A chuva e o chuvisco são as formas de precipitação que mais afectam a visibilidade. O chuvisco usualmente restringe mais a visibilidade do que a chuva; ocorre em situações de grande estabilidade do ar, muitas vezes acompanhando o nevoeiro, o que provoca valores muito baixos da visibilidade.

 

Outras restrições à visibilidade.

Existem outros fenómenos, menos comuns, responsáveis pela redução da visibilidade. Os mais importantes são:

-       Os fumos provenientes de zonas fortemente industrializadas ou de incêndios florestais;

-       Tempestades de areia que ocorrem normalmente em zonas desérticas;

-       O "smog", termo inglês que designa a mistura de fumos, provenientes de áreas urbanas e industriais, com o nevoeiro.

 

Textos e Desenhos: PSAR/OPMET Henriques