Escola de Meteorologia

FRONTOLOGIA 18/07/2012

FRONTOLOGIA

   

    Como sabemos, na atmosfera existem fenómenos tais como ventos fortes, precipitação, trovoadas, tectos baixos e nevoeiro, entre outros, que condicionam fortemente a actividade columbófila e apresentam consideráveis perigos para a segurança do Pombo Correio. Neste capítulo, ao estudarmos as superfícies frontais, iremos ver o modo como estas se formam e os perigos que representam para a Columbofilia. Nesses perigos incluem-se os anteriormente referidos, com a agravante de não "actuarem" individualmente mas sim associados.

    Mas o que é então uma superfície frontal? E uma frente?

    Quando estudámos as massas de ar vimos que, quando as suas características térmicas são diferentes (ar polar e ar tropical por exemplo), não se misturam existindo entre elas uma superfície de descontinuidade que se designa por superfície frontal. À linha de intersecção da superfície frontal com a superfície terrestre dá-se o nome de frente. A representação esquemática das diferentes superfícies frontais e frentes será vista mais adiante.

 

     A teoria da frente polar. Existem duas zonas frontais principais em cada hemisfério: uma que separa o ar árctico do ar polar e outra o ar polar do ar tropical. Estas duas superfícies ou zonas frontais originam, por intersecção com a superfície da terra, duas grandes frentes. A primeira é a frente árctica e a segunda a frente polar. A frente árctica encontra-se praticamente confinada às latitudes polares e não exerce qualquer influência no tempo da maior parte do globo, pelo menos do ponto de vista da previsão a curto prazo.

    A frente polar, pelo contrário, é mais importante pois condiciona o tempo às nossas latitudes. Separa, como já se disse, o ar polar do ar tropical e, ainda que algumas vezes possa ser quase inactiva ou mal definida, aparece nas cartas de tempo em redor de todo o hemisfério. A sua posição e intensidade mudam constantemente e nela têm origem quase todas as depressões das zonas temperadas.

 

Frentes

              Uma frente é uma zona de transição entre duas massas de ar de densidades diferentes. Geralmente, uma massa de ar é mais quente e húmida do que a outra (Figura 1). Massas de ar estendem-se horizontalmente e verticalmente; consequentemente, a extensão ascendente de uma frente é chamada de superfície frontal ou zona frontal.

  

Imagem (10K)

Figura 1. Frente.   

A maioria dos fenómenos meteorológicos ocorrem ao longo de frentes.

              Acima do solo, a superfície frontal inclina-se em um ângulo baixo permitindo que o ar quente se sobreponha sobre o ar mais frio. Idealmente, as massas de ar em ambos os lados da frente mover-se-iam na mesma direção e velocidade. Nesta condição, a frente agiria simplesmente como uma barreira que segue juntamente com as massas de ar e nenhuma massa poderia penetrar. Mas geralmente, a distribuição de pressão através de uma frente permite a uma massa de ar mover-se mais rápida do que a outra. Assim, uma massa de ar avança activamente contra a outra e elas colidem.

            Quando uma massa de ar se move de encontro à outra, resulta daí uma mistura ao longo de superfície frontal. Na maioria das vezes, as massas não perdem as suas identidades quando uma é subreposta acima da outra. Qualquer massa que avança, é sempre um ar mais quente e menos denso que é forçado a subir, ao passo que o ar mais fresco e mais denso actua com uma cunha ocorrendo assim o levantamento.

            Para identificar uma frente numa carta de superfície, os meteorologistas usam:  

  • Mudanças de temperaturas rápidas sobre uma distância relativamente pequena;
  • Mudanças na humidade do ar (mudanças no ponto de orvalho);
  • Rotação rápida da direcção do vento;
  • Pressão e mudanças rápidas da pressão;
  • Nuvens e padrões de precipitação.

Os principais tipos de frentes são:

  • Frentes frias;

  • Frentes quentes;

  • Frentes oclusas;

  • Frentes estacionárias.

a) Frentes frias: é uma zona aonde o ar frio substitui ar quente (Figura 2 e 3).

 

Imagem (8K)

Frente fria

Figura 2. O tempo na superfície associada com uma frente fria. (Precipitação representada em áreas verdes).

 

Frente fria

Figura 3.  Esquema de uma frente fria.

   

Quadro - Sequência normal das condições de tempo associadas à passagem de uma superfície frontal Fria 

Elemento

Antes da passagem

À passagem

Após a passagem

Pressão

Decresce

Sobe bruscamente

Sobe lentamente

Vento

Se é de SW Roda para Sul, Aumenta de intensidade e sopra com rajadas

Roda bruscamente para NW, Aumenta de intensidade e sopra com rajadas

Mantém-se forte mas diminuem as rajadas

Temperatura do ar

Mantém-se mas diminui durante a chuva

Diminui bruscamente

Pequenas variações durante os aguaceiros

Temperatura do ponto orvalho

Pequenas variações

Diminui bruscamente

Pequenas variações

Humidade

relativa

Aumenta durante a chuva

Mantém-se elevada durante a precipitação

Diminuição brusca logo que a chuva pare

Nuvens

Ci, Ac, As, e Cb

Cb com as bases baixas

Cu e Cb no ar frio

Tempo presente

Chuva

Chuva, muitas vezes forte, acompanhada de trovoada e por vezes de granizo

Chuva forte durante um curto período seguida de aguaceiros

Visibilidade

Fraca

Fraca durante a precipitação

Excelente no ar frio excepto durante os aguaceiros

 

b) Frentes quentes: é uma zona aonde ar quente substitui ar frio (Figura 4 e 5).

 

Imagem (15K)

Frente quente

Figura 4. O tempo na superfície associada com uma frente quente. (Precipitação representada em áreas verdes).

 

Frente quente

 

 

Figura 5. Esquema de uma frente quente.

 

       

   

Quadro - Sequência normal das condições de tempo associadas à passagem de uma superfície frontal Quente  

Elemento

Antes da passagem

À passagem

Após a passagem

Pressão

Decresce continuamente

Estabiliza

Mantém-se ou decresce lentamente

Vento

De Sul ou Sudeste e aumenta de intensidade

Roda para Sudoeste ou Oeste e diminui de intensidade

Mantém a direcção e intensidade

Temperatura do ar

Sobe lentamente

Sobe

Mantém-se

Temperatura do ponto orvalho

Aumenta com a

precipitação

Aumenta

Mantém-se

Humidade

relativa

Aumenta com a

precipitação

Pode aumentar

um pouco

Pequenas variações

Nuvens

Ci, Cs, As, NS em sucessão

Ns e St. Os tectos são normalmente baixos

St e Sc, formando tectos baixos

Tempo presente

Chuva contínua

Chuva contínua ou intermitente

Céu muito nublado com tectos baixos, chuvisco ou chuva fraca

Visibilidade

Boa, excepto durante a chuva

Fraca

Geralmente fraca

                     

c) Frentes oclusas: é uma frente complexa aonde uma frente fria se encontra com uma frente quente (Figuras 6).

 

Imagem (8K)

Frente osclusa (29K)

Figura 6. Esquema de uma frente oclusa.

 

d) Frentes estacionárias: é uma frente quase estacionária aonde o fluxo de ar em ambos os lados da frente não se dirige para a massa de ar fria ou para a massa de ar quente, mas é paralelo à linha da frente. Frentes estacionárias formam-se quando uma frente avançando retarda ou pára sobre uma região (Figura 7).

 

Imagem (10K)

Frente estacionária (29K)

Figura 7. Esquema de uma frente estacionária.

Texto elaborado por: CAP\TOMET Fernando Garrido 

Fotos e desenhos de: