COLUMBOFILIA: QUE MUDANÇAS? |
16/07/2012 |
As colectividades surgiram naturalmente para satisfazer a necessidade do agrupamento de alguns columbófilos, por necessidade de organização e competição. Durante muitos anos levaram os pombos até ao comboio, onde eram transportados até aos locais de solta habituais. Posteriormente surgiram grupos de clubes ou colectividades que passaram a fazer soltas em conjunto, utilizando os meios de transporte anteriormente descritos, só que agora com uma estrutura superior ao clube ou colectividade. Estrutura esta que veio dar origem às associações. Também elas surgiram por necessidade dos clubes ou colectividades. Quanto à Federação, surgida em Novembro de 1945, logo após a 2º Guerra Mundial, grande impulsionadora da grande Lei de defesa do Pombo-correio em 1948, tinha a ligação institucional, autorizava os novos clubes, e de um modo geral era a imagem e o poder da columbofilia nacional que organizava concursos nacionais e que até certo ponto era uma grande associação, nos termos que conhecemos hoje as associações, sem viaturas, mas entidade reguladora. Com o evoluir dos tempos tudo mudou. As associações que surgem por necessidade dos clubes, crescem, tornam-se pesadas e no contexto actual difíceis de manter, tendo que aumentar o número de concursos, indo à vontade de alguns clubes não tendo uma linha condutora do interesse columbófilo nacional porque esse teria que vir do órgão regulador a FPC. Chegamos a uma situação em que todos ralham e ninguém tem razão, porque não há “pão”. Existe pois agora e já a necessidade de impor novas normas que se adaptem à nossa realidade, COLUMBÓFILA E ECONÓMICA, e se proteja o futuro deste nosso desporto. Sete provas de Velocidade, sete provas de Meio-Fundo e Sete provas de Fundo, com trinta pombos a contar, tem vindo a demonstrar que desgasta os pombos e os columbófilos, força a começar os concursos na época de caça e fá-los terminar demasiado tarde. Dobradinhas, duas provas no mesmo dia de especialidades diferentes a contarem para campeonatos gerais e melhor voador da campanha além de não ser aceitável é eticamente incorrecto em termos desportivos. Mesmo as tradicionais 6,6,6 com 30 pombos a enviar e com o clima actual são difíceis de resolver em caso de uma anulação de prova. Ao falar assim tenho consciência que vou virar muitas espingardas contra mim mas a minha dama a Columbofilia assim me obriga: a defendê-la. Constatamos que hoje criamos várias clivagens entre os columbófilos: columbófilos como os de antigamente que concorrem porque gostam de esperar pombos, outros que fazem negócio e outros com as mais variadas razões para estarem na columbofilia. Uma coisa é certa estão todos no mesmo grupo porque gostam de pombos. Ora frente a tamanhas divergência, gritos alarmantes, sabedorias diferentes etc., chegou a hora de repensar as associações e a FPC, e relembro que estas surgiram para satisfazer as necessidades dos clubes e columbófilos e não podem praticar a sobrevivência delas há custas destes. O que é que se pretende: Que as associações não estagnem e se sintam coitadinhas com medo do papão de uma possível liga profissional e que uma diminuição de provas traga prejuízos.
Que a FPC, deixe de fazer só promessas, que de uma vez por todas actualize o RDN diminuindo o número de pombos por prova a contar para os seus campeonatos, porque qualquer legislação que faça, as associações seguirão e sentir-se-ão libertas de obrigações no envio de pombos. Que defenda os nosso pombos dos caçadores irresponsáveis. Mas para isso tem que se ir conversar, com a Autoridade Florestal, Federações de caçadores e Assembleia da República. Nunca esquecer que os caçadores são 15 vezes mais que nós. Temos que trabalhar para que se regulamente as largadas de tiro aos pombos fora das épocas de caça, cada vez mais comuns. Mas para isso é preciso sair de Coimbra. Não basta dizer que o Presidente tem muitos conhecimentos políticos e outros. Tem que fazê-lo! Ou então que se vá embora porque do prometido nada foi sequer iniciado. Nada foi feito de novo só acabaram! Até as exposições já ninguém as quer fazer. Será por acaso?
A realidade económica actual, bem como a quantidade de concursos quase obrigatórios com número elevado de pombos a enviar, aponta para uma diminuição drástica do número de columbófilos já para o próximo ano. No caso da FPC será urgente regulamentar a diminuição para o campeonato do columbófilo para um número próximo dos dez primeiros pombos encestados contando todos os enviados para o melhor voador. Por certo que as associações terão liberdade de definirem internamente o número que contará para a sua região 15, 20 ou a quantidade que os seus associados pretendam porque cada associação deverá ser soberana internamente. Vejamos se cada associação fizer os seus campeonatos com 5,5,5 provas, teríamos concursos a começar na última semana de Fevereiro e a acabar na segunda semana de Junho, por forma a praticar os campeonatos gerais tão enraizados nas nossas gentes. Não vale a pena, nesta fase, tentar acabar com eles porque se isso fosse possível já se teria feito, porque essa filosofia já existe há mais de 20 anos. Quanto às tão famosas especialidades elas sempre existiram. Vejam o exemplo do Paulo Campos entre outros. A criação do modelo 5,5,5 traria de início pânico às associações mas com inteligência e vontade de cooperação e trabalho diminuiria os prejuízos previsíveis.
Surgiu nos últimos anos uma teoria da liga profissional, da abertura aos privados entre outras. Tudo isto é possível e exequível, desde que enquadradas na estrutura, porque em vez das associações entrarem em pânico teriam que se organizar internamente em provas chamemos-lhe de “yearlings” clássicas ou o que quiserem mas iria sobretudo fazer uma reorganização regional e inter-associações para a organização de outro tipo de provas e campeonatos satisfazendo, deste modo outra geração de columbófilos. O modelo 5,5,5 sairia mais barato, fácil de intercalar uma prova cancelada, diminuiria o número de pombos nos pombais que só optavam por este modelo, baixava custos e travaria a diminuição de columbófilos. O modelo de Clássicas de Velocidade, Meio-Fundo, Fundo e Grande Fundo, inter-regional ou não, extra campeonatos gerais geraria mais receita às associações satisfaria outro tipo de columbófilos gerando novos campeões (porque é disso que se trata da “campeonite”), diminuiria custos diversificava e aumentava a competitividade.
Com o modelo de reestruturação proposto pretende-se, ir ao encontro das necessidades actuais não estagnando, não prometendo, não atirando as culpas para os que ainda trabalham. Pretende-se diversificar e evitar uma morte à muito anunciada e que nós columbófilos aguardamos como se de uma fatalidade se tratasse. Homens descendentes dos ideais do infante D. Henrique, entre outros, por quantos ideais eles lutaram. Não se deixem dominar por uns quantos descendentes dos que não tiveram coragem para ir para Alcácer Quibir e que nos têm delapidado as energias, património e organização que adormeceram ao som de uma Europa que só estava interessada em vender para cá os seus produtos subsidiando tudo para pararmos. Vejam ao que chegamos. Ergam-se silenciem os que dizem mal só por dizer e os que passam a vida a prometer, que quando chamados para assumirem responsabilidades fogem que nem ratos. Correr com a estagnação e com o fim anunciado como se de um destino se tratasse é a prioridade. A pior coisa que se pode ter é medo da mudança.
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