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Sistema digestivo e entero-hepático 19-12-2017

 

Sistema digestivo e entero-hepatico das aves (1ª parte)

“Um ser vivo não é o que ingere, mas sim o que digere e absorve.”

Como assim?

Continue a ler…

O tubo / aparelho digestivo é um canal com órgãos acoplados, ligado ao meio exterior através de uma entrada e uma saída; permitido a introdução no organismo de substâncias; umas essenciais e outras nocivas (contaminação e intoxicação).

A digestão visa a redução das partículas para aumentar a superfície de exposição à embebição (absorção de líquidos) e ao ataque enzimático (esta requer condições ideias de pH), até que são absorvidas pelo intestino e passam para o sangue.

Sistema digestivo, alguns órgãos

O BICO

As formas do bico das aves são muito variadas, regra geral adaptado à sobrevivência da ave.

A análise do bico das aves e as das unhas, dão-nos indicações de problemas de saúde que a ave teve, assim como de carências alimentares, principalmente a nível de minerais.

Quantas vezes a tentar abrir o bico, principalmente a pombos jovens, a parte superior começa a deformar-se, quase dobra para trás.

As aves possuem muito poucas glândulas salivares, e as enzimas aqui produzidas são muito escassas, tendo mais a função de lubrificação para facilitar a deglutição.

 PAPO

O papo funciona como orgão de armazenamento onde os alimentos são embebidos e amolecidos, ocorrendo hidrolise (desdobramento de alguns açucares complexos) e ativação das enzimas das sementes, processo semelhante à germinação das sementes. No papo pode ocorrer fermentação e ataque microbiano resultante da “contaminação” (saprófita ou patogénica) microbiana dos alimentos ingeridos.

O tempo de permanência dos alimentos / sementes no papo, assim como nos restantes órgãos do tubo digestivo está dependente da capacidade de “embebição” e dureza das sementes, ocupação do tubo digestivo a jusante e da quantidade e tipo de fibra dos alimentos ingeridos, entre outros fatores.

Algumas sementes “absorvem” quase 50% de água em relação ao seu peso, a temperaturas médias de 20ºc, sendo o tempo ótimo para embebição (demolhar) as 12 horas; a partir das 18 horas não se verifica aumento de peso das sementes “demolhadas”.

As sementes colocadas a “demolhar” em recipientes hermeticamente fechados e com atmosfera reduzida, atrasam a embebição e a germinação.

A embebição das sementes ou pré-germinação deve ser microbiologicamente controlada, através da lavagem das sementes e utilização de um produto microbicida que atue sobre fungos e bactérias, HexaPlus.

Muito bem, e na prática, como posso tirar proveito destes conhecimentos?

São várias as situações, as quais não vou descrever neste artigo, ficarão para outro, que se poderá intitular “vantagens e situações de utilização de sementes pré-germinadas”.

Em algumas aves, o papo produz uma substância vulgarmente chamado por “leite do papo”, que serve de alimento às jovens aves nos primeiros dias de vida.

Proventrículo, ou estomago glandular, produz enzimas digestivas proteolíticas que atuam em meio bastante ácido, desdobrando as proteínas complexas em cadeias de aminoácidos.

O meio ácido do proventrículo funciona como uma barreira seletiva à passagem de determinadas bactérias, eliminando-as.

Se o tubo digestivo a jusante, no caso a moela se encontra vazia, o tempo de permanência dos alimentos no proventrículo é reduzido e as bactérias indesejáveis não são sujeitas à ação destruidora da acidez deste órgão.

Ventrículo, moela, ou estomago muscular, com a ajuda de elementos grosseiros, que não devem ser assim tão grosseiros, faz a maceração das sementes, diminuindo o seu tamanho, facilitando o trânsito, a ação enzimática e a absorção intestinal.

A moela funciona como um moinho, mói as sementes com a ajuda de elementos grosseiros de base mineral (grit, cascas de ostra, sílex e outras areias), o que vulgarmente chamam de “dentes das aves”.

Por favor, não lhe “tirem os dentes”, nem lhe coloquem uma “dentadura” demasiadamente grande.

As partículas utilizadas para ajudar a maceração das sementes na moela devem ser de pequena dimensão e dentro do possível não terem arestas finas e pontiagudas capazes de penetrarem no músculo da moela.

Os animais tentam satisfazer as suas carências, apresentando por vezes comportamentos muito estranhos, como a cecotrofia, a coprofagia, etc.

Alimentação mineral, tantos tabus, desinformação e erros.

Primeiro de tudo, a maioria dos criadores, desprezam a alimentação mineral, esquecendo-se que as sementes são desequilibradas e pobres em minerais, e que na natureza as aves têm acesso a muitos insetos, caracóis e a locais de deposição de substâncias oriundas de “lixiviação”.

Perdoem a recordação de infância, quando era miúdo e via a destruir alguma casa com parede de estuque e o seu revestimento era caliça, logo aproveitava para dar aos pombos, os quais devoravam avidamente. Era uma mistura de barro (argila), areia e cal.

O “grit é composto por “tijolo” (argila), sílex, algumas conchas e casca de ostra, que na prática não é casca de ostra, mas sim de mexilhão. Estes elementos não têm a riqueza suficiente para satisfazer as necessidades de minerais das aves.

A maioria dos chamados “pós minerais” disponíveis no mercado são muito desequilibrados e pobres em minerais, contêm um bocado de cálcio e muito sal.

O “bloco salgado” é basicamente uma mistura de argila com sal, que as aves comem e comem, mas nunca ficam satisfeitas, aumentando o consumo de água e provocam fezes moles.

Nos últimos tempos têm surgido no mercado  misturas de “grit” e “pós minerais” algo mais concentrados e menos desequilibrados.

 A utilização de um bom complexo mineral tipo HaemoPlus permite a correção mineral e satisfação das necessidades minerais.

Quando faço tratamentos, véspera e dias de enjaulamento e chegada das provas, devo retirar o “grit”, o “pó mineral”, o “tijolo” aos pombos?

E o resto do “sistema digestivo e “entero-hepatico”?

E a “flora intestinal”? Onde e como atua?

 

Serão temas desenvolvidos na segunda parte deste artigo.