RESULTADOS DESPORTIVOS-3 GREGOS E TROIANOS |
27/09/2022 |
Já não há mais o vagar
De quando se comia sentado
E devagar se caminhava
Até chegar a qualquer lado
Agora vai toda a gente
Sempre de mão na buzina
Sempre na linha da frente
A tremer de adrenalina
Carlos Tê
Dizia eu, com vagar, ser uma tremenda ilusão nós columbófilos esperarmos que a estrutura dirigente seja capaz de regulamentar a modalidade de modo a que os nossos sonhos se transformem em realidade. Atente-se que uso a expressão “ser capaz”.
Analisando, também sem pressa, todas as circunstâncias que conduziram à confusão em que actualmente submerge a regulamentação das corridas de pombos em Portugal, é congruente inferir que os nossos dirigentes nacionais não conseguem, mesmo querendo, que acordemos no país onde um dia acordou Alice. Auscultações através de inquéritos e reuniões de delegados ao congresso, precedidos duma alegada avaliação de tendências no facebook só podiam dar no que temos. Já o que queríamos ter está longe de considerar-se representado nas medidas que a Direcção da FPC publicou para aplicação imediata, desde logo porque a ampla e diversificada panóplia de opiniões e realidades foi zipada numa chapa três que desrespeita os coitados dos pequenos, afronta os comilões grandes e ignora as realidades específicas de cada região.
As entidades distritais, nas pessoas de quem as tem de governar, tem todos os motivos para se sentirem perturbados, e continuam na expectativa de verem justamente valorizadas as suas principais preocupações, enquanto assistem impotentes ao constante esvaziamento das suas autonomias e ao enfraquecimento das suas capacidades de empreender, umbilicalmente associadas, como se sabe, ao empobrecimento financeiro, empobrecimento esse que se apresenta em claro contraciclo com os indicadores evidenciados nos Relatórios e Contas da “mamã”. Nesta altura a Direcção da FPC deixa-se fotografar agarrando com ambas as mãos o poder de decidir as quantidades e preços dos pombos encestados por toda a gente.
No mesmo barco que as distritais, e nem sempre remando na mesma direcção, estão as colectividades. Quando imaginavam que vinha aí uma fatia de liberdade – recuo às alterações do RDN que atribuíram aos clubes ilusória autonomia para organizar concursos – viram-se, afinal, despidas de mais direitos, entre eles o de poderem contar com o trabalho dos associados que costumavam encestar semanalmente mais de 50 pombos, eles que agora, para o fazerem, são obrigados a recorrer a uma colectividade vizinha, deixando de ter tempo e disposição para as tarefas que, longe dos centros que tudo decidem, garantem ainda a vida às corridas de pombos.
Aquilo que eu penso é sempre falado, em primeiro lugar, perante as pessoas certas e nos locais adequados, logo não deve ser entendido como uma qualquer manobra de desestabilização ou promoção. Desestabilizar e exibir uma imagem que penso ter, são aptidões que nunca treinei, e sem treinos é difícil a gente ir ao mapa ou até ao pasquim.
Não foi meramente porque sim que lá atrás referi o “ser capaz”, e ser capaz, quero neste cenário que fique mais chegado à mestria do que à competência. Não acredito que vocês acreditam que perdi a minha fé nos dirigentes nacionais, ou que está em causa a admiração que por eles nutro, a começar por José Luis R. Jacinto. Conhecendo-me saberão que apenas quero repetir o que há muito todos sabemos, e uma coisa que sabemos é que, não sendo possível agradar a todos, temos, na busca do bem desses todos, que definir muito bem as prioridades na hora de acudir.
Luis Silva-27/Set/2022
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