Considero-me incluído no grupo dos tantos que sabem tão pouco. Sei o suficiente sobre mim e sobre a minha Colectividade, e sendo delegado pela minha Associação, tenho obrigação de saber o suficiente para representar o meu distrito no Congresso da FPC.
Mas que sei eu dos outros distritos para, por exemplo, considerar-me habilitado a decidir quantos pombos devem viajar nos camiões deles em cada caixa ?
Recupero a parte final do apontamento “Pelo telhado” para introduzir uma preocupação que partilho com alguns colegas dirigentes, essa casta de praticantes que se deixa apoquentar com a Columbofilia, naquilo que ela representa para além dos limites dos seus próprios pombais e dos resultados desportivos e/ou financeiros que conseguem obter com os seus pombos. Este modo ou mania de viver no seio da Columbofilia não é um atributo de todos. Sejamos realistas e afirmemo-lo, ressalvando que, ao fazê-lo, não pretendemos valorizar uns em detrimento dos outros. Ao elevar o nível dos resultados conseguindo que os seus atletas atinjam performances de distinto quilate, um columbófilo está a contribuir para melhorar e engrandecer a modalidade a que nos dedicamos. Sem dúvida ! A questão é que, por norma, a disponibilidade daqueles que são os nossos predestinados ganhadores, é por eles direccionada para esse objectivo, o de ganhar competições, e dela pouco resta no momento de participar na complexa tarefa que é dirigir uma colectividade a pensar em todos os associados. É verdade que são muitas as excepções que confirmam esta regra mas, que é uma regra, ninguém tem muitas dúvidas. Existe uma outra regra, segundo a qual, os columbófilos são muito mais adeptos das opiniões dos que muito ganham e pouco fazem nas Colectividades, do que concordantes com as decisões dos responsáveis dessas mesmas Colectividades e Associação a que pertencem. E que falta ainda ? Reavivar aquela outra particularidade da Columbofilia portuguesa que, contada a quem não é Columbófilo, deixa as pessoas verdadeiramente atarantadas: alguns de nós acumulam funções de praticante e dirigente e, dentro da nossa própria Colectividade, somos todos adversários uns dos outros. Neste confuso mas apesar de tudo resistente “caldeirão” de opiniões, vontades e necessidades, vão sobrevivendo as corridas de pombos. Gostaríamos que vivessem crescendo mas, na era actual, apenas vão sobrevivendo. Mesmo assim, e olhando para o que nos rodeia, não estamos tão mal como às vezes parecemos em dispensáveis atitudes de auto-flagelação ou mesmo de imolação pública. Que temos de melhorar lá isso temos mas, com mais erro ou menos cabeçada, acho que temos evoluído satisfatoriamente ao longo dos tempos.
Tempo de falar então de algo que aflige alguns: o crescente distanciamento entre as Associações, bem evidente no comportamento dos seus delegados nos Congressos da FPC, principalmente na vigência da actual Lei de Bases. E que comportamento é esse ?
A ausência.
Desde logo a ausência das pessoas, porventura potenciada pela também ausência de assuntos motivadores na ordem de trabalhos. Sem prejuízo de uma análise em futuro apontamento dedicado a esse tema em concreto, realço por agora como tudo foi diferente no Congresso do passado 4 de Outubro, em que a Direcção da FPC quis ver o Congresso a resolver coisas da regulamentação desportiva, e os delegados, principalmente os associativos, estiveram muito mais presentes e participativos do que nas anteriores sessões.
Depois, a ausência de relacionamento entre as pessoas que representam as Associações no Congresso, influenciada pelo facto dessas pessoas nem sequer se conhecerem entre si pelos nomes, realidade que justifica plenamente o facto de, a determinadas alturas dos trabalhos, parecerem defender entidades adversárias.
Espero que a quadra festiva esteja a corresponder aos vossos desejos.
Bom ano de 2015
Luis Silva, 26/Dez/2014
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