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TRABALHAR 19 – COMO EU DIZIA... 27/12/2013

Tal como eu dizia no anterior apontamento, cada um de nós terá a sua própria forma de interpretar o que consta das pautas classificativas.

Os campeonatos nacionais, independentemente do seu modelo e regras, destinam-se a apurar os campeões nacionais.

Tais campeões são merecedores do reconhecimento de todo e qualquer columbófilo, a menos que as regras estabelecidas tenham sido atropeladas por algum dos competidores.

Os regulamentos são publicados antes das competições terem lugar, e baseiam-se na experiência adquirida ao longo dos anos conjugada com a capacidade logística, técnica e administrativa, sobretudo das colectividades e associações, de organizar concursos e depois transformar os resultados dos mesmos em classificações finais de campeonatos.

Quando se registam manifestações de descontentamento de columbófilos dentro da própria colectividade em função da localização dos pombais dos seus adversários, que modelo de campeonato pode gerar um consenso nacional ?

Quando são frequentes as queixas das colectividades relativamente à colocação das suas caixas, quer do lado do camião quer, até mesmo, da posição mais à frente, mais ao meio ou mais atrás, e isto apesar de ser simultânea a abertura de todas as caixas desse camião, quem se sente motivado para escrever e depois  defender em discussão pública um modelo justo para o campeoanto nacional ?

Cada vez mais, sobretudo na especialidade de velocidade, tudo se decide em pequeníssimas fracções de tempo e, apesar de todos os cuidados de quem organiza, operaciona e solta, ocorrem fenómenos que deixam as pessoas à procura de uma justificação. À falta de algo melhor ou mais consistente, serve essa do lado do carro e da proximidade do escape ou do amortecedor. Mas o que é certo é que os números são factos, neste caso as horas de constatação são incontestáveis, e é impossível declarar normais algumas ocorrências. Um caso em que o mesmo columbófilo encesta em mais do que uma colectividade é, por excelência, o ponto estratégico para observar esses fenómenos. Por certo todos sabem do que falo, e refiro-me, convém não esquecer, a manifestações esporádicas.

O drama é que depois o facto estranho e esporádico passa a ser a norma justificativa. Hoje estranho eu porque me dá jeito, na próxima fala o outro e calo eu pois, que diacho, é tão habitual eu ganhar...

É por isso que, ainda hoje, não é possível uma concertação de opiniões relativamente a um modelo de campeonato justo e abrangente.

Sendo verdade que a evolução verificada nos últimos 20 anos ao nível dos modelos competitivos nacionais e distritais se apoiou sobretudo no aproveitamento de novas tecnologias de informação e tratamento de dados, não é menos certo que os próprios columbófilos se perfilam na vanguarda da oposição a todos os novos conceitos e ideias, veja-se por exemplo, o que aconteceu com a experiência dos novos modelos de pontuação dos campeonatos gerais realizada há anos atrás.

Por aquilo que se conhece, um campeonato nacional de columbofilia dificilmente se poderia apurar sem recurso ao método de coeficientes, método esse que, afinal, é praticado também nos países ditos evoluídos da Columbofilia. Tem defeitos ? Claro que sim, e o mais falado é o impacto nas classificações quando existem casos de maior desnível na qualidade dos competidores.

Mas em que pode alguém basear-se para declarar que “fulano” é um boa-vista em terra de cegos, e não um mestre no meio de columbófilos competentes ? É só porque no primeiro caso é português e no segundo é holandês ?

Independentemente de tudo, o que me envergonha e entristece é o clima de desvalorização e descrença que se cria à volta dos resultados, cujo efeito prático só pode ser aquele que se conhece, ou seja, a falta de prestígio e credibilidade de columbófilos e pombos portugueses. É triste, mas não veremos tão cedo ser reconhecido internacionalmente o valor das prestações dos nossos pombos pois, num site anunciam-se os resultados, no do lado aparecem logo os “entendidos” a maldizer, a desvalorizar e até mesmo a desconfiar.

É assim nas colectividades, nos concelhios, nos distritais, nos nacionais, nas exposições, nos derbies, etc, etc, etc.. Ganham sempre os que não merecem...

Como todos, não gosto de perder nem a jogar à moedinha. Como dizia um amigo meu, nem é pelo dinheiro … é pela cara que um gajo fica quando vai pagar a rodada. Mas, uma coisa é eu não ficar contente quando perco, outra é o que se faz por aí. Apetece perguntar: Que mérito me atribuirão os outros quando eu, finalmente, ganhar esse título que sempre proclamei como “arranjado” à medida daqueles que o ganharam antes de mim ?

Os portugueses são, pelo que se conclui da proliferação dos inconfundíveis pontos de venda, bons clientes do artigo chinês.

Alguns columbófilos, porque são verdadeiramente bons e possuem pombos extraordinários, mereciam poder vender pombos aos chineses, o problema é que praticam a columbofilia em Portugal.

Obviamente não pertenço a essa elite de grandes columbófilos que muito admiro. Por isso não suspeitareis se eu pedir a todos que, durante o fantástico ano de 2014 que vos desejo, pensem um pouco neste problema.

 

luis silva 27/Dez/2013