OpiniãoVisitas: Contador de Visitas 
TRABALHAR 15 – DISTÂNCIAS E MITOS 18/09/2013

As distâncias constituem a unidade de medida utilizada para atribuir aos concursos o grau de dificuldade intrínseca. É o próprio regulamento dos campeonatos que as usa para separar o nível das provas e para as distribuir por velocidade, meio fundo, fundo e grande fundo, sendo consensual que, aumentando a distância, aumenta o esforço exigido aos nossos corredores.

Com todas as ressalvas e mais algumas, esta regra aplica-se aos outros desportos em que há percursos a cumprir, bem como uma outra, talvez ainda mais universal que é, independentemente dos metros ou dos quilómetros, ganhar competições é sempre muito e cada vez mais difícil.

Portugal é um país pequeno. Tão pequeno que, para cumprir as distâncias regulamentares, temos de soltar os nossos pombos no estrangeiro.

Quanto mais pequena é uma coisa, mais uniformidade ou maior homogeneidade se associa aquilo que dentro dela existe. Pois bem, no caso da Columbofilia nacional essa é uma premissa errada, e muitos de nós comentam ocorrências ou apresentam propostas que, não valorizando tal pormenor, jamais poderão ser justos – os comentários, ou exequíveis – as propostas.

Muito mais razoável do que através das distâncias, será aferir quão difícil foi um concurso pela quantidade de horas de voo.

Ainda mais razoável, ou mesmo quase infalível nessa “medição” é a quantidade de pombos que se perdem, até porque, há muito está provado que temos grandes pombos e grandes columbófilos em qualquer parte do país. Dir-se-á que a coordenação de soltas tem um papel fundamental nesse particular, e que a sua maior ou menor competência pode influenciar os números. Pois bem, o trabalho desenvolvido pela Associação de Aveiro ao nível das soltas não pode considerar-se pior que o das outras associações, e juntando tudo temos:

 

-        Pombos e columbófilos com a mesma qualidade dos outros;

-        Qualidade no transporte e cuidado nas soltas, pelo menos tão bom como os outros;

-        Tanto desgaste nas colónias, traduzido no extravio de pombos, como os outros;

 

… então porque é que, partindo apenas da comparação das tais distâncias,  há pessoas que se acham instruídas para comentar depreciativamente o grau de dificuldade das nossas provas, ou seja, por via indirecta e nem sempre inocente, colocar em dúvida o valor dos columbófilos e dos pombos de corrida do meu distrito ?

 

As últimas seis campanhas desportivas do distrito de Aveiro tiveram distâncias muito aproximadas. Escolhendo uma colectividade central em termos de distância, e de habitual destaque no que respeita a resultados desportivos – S. João da Madeira – verifica-se, pelos dados disponíveis no site da Associação, que os pombos vencedores das seis provas de fundo de cada campanha percorreram em 2008, 2009, 2010, 2011, 2012 e 2013, as distâncias de 3755, 3767, 3770, 3723, 3743 e 3738 Km, respectivamente.

Se esta colectividade vier a adoptar o calendário que a associação sugeriu para 2014, esse total diminuirá cerca de 6,6 % e ficará na casa dos 3500 Km.

De realçar agora que, contrariamente ao que se diz, Aveiro não excluiu o Alcoy do seu rol de soltas – considera-o prova facultativa e assume a sua realização havendo um mínimo viável de inscrições -  continuando assim a permitir aos columbófilos interessados o acesso ao campeonato nacional Maratona, em conjunto com o Barcelona (Igualada).

Assim, e embora a associação tenha para si – campeonatos distritais - adoptado um calendário teoricamente menos difícil, nada impede que os associados do nobre Centro Columbófilo de S. João da Madeira, bem como os concorrentes de qualquer outra colectividade do distrito, se achem com estofo para mais e, depois de o decidirem internamente, apresentem à distrital um pedido de homologação do seu campeonato geral em que a prova de La Gineta II é substituída pela de Alcoy, ganhando assim mais 150 Km no percurso total. Se a associação se declara disponível para avaliar todo e qualquer projecto competitivo, este será um caso que por certo irá merecer ponderação.

De referir ainda que, no cumprimento do estipulado no RDN, a ACD Aveiro permite o envio de 30 pombos às provas de fundo, mas compete a cada uma das suas filiadas – as 70 colectividades aveirenses - a decisão sobre a quantidade máxima de pombos que contam  para os seus campeonatos.

Isto é o que concluo na minha análise à muita informação disponível, e resulta muito diferente daquilo que outros, baseados em nada, tem afirmado.

Luis Silva

19/Set/2013