Cada vez tenho sentido menos vontade de responder às provocações perpetradas por gente que se diz da columbofilia, contra as pessoas que dela gostam. E os que dela gostam não são os que muito falam, mas sim os que lhe dedicam todo o seu tempo disponível, assumindo ainda responsabilidades e trabalhando nas colectividades, associações e federação, cometendo erros sim, mas apenas porque se disponibilizam para trabalhar e também porque, como pessoas normais, não são infalíveis.
Como eu, todos ou quase todos os columbófilos já interiorizaram essa realidade. Por isso o tal recalcitrante exercitosito de maldizentes aparenta cada vez maior inquietação. O tempo passa, ainda nada conseguiram construir que se veja, tudo aquilo em que se meteram deu em fiasco, as suas mentiras já não apanham incautos, ninguém lhes dá um sinal, mesmo pequeno, que lhes alimente o sonho de poderem um dia ser considerados uma alternativa, e pelos vistos, alguns espécimes da trupe, tem agora à perna aquilo que hipocritamente andaram a pedir para as vítimas das suas calúnias: a Justiça. A ela já não escapam, muito embora possam, tal como muitos bandalhos tem conseguido, evitar o pagamento das penas. Mas já não fugirão ao rótulo: ARGUIDOS.
Sem qualquer surpresa para mim, antes pelo contrário, vi uma medida do Estado ser transformada por alguns dos que andam nas pombas, em mais uma oportunidade de atacar a Federação e as Associações. Esta nova imposição de quem manda neste país, à semelhança de outras - como por exemplo aconteceu com as vacinas - está a constituir-se como espaço ideal para um ou outro dos famosos bôbos, e esparrela para colegas que até não desmerecem pelo menos uma parte da nossa consideração, mas que, muitas mais vezes do que seria desejável, se deixam levar pelo coração que parecem ter muito perto da boca, e produzem comentários públicos pouco abonatórios do conhecimento que imaginamos possuírem, pelo que deles já lemos ou ouvimos.
Ora eu, e a profissão que bem ou mal escolhi, temos indirecto mas próximo relacionamento com a tal medida do Estado que está a dar que falar, ou seja, a obrigatoriedade das entidades do sector não lucrativo passarem a apresentar Modelo 22 de IRC.
Fazer disto um drama é um tremendo exagero. Considerar que esta obrigação é factor condicionante do futuro de qualquer colectividade, soa, inconfundível, àquela habitual lengalenga dos coitadinhos que alguns columbófilos repetem sempre que algo de diferente lhes é pedido, ou exigido.
Aceito que se diga que a nossa federação poderia ter feito mais qualquer coisa. Nunca como dirigente da columbofilia senti que tudo estava feito, daí eu até admitir que alguns de nós se sintam insatisfeitos com a estrutura, por contarem com algo mais do que o aviso colocado na página da FPC, a poucos dias de terminar o prazo da obrigação. No entanto, não posso concordar com afirmações que declaram lógica, ou mesmo até legítima, uma intervenção da federação junto da autoridade tributária, negociando algo parecido a uma situação de excepção para as colectividades columbófilas. De resto, a Lei não foi feita apenas para os columbófilos, mas sim para um extenso universo de entidades, no qual se incluem todas as colectividades dedicadas ao desporto amador e à cultura, ou seja, algumas dezenas de milhar de “sujeitos passivos”.
Vejo os dirigentes dos ranchos folclóricos da minha terra, e também os directores dos pequenos clubes de outras modalidades desportivas, das associações Humanitárias e de apoio social sem fins lucrativos, trabalharem, tanto ou mais ainda que eu e os meus colegas das colectividades columbófilas. Problemas financeiros tem também eles, tanto ou mais do que nós. Amadores, são tanto ou mais do que nós. Não os vejo com melhores ou mais evoluídas estruturas administrativas relativamente a nós. Estão exactamente como nós perante a obrigação decretada pela autoridade tributária. O apoio das estruturas onde estão inseridos, quer a nível distrital ou nacional é, para esse efeito, nenhum, e falo com conhecimento de causa.
Qual é a diferença então ?
Porque é que, enquanto os columbófilos se lamentam, dizem mal da sua sorte e ameaçam fechar as portas das suas colectividades, os outros carolas continuam, sem vacilar, o seu percurso de serviço à comunidade, sem aparente preocupação com os fulanos das finanças ?
Em todas as instituições deste tipo, e por isso também nas colectividades columbófilas, existem empresários e comerciantes. Estes, por sua vez, pagam a alguém que lhes trata dos assuntos das finanças das suas empresas. Por força das circunstâncias, e muito mais agora no tempo em que estamos, nenhum contabilista está em condições de recusar a um cliente uma ou duas horas de trabalho por ano pago a “preço antigo” ou mesmo gratuito, e que é suficiente, no caso da maioria esmagadora das colectividades para o cumprimento da “complicada” obrigação de entregar o Modelo 22 de IRC.
Estando perante a situação das colectividades que auferem rendimentos extra actividade desportiva (rendas, bares abertos ao público, publicidade, etc), há que ter consciência que aí será necessário pagar algo, ou apenas um pouco mais ao dito contabilista, mas que diacho... essas já estavam, antes desta Lei, obrigadas a apresentar o papel.
Fazendo esta sugestão sinto-me obrigado a pedir “perdão” a alguns colegas de profissão. Aos columbófilos peço apenas uma mudança de atitude perante as dificuldades. E, porventura, ainda voltarei a este tema.
Luis Silva, 19 de Julho de 2012