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ESPECIALIDADES – 4 11/11/2011

Sinto que as discussões de temas importantes para a columbofilia terminam quase sempre inconclusivas. Com excepções que confirmam a regra, os assuntos são discutidos mas no fim prevalece a grande dificuldade em apresentar soluções de consenso, e por isso sustentáveis. Ora, se não evidenciam sustentabilidade, não é legítimo esperar que depois os dirigentes assumam ainda mais riscos, adoptando as medidas que logo na apresentação foram tão contestadas quanto apoiadas. Para pior já basta assim, pensarão os responsáveis.  

Não é necessário referir o que está à vista de todos os olhos, por exemplo no fórum.

Não há consenso relativamente a calendários, e para contrariar algumas teses, parece que a instabilidade é até maior nos distritos onde é da praxe as colectividades intervirem na sua feitura.

Não há consenso, imagine-se,  sobre a legitimidade de treinar pombos.

Não há forma de convencer os columbófilos que as especialidades constituiriam uma alternativa mais prática e económica ao actual modelo. Desde logo porque quem as defende não é capaz de apresentar um projecto completo para a sua implementação, mesmo a nível local.

No meu artigo Igualdade – V – Porque não ? - levanto aquela que, no meu entender de columbófilo é a verdadeira questão do momento. Face às condições e mentalidades existentes não é lógica, nem exequível, e nunca será justa a adopção a nível nacional de uma regulamentação única, aplicável a todas as colectividades e associações, muito menos se tal medida pretender apenas garantir a hipotética igualdade de condições de participação dos columbófilos nos campeonatos nacionais. A começar pelo facto, incontornável e indesmentível, de que no actual formato, os campeonatos nacionais não são coisa minimamente interessante, quanto mais prioritária, para oitenta por cento dos columbófilos portugueses, condicionar todos os níveis de competição aos nacionais será uma coisa hedionda. Quando refiro regulamentação competitiva única quero referir mais propriamente as questões associadas a quantidades de pombos, de concursos, de distâncias e de preços, as quais, em simultâneo, nunca ninguém conseguirá uniformizar. E não o conseguindo, o melhor é estar quieto, seja quem for, tenha o poder que tiver.

 

Fala-se em inquéritos. Antes de tudo há que ter em conta que a generalidade dos columbófilos desconhece em absoluto a realidade local e regional de outras zonas do país. Dou como exemplo um colega que no fórum defende uma colectividade por concelho. Independentemente do conhecimento que ele demonstra relativamente a outros assuntos, neste caso tenho, sem pretender desrespeitá-lo, de lhe dizer que no meu distrito existem pelo menos dois concelhos que, por si só, tem mais colectividades, columbófilos e pombos que muitos distritos. Pelo menos ele fica com mais este elemento de análise para futuro.

 

O colega Emílio Santos, que para além de emitir a sua opinião demonstra interesse em ouvir a dos outros – pormenor que só abona a favor dos seus conhecimentos e faz dele outra das boas aquisições do fórum nos últimos tempos - escreve no meu livro de visitas sobre o projecto que apresentei para especializações. Por acaso é um projecto exequível para grande parte das colectividades do meu distrito, como tive oportunidade de frisar. Sê-lo-á para todo o país ? Tenho muitas dúvidas que o seja, mesmo não se tratando de um projecto de especializações completo pois só prevê a categoria de velocidade. Entende o nosso colega, com toda a legitimidade, que ele é fraquinho porque iria ter pouca aderência face à distância de parte das provas que é de apenas 160 Km. Mas então se o que esteve em causa foi seguir os modelos estrangeiros que se consideram mais evoluídos e mais benéficos que os nossos, há que relembrar que os belgas fazem a velocidade a partir dos 80 Km. E se é para especializar em velocidade… Quanto a contornar o regulamento para que as colectividades possam aumentar as distâncias, o que posso dizer é que não é necessário. Basta que o projecto tenha o mínimo de credibilidade e utilidade pois, se assim for, a associação estará interessada em viabilizá-lo e concederá autorização. Se ele registar aderência e suficiente crescimento, será a própria associação que no ano seguinte o agarrará para si, permitindo quiçá esticá-lo a toda a sua área de jurisdição. Não esqueçamos que as associações são, apenas e só, um prolongamento das colectividades, e nunca deverão considerar-se como o seu inimigo.

Neste aspecto particular, que já entra na questão da autonomia das colectividades, há que ponderar muito bem tudo o que está envolvido pois, ser “amiga” delas não representa pura e simplesmente autorizar tudo o que elas pretendem fazer. A associação representa o conjunto das colectividades e existe para que elas funcionem dentro da harmonia possível, e como um todo. Nesse propósito há que saber avaliar quando os projectos de uma ou algumas dessas colectividades podem colocar em risco a existência das outras.

Terminando, volto à mensagem do nosso colega Emílio para o esclarecer sobre as questões de direito desportivo que lhe provocam dúvidas. A FPC, tendo adaptado os seus Estatutos ao formato preconizado na Lei de Bases da Actividade Física e Desportiva, é a única entidade reconhecida pelo Estado como tendo capacidade para reger a prática da modalidade em Portugal. Algumas pessoas tem tentado ao longo dos anos colocar em causa a autoridade inerente a essa realidade, mas não há, estou convicto, caminho para isso. Que continuam a fazer afirmações nesse sentido, nós sabemos que sim. Para já nada fizeram que demonstre viabilidade prática das suas “promessas”, e se não fizeram não foi certamente por falta de arcaboiço financeiro. Tire o caro colega as ilações que muito bem entender mas contra factos... e mais a mais, a columbofilia não precisa disso. Já de saber se os columbófilos querem os não as especialidades, aí sim, acho que precisa, mas faltam propostas lógicas, exequíveis, justas e apetecíveis.

Luis Silva – onze do onze do onze