IGUALDADE – IX – IGUALDADE INIMIGA DOS TREINOS ? |
09/11/2011 |
Nota – Sem prejuízo da autoridade que sobre o mesmo compete aos proprietários e administradores do portal, este espaço é por mim considerado privado e pertença minha, enquanto cidadão praticante de columbofilia. Dentro dele não abdico da minha autoridade de decidir quem pode ou não entrar, como se da minha casa se tratasse. Todas as mensagens que recebo para o livro de visitas estão sujeitas a esse direito que me assiste, e assim, por norma não permitirei a entrada de mensagens provenientes de pessoas com nome escondido, sobretudo quando o conteúdo dessas mensagens não for por mim considerado adequado. E esse conteúdo não é adequado quando, por exemplo, a mensagem estiver claramente dirigida ao titular de um qualquer cargo que eu possa estar a desempenhar, ou tenha desempenhado na estrutura columbófila, até porque, em todos os anos que levo ao serviço da columbofilia, nunca nessa qualidade voltei as costas a um columbófilo ou a uma colectividade que comigo tenha demonstrado intenção de dialogar. Convém ainda informar que, dentro da minha disponibilidade de tempo, tenho respondido a todos aqueles que concordando ou discordando dos meus pontos de vista de columbófilo, se deram ao trabalho de me contactar por mail, telefone ou outro meio. Quem me conhece sabe bem da minha predisposição e voluntariedade para a defesa da columbofilia nas “trincheiras”. Se a evolução do nosso desporto passa pelo diálogo e debate de ideias, que haja lealdade entre os intervenientes.
As minhas convicções relativamente à problemática dos “Treinos” foram mais ou menos relatadas na minha anterior publicação. O que temos visto no fórum sobre a limitação de pombos por equipa, no dizer de quem a defende, tem como objectivo a busca de maior igualdade entre os competidores. Ora eu não sou nem nunca fui contra a tal igualdade, apenas e só tenho apresentado desconfianças face às formas que me apontam como adequadas para a atingir, e desde logo demonstrei algo que ainda ninguém desmentiu, ou seja, as equipas de 120 pombos a disputar os campeonatos e a igualdade tem muito menos em comum do que parece, e no extremo, quando se coloca em dúvida a possibilidade de treinar pombos nos camiões da associação, tais limites e igualdade apresentam-se mesmo de candeias às avessas.
Tenho esta forma de abordar as questões que vão surgindo no horizonte da columbofilia, e a minha postura que pode ser considerada conservadora pelos colegas mais voltados para mudanças decorre, arrisco eu, da experiência. Não me queiram mal por isso, sobretudo os mais novos. Já fui mais novo e lembro-me muito bem de como todos os meus projectos me pareciam de fácil concretização. Também eu me manifestei muitas vezes e de muitas formas contra situações que me pareciam mal na columbofilia, e soube depois que em muitas ocasiões a razão não estava do meu lado. Levei algum tempo a perceber que as coisas da vida, mesmo as que nos parecem defeituosas, estão inseridas num todo, e que esse todo funciona com um mínimo de equilíbrio entre o bom, o sofrível e o menos bom. Costumo dar como exemplo o meu primeiro carro, carro velho nas mãos de um rapaz como são os outros rapazes. Desenrascou satisfatoriamente até ao momento em que decidi trocar um acessório qualquer, na perspectiva de melhorar algo no desempenho do bólide. Até o homem da oficina, talvez o único a lucrar com o suposto upgrade, torceu o nariz, mas perante tanta insistência de quem requisitava o serviço, fez o que lhe mandaram. Em poucas semanas os restantes periféricos do motor foram dando de si, uns atrás dos outros, até que, depois de ter gasto em reparações o equivalente a um carro novo, fiquei com um carro velho como já era antes, mas inoperacional e descaracterizado.
Quem defende as limitações aos recenseamentos, e até estabeleceu o número ideal de uma equipa de voadores para que se atinja a igualdade entre os columbófilos, ainda não conseguiu convencer-me e, pelo que se vê, também não conseguiu convence muitos outros colegas. Existe ainda muita pedra para partir, e muitos pormenores por clarificar, por exemplo, como devem os columbófilos proceder todas as semanas com os pombos não seleccionados por si para a sua equipa principal, no mínimo, noventa pares de asas com absoluta necessidade de exercício. Estamos, de novo, a falar de treinos.
Já ouvi falar em coisas como caixas à parte, camiões à parte, locais de solta à parte e horários de solta à parte. Falta saber se os adeptos dessas coisas também estarão à parte quando for necessário encestar à parte, carregar à parte, transportar à parte, coordenar as soltas e soltar, ou vão mesmo conseguir eles próprios colocar a máquina em movimento. Mais um calendário para aprovar, porventura mais uma linha de voo para escolher, mais quantidades para limitar, mais um monte de coisas esquisitas e complicadas a tratar com vista à preservação da ideia original – a igualdade - e depois se a coisa arrancasse, mais da inevitável desigualdade para resolver. Também ouvi dizer de soltar os da equipa principal, esperar, e depois soltar o resto... isso então é que deve ser um coisa porreira, com um pouco mais de imaginação e empenho até daria para organizar um contra-relógio.
Estamos num país livre, todos tem direito a opinião, por isso aí vai a minha: treinos das colectividades complementados com treinos nos camiões da associação constituem a oferta suficiente para todo o tipo de exigências. Grandes e pequenos, ricos e pobres, tem ao seu alcance e ao mesmo preço, meios para prepararem os seus pombos, em igualdade de condições, mesmo sendo implementado o tal limite ao recenseamento.
No dia em que alguém se lembrar de acabar com isto, só um número reduzido de columbófilos poderá treinar os seus pombos, e eu até conheço alguns que ficariam felicíssimos se isso acontecesse. Sabem porquê ? Porque estão equipados para colocar uma viatura própria e soltar ao mesmo tempo os seus pombos duzentos ou trezentos metros “ao lado” dos camiões da sua associação. E sabem que mais ? Nem sequer necessitam de autorização para o fazer pois a regulamentação existente não pode, ao que julgo saber, impedi-los. Em suma, quanto mais restrições e limitações, menos numerosos e mais fortes serão os “grandes”, mais abundantes e mais desarmados serão os “pequenos”.
Os pombos que cada columbófilo possui e que todas as semanas ficam fora da equipa que disputa os campeonatos devem treinar.
Quando os regulamentos o permitirem, porque também acho que na actual versão não permitem, a adopção do limite de pombos por equipa não torna desnecessário treinar pombos.
O meio mais adequado de treino que os columbófilos tem ao seu dispor, tendo em conta e em simultâneo os critérios de acessibilidade, segurança, economia e aproveitamento, são os treinos nos camiões da sua associação.
Ainda em aberto este tema.
Luis Silva, 09/Nov/2011
|