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IGUALDADE – VIII – TREINAR PARA QUÊ ? 07/11/2011

 É antes de mais o que importa concluir pois, ao que parece, começo a ficar com muitas dúvidas quanto a isso depois do aparecimento de columbófilos que se expressam como se treinar seja coisa acessória, talvez desnecessária, ou até mesmo ilícita.

Se por acaso – já falo assim – treinar for útil, então só existe uma forma de o fazer de modo a que determinados pressupostos sejam atingidos, e agora que cada um decida se esses pressupostos são ou não importantes.

 

-        Acessibilidade

-        Segurança

-        Economia

-        Aproveitamento

 

No meu conceito só um tipo de treinos garante o cumprimento de todos estes quatro quesitos ao mesmo tempo e no máximo das suas valências. Trata-se dos treinos efectuados nos camiões das associações.

 

ACESSIBILIDADE - No que respeita a acessibilidade ao serviço ela é total para todos os columbófilos do meu distrito, pois, ao que julgo saber, não existem colectividades que o tenham decretado interdito dentro dos seus muros. Se compararmos com os treinos organizados por colectividades, por exemplo, sabe-se que ainda são muitas as que não organizam treinos, logo, os seus associados estariam impedidos de realizar treinos colectivos se não pudessem recorrer ao envio de pombos a treino nas caixas da sua associação.

 

SEGURANÇA - A segurança a que me refiro tem a ver com a credibilidade de quem organiza e de quem vai soltar, ou seja, as primeiras coisas que são postas em causa pelos columbófilos quando algo corre fora do que pode considerar-se normal.  Estive envolvido na aquisição de viatura de treinos para uma colectividade e depois na organização e coordenação dos mesmos, pelo que, falo do que conheço, e já falei o suficiente.

 

ECONOMIA – Não existe nenhum método de treino mais económico que o camião da associação. Dependendo de cada colectividade ao estabelecer depois o preço a pagar pelos seus columbófilos, os 3,70 euros por pombo cobrados pela associação para 2  soltas de treino pré-campanha, 6 de velocidade e 6 de meio-fundo é um preço imbatível.

 

APROVEITAMENTO – Parto do princípio – meu princípio se quiserem - que as provas de velocidade são óptimas para treinar os pombos para meio-fundo, e que, formando conjunto com as de meio-fundo, são muito úteis para dar asa aos pombos de fundo. Entretanto, treinar em “ambiente real” deve ser muito mais rentável para o desenvolvimento das capacidades desportivas dos pombos. Por tudo isso eu, que tenho (?!?!) um recenseamento - ou equipa - limitado a 120 pombos, não encontro método ou tipo de treino mais proveitoso do  que este para, todos os fins de semana,  dar trabalho aos 90 pombos que ficam arredados da competição pelo regulamento de campeonatos em vigor.

 

Os treinos das colectividades são importantíssimos sob vários aspectos. Desde logo pelas distâncias mais curtas e datas em que por norma se realizam desde a abordagem à campanha desportiva. Constituem ferramentas de grande importância para a preparação dos pombos, e mesmo durante a campanha desportiva permitem aos columbófilos uma adaptação dos pombos mais novos à guerra que os espera, equivalendo à “recruta” dos jovens militares. Não são pois substituíveis pelos treinos nos carros da associação, mas também não pode considerar-se que os possam substituir.

 

Volto então ao mesmo. Será que as pessoas que nas últimas décadas estiveram à frente dos destinos das associações são um bando de gente desmiolada, irresponsável, interesseira, etc. etc. etc., e que por isso, apenas porque são gente má, decidiram dotar essas entidades de meios de transporte adequados às necessidades básicas dos seus columbófilos?

Parem com essas ideias mirabolantes de igualdade. Não citem o futebol pois ele dá-nos exactamente o exemplo da desigualdade extrema. Comecem por recordar os acontecimentos mais recentes, e dos famosos estatutos inventados para o futebol que fomos obrigados a gramar. Analisem e constatem que a columbofilia jamais existiria actualmente se nos últimos 30 anos tivéssemos tido apenas um ganhador, e mais dois que, de quando em vez, lhe fazem cócegas. Um único ganhador que se dá ao luxo, como tudo indica ser este ano o caso, de demonstrar desinteresse por ganhar. Que todas as semanas entra em campo com dezenas de jogadores, por si pagos, embora a alinhar em outras equipas que disputam o mesmo campeonato, e não com os onze que muitas vezes são invocados nas tais comparações. E os que lhe fazem cócegas também os tem, porque a lei lhes permite, mas de nada lhes tem servido tal aberrante benesse. Enfim... preservem, por favor preservem o nosso desporto.

Já agora, para quem não esteve lá, o Frampton foi simplesmente espectacular no sábado, e as “peças” que mexeram mesmo com o pavilhão Atlântico tem pelo menos a idade que eu tenho de columbófilo. Não acho que o ser velho seja motivo para ser considerado fora de moda. Na última intervenção eu tinha mostrado como já no tempo do Jorge Amado os moleques dedicavam músicas ao coiso que agora aparece massivamente publicitado, mesmo com o retrato do original (?),  nas páginas centrais de alguns periódicos.  

Fico por aqui hoje. Ainda falarei sobre equipas secundárias.

Luis Silva - 07/Nov/2011