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TRABALHAR - 9 – RAP SEM DJ EM 1983 20/12/2010

 JORNAL MUNDO COLUMBÓFILO Nº 607 de 31 de MAIO de 1983

Texto de ALBERTO ÁLVARO

 

DO PORTO PARA LISBOA AO AMÉRICO ESTEVES

“ELES” NÃO NOS PODEM COMPREENDER !...

Não podem!... Para isso, teriam que durante muitos anos (como nós) acompanhar minuto a minuto, desengano a desengano, angústia a angústia, a nossa vida, o nosso trabalho, o nosso (talvez) inglório esforço em prol da columbofilia!

“ELES” ao falarem do nosso desporto em modos de ternura, com gestos comoventes, com entusiasmo teatral e promessas em o bem servir são apenas os seus lábios que falam, pois o coração pouco ou nada sente…

Mostram-se sempre (na aparência claro está) homens capazes de modificar os nossos erros (por eles inventados) mas quando chamados a corrigi-los, a sua esperada negação é motivada pelo seu egoísmo e inutilidade. É que o seu vexame, o seu ódio, fruto da sua incompetência, são impotentes à nossa compreensão que mesmo perante tantas ofensas, tantos desenganos e injustiças, são motivos de um raiar de uma nova esperança para uma columbofilia maior!...

“ELES” gostam de falar do nosso desporto em termos empolados, traçando directrizes que, depois, os outros (nós incluídos) terão de cumprir e defender, para voltarem a serem criticados.

Apontam novos caminhos, novas ideias, com palavras, gestos e discursos inflamatórios que mais não são do que incentivos para impressionarem o auditório!

Aparecem quase sempre como as toupeiras que só procuram a noite mas estas, foi a Mãe natureza que as obrigam a tal…”ELES” às vezes os mais afoitos ou insensatos, aparecem de dia, em todos os lados, proclamando-se defensores de doutrinas e projectos quase só possíveis na sua louca imaginação, e – egoístas que são – incapazes de se envolverem no turbilhão da descrença e da desordem criados pelas suas próprias e inúteis divagações.

“ELES”, Américo Esteves, quando é necessário passar das palavras à acção, quando se torna inevitável provar na prática que as suas ideias são justas e construtivas, desaparecem como por artes mágicas!

São homens que sempre se negaram à luta de peito descoberto! É que a sua cobardia obriga-os a recuar sempre quando a luta é nas trincheiras, ou então de frente a frente, onde as batalhas perdidas ou ganhas são feitas com sacrifício, coragem e amor por uma causa…

Não, Américo Esteves, “ELES” não nos podem compreender!... A sua linguagem é diferente da nossa!... É uma linguagem de vaidades balofas, de orgulhos falsos que a realidade condenará cedo ou tarde.

Você Américo Esteves conhece a columbofilia como conhece as palmas das suas mãos!... Para isso, viveu muitos anos para ela! Viveu ? Vive ainda agora (como nós) ao recolher de novo ao anonimato com coração a sangrar vendo o seu trabalho insano desvirtuado por “ELES”, (destruído nunca) que, estupidamente julgam serem capazes da resolução dos problemas instantes que o nosso desporto é fértil, sem lhes dar primeiro o oxigénio que lhe possibilite a respiração tão necessária!...   

A columbofilia do nosso País, com alicerces tão sólidos para ser das maiores do mundo, tem sido uma vítima constante de tantos vendedores de ideias e elixires… para uso dos outros!

“ELES” – com os seus erros, só pretendem dar-lhes novos rumos que quer o passado quer o presente sempre condenaram!...

Mas no amanhã, quando a derrocada surgir, você não os encontrará! Estarão longe para depois terem o arrojo de afirmarem que em nada contribuíram para essa derrocada!

Mas, felismente Américo Esteves, o nosso desporto tem dentro dele forças milagrosas! Você, nós e outros mais… Possuindo a columbofilia meia dúzia de homens com a sua acção, a sua estirpe, tais homens são muito capazes (e acreditamos nisso…) de voltarem à luta para dar à columbofilia a força inquebrantável da sua idolatria por ela! Para isso, é necessário que tais homens trabalhem somente com os olhos fitos nos sagrados interesses do nosso desporto. É que para se salvar uma causa, uma obra digna, temos que nos esquecer de nós próprios, pois “ELES” já são há muito esquecidos por todos aqueles bons que andam nisto…

A grande família columbófila, terminará em breve por neutralizar a acção dissolvente e nefasta desses “salvadores” que aparecem em determinados momentos com ambições quiméricas de resolverem as situações, mas que o realismo da vida as sepultará à nascença!

Sabemos bem Américo Esteves que “ELES” não entendem também este nosso escrito que não mais é do que um desabafo… E não interessa porque também sabemos (e com satisfação) que “ELES” não são, nem nunca foram COLUMBOFILOS.

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Nunca tive oportunidade de estar perto do autor desta "carta" nem da pessoa a quem a dedica. Infelizmente, da boca destes históricos, nunca saberei das motivações, nem a quem se destina tão violento "recado". Tenho a certeza que não se escreve assim por escrever… e também que há coisas, boas e más, que nunca morrem ou acabam.

Com a devida autorização do Sr. Gustavo Moura transcrevi este documento, integralmente,  e aqui o deixo sem mais comentários, por agora.

Luis Silva – 21/DEZ/2010