Este tema, Pombos Jovens, está desde o seu primeiro capítulo destinado a tratar a problemática associada ao extravio de pombos. É enquanto jovens que os pombos mais contribuem para a lista dos perdidos e achados, e daí o cabeçalho.
Já lá vão três anos que “pendurei” este assunto. Desde lá e para melhor, nada de novo. Mantém-se o meu dilema: são maus cidadãos alguns achadores ou seres humanos irresponsáveis uns quantos proprietários ?
Recentemente fui notificado do “achamento” de um pombo meu. Trata-se, segundo o conceito de muitos colegas de um borracho, pois nasceu em 2009. Não regressou de uma prova realizada em Abril de 2010 e foi anunciado 6 meses depois, contribuindo para diminuir, embora muito ligeiramente, o saldo que levo entre os comunicados por mim, e os meus comunicados por outros. Já não falo do saldo entre pombos meus perdidos e pombos meus comunicados. Se eu acreditasse que todos fazem como eu digo que faço - e faço mesmo - sentir-me-ia responsável pelo sustento de um considerável bando de aves de rapina, tal a colecção de pombos meus cujo paradeiro desconheço. Como não acredito, sinto que estou na mesma a alimentar aves de rapina, mas portadoras de diferente bico.
A história desta comunicação será vulgar. Só que, por coincidência também recentemente, tive o prazer de ver no fórum do columbofilia.net umas quantas intervenções de gente muito respeitável que, como eu, está preocupada com esta coisa do extravio e recuperação de pombos. Para tentar ajudar na compreensão deste fenómeno, e contribuir para uma reflexão mais avisada, aqui vai:
- “Bom dia, estou a falar com o Sr. F ?”
- “Sim...diga”
- “O meu nome é Luis Silva e estou a ligar de Albergaria. É por causa de um pombo anunciado”
- “Ah, pois... eu estava para entrar em contacto consigo. Eu ainda não tive hipótese de o ir buscar pois ainda são muitos Km. Mas você tem aí o pombo há um ano ou mais não tem ?”
- “Ó Sr. F eu estou a ligar por causa de um pombo meu que o Sr. comunicou ...”
- “Aaahhhh... é que o meu também foi anunciado aí para os seus lados.”
- “Então, mas já agora, há quanto tempo tem aí o meu pombo ?”
- “Olhe não sei. Quando fui agora agarrar os pombos para recensear é que vi que estavam aqui uns 4 ou 5 que não são meus e comuniquei-os.”
- “O Sr. é columbófilo ?”
- “Sou. Fique descansado que o seu pombo tem sido bem tratado.”
- “Ele está habituado aí não está ? Está interessado em ficar com ele ?”
- “ Pois está habituado e voa com os meus há não sei quanto tempo. Anda tudo misturado e não me apercebi. Eu anuncio sempre os pombos que me aparecem, e não quero ficar com pombos que não são meus. Mas se você oferece eu aceito... até gosto dele...”
- “Vou tratar de lhe mandar já o título de propriedade para o Sr. poder ainda concursar com ele..."
- Obrigado... obrigado
Cumpri a promessa feita ao homem e o título mais o respectivo pedigree já seguiram em correio azul. A FPC foi também informada do meu procedimento.
Trata-se de uma história que, mais palavra menos palavra, retrata uma situação realmente vivida por mim. Retirar daqui o quê ?
1 – Enquanto proprietário de um pombo comunicado um columbófilo não cumpre o seu dever de, pelo menos, contactar o achador.
2- Ainda assim, “mete-se ao caminho” para pedir contas ao achador sobre a demora da comunicação, aproveitando desde logo o telefonema deste.
3- Afinal, na “pele” de achador é com a maior das naturalidades que afirma não ter dado pela presença de 4 ou 5 pombos estranhos no seu pombal durante meses a fio.
Se um mau achador não ajuda esta causa da recuperação, que dizer quando também assume a condição de mau proprietário.
Luis Silva – 09/Nov/2010