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TRABALHAR - 5 - ANALOGIAS 24/08/2009

 

Os noticiários de hoje, para além do destaque dado às desgraças humanas de todos os dias, “enxofraram-nos” com duas bisnagas categoricamente políticas:

            1- Houve melhoria da qualidade do ensino em Portugal, resultante de alegada diminuição dos índices de insucesso e de abandono escolar;

            2- O PR vetou uma lei que sendo aprovada, aproximaria a “união de facto” ao casamento em termos de direitos.

Para mim, cidadão casado desde 1987 com a mãe de todos os meus filhos e pai de dois irmãos legítimos que formam um par de estudantes, trata-se de duas tretas como todas as outras a que nos habituaram os estrategas do faz de conta, as quais se destinam a mexer uma campanha eleitoral amorfa, cujo calendário também não fomos convidados a estabelecer. Senão vejamos:

            - Como pode o ensino ter melhorado por cá, se no pretérito ano lectivo, e para além de todas as escolas que todos os anos fecham por isto e por aquilo, os professores andaram quase todo o resto do tempo ocupados a organizar manifestações, e a responder às reacções que estas não mereceram por parte da ministério ?

            - Quem são os homens e mulheres que são capazes de alienar a sua condição de seres humanos a ponto de considerarem, ou para si próprios aceitarem, que viver um casamento é uma coisa distinta de viver uma união de facto ?

Evidentemente que a farsa interpretada pelos nossos eleitos começa a ser, de dia para dia, algo tão banal como a bica depois do almoço. E já que falei nela, uns dias mais curta, outras mais mal tirada, ali a 55 cêntimos cada uma, na área de serviço da A não sei das quantas a 95 cêntimos (e sem barão), enfim, mais riso amarelo menos riso amarelo, lá vamos engolindo em seco as maravilhas deste fantástico país. 

Foi nele que alguém, provavelmente nomeado por quem está agora no poder, criou uma Lei para substituir a que outro alguém, certamente nomeado por quem estava no poder nessa altura, havia criado aqui há uns anos atrás. Diz quem assistiu que foi “de morrer” o debate entre ambos, quando chamados a pronunciarem-se sobre os seus “produtos” perante representantes dos destinatários. Mas que se “niquem” ambos porque, diz-se também, veio de lá tudo sem perceber nada.

O que já todos percebemos foi que, a trazer aqui toda este maldizente arrazoado, eu estou a voar fora da minha rota. Devia era estar a falar de Columbofilia pois, dela sabendo muito pouco ainda, conheço o suficiente para poder referir que a nova Lei de Bases vai obrigar a muito empenho por parte de todos. E será empenho extra porque o habitual trabalho do dia a dia vai continuar lá à espera dos tipos do costume.

Pelo menos, pelo menos, a nova e democrática Lei de Bases tem uma coisa boa. Os próximos titulares dos corpos sociais do nosso órgão máximo, a FPC,  terão limitação de mandatos e não poderão pertencer aos elencos responsáveis pelas suas Colectividades ou pelas suas Associações distritais. Com o excesso de oferta que a columbofilia tem de candidatos a dirigentes, esta é de facto uma das melhores coisas que poderia ter acontecido.

Só me intrigam uns pormenores, pequenos por sinal, sendo como sou da opinião que a Lei de Bases  da Actividade Física e do Desporto foi feita para o futebol, ou pelo menos a pensar nele e nos problemas sérios que o envolvem. É que a Federação Portuguesa de Futebol, mais uma vez, se auto promoveu a entidade acima da Lei, e marimbou-se para tudo e todos, não aprovando, dentro do prazo que a mesma Lei impunha, as alterações aos seus Estatutos. Se ouvi bem, foi isto que a comunicação social divulgou há pouco tempo. E se não interpretei mal, a sanção para os incumpridores seria a perda do estatuto de utilidade pública, e com ela, a competência inerente a única entidade representativa da modalidade (neste caso o futebol) perante o Estado.

Como em outras ocasiões, a Columbofilia correu para cumprir a Lei Portuguesa. Nos novos estatutos fomos obrigados a adaptar conceitos, criando, por exemplo, a figura dos formadores e dos árbitros. Por outro lado, o nosso Congresso obrigará no seu novo formato à deslocação de quase uma centena de pessoas, para não falar do que será necessário por no terreno para que as eleições de todos os delegados decorram, como se espera, dentro das normas previstas. Posto isto, o que vai acontecer ?

Porquê se calou a comunicação social sobre este assunto ?

Será que eu ouvi mal - ou apenas tive um pesadelo - e afinal o futebol aprovou as alterações aos seus estatutos dentro do prazo ?

Cheira-me que, no epílogo, o homem que fez a Lei se esqueceu mas foi de acautelar algo, e aquilo que todas as federações desportivas (excepto a do futebol e mais duas) interpretaram como suas obrigações claras e inequívocas, se transformarão em “conteúdo legal tóxico”, por qualquer vírgula impressa fora do lugar portuguesmente adequado. Por isso, eu que só andei à escola durante doze anos, nunca me atreverei a fazer uma lei, mesmo que me deixassem.

Luís Silva – 24/Ago/2009