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DANÇAS COM BURROS 01/07/2009

Kevin Costner teve um desempenho espectacular num filme chamado Danças com Lobos. Todos ouvimos falar dessa obra da sétima arte, e muitos de nós até assistiram  à sua exibição.

 

Há tempos, depois de o rever, dei comigo a pensar num outro filme em que os lobos seriam substituídos por burros.

Primeira conclusão: não teremos dinheiro, nem Costner, mas o resto arranja-se. Alguns até se fazem passar por isso, convictos que nós somos aquilo que eles querem parecer.

 

Temos também, na nossa cultura, uma série de ditados ou frases feitas que aludem a tais quadrúpedes, e qualquer um deles daria um bom título para o tal filme. Por exemplo:

 

a)- Não se compra o burro pela sua grande orelha;

b)- Vozes de burro não chegam ao céu;

c)- Quando um burro fala o outro baixa as orelhas;

d)- Um burro carregado de livros é um doutor;

e)- Quem tem burro e anda a pé, mais burro é;

f)- Não vale a pena lavar a testa a burros negros;

g)- A pensar morreu um burro;

h)- Mais vale burro vivo que sábio morto;

i)- Burro velho não aprende línguas, e;

j)- Dar com os burros na água.

 

Seria agora altura de engendrar o guião, se possível, baseado numa história ou acontecimento verídico. Ora busquemos.

 

Recentemente, alguém saiu pela enésima vez frustrado em mais uma incursão pelo infinito mundo da prestidigitação. Acerca do concurso de Barcelona 2009 prescreveu,  com base em coisa nenhuma,  uma prova normal de fundo para uns, e curriqueira, de grande fundo, para outros.

 

Ora, se bem me lembro, eu que já encesto pombos para Barcelona há para aí uns trinta anos, nenhuma vez este concurso teve a sua classificação encerrada com 20% de pombos chegados dentro do período de constatação (falo no meu distrito). Também recordo que, ao longo de todos estes anos, já se fizeram inúmeras experiências, experiências essas que muitos já esqueceram ou a elas não assistiram,  desde:

 

-        fazer a prova mais cedo no calendário;

-        soltar mais tarde em termos de horário para que os pombos fossem obrigados a pernoitar fora e, em teoria, evitar que voassem até à exaustão;

-        alterar o local de solta para o estádio Olímpico – a nascente da cidade mas numa ligeira elevação;

-        encurtar a distância soltando, como agora se faz, em Igualada.

 

Já esperei pombos de Barcelona com calor, com chuva, com vento a favor, com vento contra, e um ano, tive mesmo a suprema felicidade de assistir à chegada de dois atletas meus no próprio dia da solta.

Em 2009, como sempre, não houve providência, e os 20 % dentro do período de controle foram objectivo não atingido no meu distrito. Para não variar, uma prova normalmente anormal. 

Agora, podemos sempre aumentar a coisa de curta para longa metragem, fazendo as inúmeras combinações que são possíveis. Mais cedo com chuva, mais cedo com calor, mais cedo com providência, mais tarde sem providência, mais longe e mais cedo, mais perto e noutra época, enfim, o que interessa é fazer filme. Havendo filme, haverá título.

 

Por mim escolho o da alínea j). Primeiro porque os columbófilos não são burros, e depois porque fico desobrigado de colocar nas legendas que qualquer semelhança com pessoas ou factos é mera coincidência.

Luis Silva - 30/Junho/2009